ESPELHO CEGO

Onde a face de prata e cristal puro, e aquela deslumbrante exatidão que revela o mais breve aceno obscuro

e o compasso das lágrimas, e a seta que de repente galga os céus do olhar e em margens sobre-humanas se projeta?

Onde as auroras? Onde, os labirintos,

  • e o frêmito, que rasga o peso ao mar,
  • e as grutas, de áureos lustres e aéreos plintos?

Ah, - que fazes do rosto que te entrego?

  • Musgos imóveis sobre a sua luz… Limos…Liquens - Opaco espelho cego!


Cecília Meireles

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