DIZERES ÍNTIMOS

É tão triste morrer na minha idade! E vou ver os meus olhos, penitentes Vestidinhos de roxo, como crentes Do soturno convento da Saudade!

E logo vou olhar (com que ansiedade! … ) As minhas mãos esguias, languescentes, De brancos dedos, uns bebés doentes Que hão-de morrer em plena mocidade!

E ser-se novo é ter-se o Paraíso, É ter-se a estrada larga, ao sol, florida, Aonde tudo é luz e graça e riso!

E os meus vinte e três anos… (Sou tão nova! ) Dizem baixinho a rir: “Que linda a vida! … ” Responde a minha Dor: “Que linda a cova! … ”


Florbela Espanca

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+ E se um dia hei de ser pó, cinza e nada, que seja minha noite uma alvorada, que eu saiba me perder para me encontrar... - Florbela Espanca

+ Trago no olhar visões extraordinárias, de coisas que abracei de olhos fechados... - Florbela Espanca

+ Nunca fui como todos Nunca tive muitos amigos Nunca fui favorita Nunca fui o que meus pais queriam Nunca tive alguém que amasse Mas tive somente a mim A minha absoluta verdade Meu verdadeiro pensamento O meu conforto nas horas de sofrimento não vivo sozinha porque gosto e sim porque aprendi a ser só... - Florbela Espanca

+ Sou talvez a visão que alguém sonhou Alguém que veio ao mundo prá me ver E que nunca na vida me encontrou - Florbela Espanca

+ A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente. - Florbela Espanca

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