A Demora O amor nos condena: demoras mesmo quando chegas antes. Porque não é no tempo que eu te espero.
Espero-te antes de haver vida e és tu quem faz nascer os dias.
Quando chegas já não sou senão saudade e as flores tombam-me dos braços para dar cor ao chão em que te ergues.
Perdido o lugar em que te aguardo, só me resta água no lábio para aplacar a tua sede.
Envelhecida a palavra, tomo a lua por minha boca e a noite, já sem voz se vai despindo em ti.
O teu vestido tomba e é uma nuvem. O teu corpo se deita no meu, um rio se vai aguando até ser mar.
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