A balada da água do mar
O mar sorri ao longe. Dentes de espuma, lábios de céu.
– Que vendes, ó jovem turva, com os seios ao ar?
– Vendo, senhor, a água dos mares.
– Que levas, ó negro jovem, mesclado com teu sangue?
– Levo, senhor, a água dos mares.
– Essas lágrimas salobres de onde vêm, mãe?
– Choro, senhor, a água dos mares.
– Coração, e esta amargura séria, onde nasce?
– Amarga muito a água dos mares!
O mar sorri ao longe. Dentes de espuma, lábios de céu.