Aqui eu te amo.
Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento. Fosforesce a lua sobre as águas errantes. Andam dias iguais a perseguir-se.
Define-se a névoa em dançantes figuras. Uma gaivota de prata se desprende do ocaso. Às vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.
Ou a cruz negra de um barco. Só. Às vezes amanheço, e minha alma está úmida. Soa, ressoa o mar distante. Isto é um porto. Aqui eu te amo.
Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte. Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas. Às vezes vão meus beijos nesses barcos solenes, que correm pelo mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velhas âncoras. São mais tristes os portos ao atracar da tarde. Cansa-se minha vida inutilmente faminta… Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos. Mas a noite enche e começa a cantar-me. A lua faz girar sua arruela de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores. E como eu te amo, os pinheiros no vento, querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.
Pablo Neruda
Outras frases de Pablo Neruda
+ A Dança/ Soneto XVII Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo: amo-te como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma. Te amo como a planta que não floresce e leva dentro de si, oculta a luz daquelas flores, e graças a teu amor vive escuro em meu corpo o apertado aroma que ascendeu da terra. Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira, senão assim deste modo em que não sou nem és tão perto que tua mão sobre meu peito é minha tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho. - Pablo Neruda
+ Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos, já não se adoçará junto a ti a minha dor. Mas para onde vá levarei o teu olhar e para onde caminhes levarás a minha dor. Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos uma curva na rota por onde o amor passou. Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame, daquele que corte na tua chácara o que semeei eu. Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste. Venho dos teus braços. Não sei para onde vou. ...Do teu coração me diz adeus uma criança. E eu lhe digo adeus. - Pablo Neruda
+ Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. - Pablo Neruda
+ E desde então, sou porque tu és E desde então és sou e somos... E por amor Serei... Serás... Seremos... - Pablo Neruda
+ Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira. - Pablo Neruda