Epigrama
Narciso,foste caluniado pelos homens, por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor, a desfeita grinalda do teu sorriso.
Narciso, eu sei que não sorrias para o teu vulto, dentro da onda: sorrias para a onda, apenas, que enlouquecera, e que sonhava gerar no ritmo do seu corpo, ermo e indeciso,
a estátua de cristal que, sobre a tarde, a contemplava, florindo-a para sempre, com o seu efêmero sorriso…