Recordação
Agora, o cheiro áspero das flores leva-me os olhos por dentro de suas pétalas.
Eram assim teus cabelos; tuas pestanas eram assim, finas e curvas.
As pedras limosas, por onde a tarde ia aderindo, tinham a mesma exaltação de água secreta, de talos molhados, de pólen, de sepulcro e de ressurreição.
E as borboletas sem voz dançavam assim veludosamente.
Restitui-te na minha memória, por dentro das flores! Deixa virem teus olhos, como besouros de ónix, tua boca de malmequer orvalhado, e aquelas tuas mãos dos inconsoláveis mistérios, com suas estrelas e cruzes, e muitas coisas tão estranhamente escritas nas suas nervuras nítidas de folha,
- e incompreensíveis, incompreensíveis.