Chama e fumo

Amor - chama, e, depois, fumaça… Medita no que vais fazer: O fumo vem, a chama passa…

Gozo cruel, ventura escassa, Dono do meu e do teu ser, Amor - chama, e, depois, fumaça…

Tanto ele queima! e, por desgraça, Queimado o que melhor houver, O fumo vem, a chama passa…

Paixão puríssima ou devassa, Triste ou feliz, pena ou prazer, Amor - chama, e, depois, fumaça…

A cada par que a aurora enlaça, Como é pungente o entardecer! O fumo vem, a chama passa…

Antes, todo ele é gosto e graça. Amor, fogueira linda a arder! Amor - chama, e, depois, fumaça…

Portanto, mal se satisfaça (Como te poderei dizer?…) O fumo vem, a chama passa…

A chama queima. O fumo embaça. Tão triste que é! Mas…tem de ser… Amor?…- chama, e, depois, fumaça: O fumo vem, a chama passa.


Manuel Bandeira

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+ O Bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. - Manuel Bandeira

+ Vivo nas estrelas porque é lá que brilha a minha alma. - Manuel Bandeira

+ Irene no Céu Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor. Imagino Irene entrando no céu: - Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: - Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. - Manuel Bandeira

+ Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples. - Manuel Bandeira

+ Neologismo Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo: Teadoro, Teodora. - Manuel Bandeira

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