Nosso sonho morreu. Devagarinho, Rezemos uma prece doce e triste Por alma desse sonho! Vá… baixinho… Por esse sonho, amor, que não existe!

Vamos encher-lhe o seu caixão dolente De roxas violetas; triste cor! Triste como ele, nascido ao sol poente, O nosso sonho… ai!… reza baixo… amor…

Foste tu que o mataste! E foi sorrindo, Foi sorrindo e cantando alegremente, Que tu mataste o nosso sonho lindo!

Nosso sonho morreu… Reza mansinho… Ai, talvez que rezando, docemente, O nosso sonho acorde… mais baixinho…

+ A ironia é a expressão mais perfeita do pensamento. - Florbela Espanca

+ A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente. - Florbela Espanca

+ Amo-te tanto. E nunca te beijei... E nesse beijo, amor, que eu não te dei, guardo os versos mais lindos que te fiz. - Florbela Espanca

+ O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê! - Florbela Espanca

+ Amar! Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente!... Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma Primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar... - Florbela Espanca