Carta

Há muito tempo, sim, que não te escrevo. Ficaram velhas todas as noticias. Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo, estes sinais em mim, não das carícias (tão leves) que fazias no meu rosto: são galopes, são espinhos, são lembranças da vida a teu menino, que ao sol-posto perde a sabedoria das crianças. A falta que me fazes não é tanto à hora de dormir, quando dizias “Deus te abençoe”, e a noite abria em sonho. É quando, ao desperta, revejo a um conto a noite acumulada de meus dias, e sinto que estou vivo, e que não sonho. (Lições de coisas)


Carlos Drummond De Andrade

Outras frases de Carlos Drummond de Andrade

+ Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar. - Carlos Drummond De Andrade

+ Memória Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão. - Carlos Drummond De Andrade

+ A ignorância, a cobiça e a má-fé também elegem seus representantes políticos. - Carlos Drummond De Andrade

+ Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante. - Carlos Drummond De Andrade

+ A minha vontade é forte, porém minha disposição de obedecer-lhe é fraca. - Carlos Drummond De Andrade

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