Eu sou o medo da lucidez. Choveu na palavra onde eu estava. Eu via a natureza como quem a veste. Eu me fechava com espumas. Formigas vesúvias dormiam por baixo de trampas. Peguei umas ideias com as mãos - como a peixes. Nem era muito que eu me arrumasse por versos. Aquele arame do horizonte que separava o morro do céu estava rubro. Um rengo estacionou entre duas frases. Um descor Quase uma ilação do branco. Tinha um palor atormentado a hora. O pato dejetava liquidamente ali.
Manoel De Barros
Outras frases de Manoel de Barros
+ Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. - Manoel De Barros
+ A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio. Falava que os vazios são maiores e até infinitos. - Manoel De Barros
+ Sou livre para o silêncio das formas e das cores. - Manoel De Barros
+ Tentei descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas. Consegui não descobrir. - Manoel De Barros
+ Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas. E me encantei. - Manoel De Barros