Não há nada melhor para uma alma do que tornar menos triste outra alma.


Paul Verlaine

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+ O amor por terra O vento derrubou ontem à noite o Amor Que, no recanto mais secreto do jardim, Sorria retesando o arco maligno, e assim Tanta coisa nos fez todo um dia supor! O vento o derrubou ontem à noite. À aragem Da manhã gira, esparso, o mármore alvo. E à vista É triste o pedestal, onde o nome do artista Já mal se pode ler à sombra da ramagem. É triste ver ali de pé o pedestal Sozinho! e pensamentos graves vêm e vão No meu sonho em que a mais profunda comoção Imagina um porvir solitário e fatal É triste! – E tu, não é?, ficas emocionada Ante o quadro dolente, embora olhando à toa A borboleta de oiro e púrpura que voa Sobre os destroços de que a aléa está juncada. - Paul Verlaine

+ Se esses ontens fossem devorar os nossos belos amanhãs? - Paul Verlaine

+ CANÇÃO DO OUTONO Os soluços graves Dos violinos suaves Do outono Ferem a minh'alma Num langor de calma E sono. Sufocado, em ânsia, Ai! quando à distância Soa a hora, Meu peito magoado Relembra o passado E chora. Daqui, dali, pelo Vento em atropelo Seguido, Vou de porta em porta, Como a folha morta Batido... - Paul Verlaine

+ Música antes de mais nada. - Paul Verlaine

+ Meu sonho familiar Sonho às vezes o sonho estranho e persistente De não sei que mulher que eu quero e que me quer, E que nunca é, de fato, uma única mulher E nem outra, de fato, e me compreende e sente. Compreende-me, e este meu coração, transparente Para ela, não é mais um problema qualquer, Só para ela, o meu suor de angústia, se quiser, Chorando, ela transforma em frescura envolvente. Se é morena, ou se loura, ou se ruiva – eu ignoro. Seu nome? É como o nome ideal, doce e sonoro, Dos amados que a vida exilou para além. Seu olhar lembra o olhar de alguma estátua antiga, E sua voz longínqua, e calma, e grave, tem Certa inflexão de emudecida voz amiga. - Paul Verlaine

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