Posso falar de morte enquanto vivo? Posso ganir de fome imaginada? Posso lutar nos versos escondido? Posso fingir de tudo, sendo nada?
Posso tirar verdades de mentiras, Ou inundar de fontes um deserto? Posso mudar de cordas e de liras, E fazer de má noite sol aberto?
Se tudo a vãs palavras se reduz E com elas me tapo a retirada, Do poleiro da sombra nego a luz Como a canção se nega embalsamada.
Olhos de vidro e asas prisioneiras, Fiquei-me pelo gosto de palavras Como rasto das coisas verdadeiras.