O BEIJO E A LÁGRIMA
Quero um beijo, pediu ela.
Um sismo abalou o peito dele. E devotou o calor de lava dos seus lábios, entontecida água na cascata.
Entusiamado, ele se preparou para, de novo, duplicar o corpo e regressar à vertigem do beijo.
Mas ela o fez parar.
Só queria um beijo. Um único beijo para chorar.
Há anos que não pranteava. E a sua alma se convertia em areia do deserto.
Encantada, ela no dedo recolheu a lágrima. E se repetiu o gesto com que Deus criou o Oceano.