O Mapa
Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo…
(E nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei…
Há tanta esquina esquisita, Tanta nuança de paredes, Há tanta moça bonita Nas ruas que não andei (E há uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei…)
Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar Pareça mais um olhar, Suave mistério amoroso, Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso…
Mario Quintana
Outras frases de Mario Quintana
+ Verbetes Infância - A vida em tecnicolor. Velhice - A vida em preto-e-branco. - Mario Quintana
+ Vida Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia. ( in: Caderno H, (1945-1973), Porto Alegre: Editora Globo, 1973.) - Mario Quintana
+ Y Fase do encantamento - É quando o romantismo esta à flor da pele. A admiração é muito grande (o máximo), a sensação dos recém casados é uma delícia. - Mario Quintana
+ Viajar é mudar o cenário da solidão. - Mario Quintana
+ Voa um par de andorinhas, fazendo verão. E vem uma vontade de rasgar velhas cartas, velhos poemas, velhas cartas recebidas. Vontade de mudar de camisa, por fora e por dentro... Vontade... para que esse pudor de certas palavras?... Vontade de amar, simplesmente. - Mario Quintana