Para onde vai a minha vida, e quem a leva? Por que faço eu sempre o que não queria? Que destino contínuo se passa em mim na treva? Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia?

O meu destino tem um sentido e tem um jeito, A minha vida segue uma rota e uma escala Mas o consciente de mim é o esboço imperfeito Daquilo que faço e sou: não me iguala

Não me compreendo nem no que, compreeendendo, faço. Não atinjo o fim ao que faço pensando num fim. É diferente do que é o prazer ou a dor que abraço. Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim.

Quem sou, senhor, na tua treva e no teu fumo? Além da minha alma, que outra alma há na minha? Por que me destes o sentimento de um rumo, Se o rumo que busco não busco, se em mim nada caminha

Senão com um uso não meu dos meus passos, senão Com um destino escondido de mim nos meus atos? Para que sou consciente se a consciência é uma ilusão? Que sou entre quê e os fatos?

Fechai-me os olhos, toldai-me a vista da alma! Ó ilusões! Se eu nada sei de mim e da vida, Ao menos eu goze esse nada, sem fé, mas com calma, Ao menos durma viver, como uma praia esquecida…"

Fernando Pessoa


Fernando Pessoa

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+ Viver não é necessário. Necessário é criar. - Fernando Pessoa

+ vivo por que vivo, mas com a certeza que amanha sera um dia melhor - Fernando Pessoa

+ Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir — é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida. Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada nova madrugada, numa revirgindade perpétua da emoção — isto, e só isto, vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos. - Fernando Pessoa

+ Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. - Fernando Pessoa

+ ⁠Vivem em nós inúmeros - Fernando Pessoa

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