A balada da água do mar

O mar sorri ao longe. Dentes de espuma, lábios de céu.

– Que vendes, ó jovem turva, com os seios ao ar?

– Vendo, senhor, a água dos mares.

– Que levas, ó negro jovem, mesclado com teu sangue?

– Levo, senhor, a água dos mares.

– Essas lágrimas salobres de onde vêm, mãe?

– Choro, senhor, a água dos mares.

– Coração, e esta amargura séria, onde nasce?

– Amarga muito a água dos mares!

O mar sorri ao longe. Dentes de espuma, lábios de céu.


Federico García Lorca