SER POETA

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim… é condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente… É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

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PERDIDAMENTE

“Eu quero amar, Amar perdidamente! Amar só por amar: aqui… Além… Mais este e aquele, o outro e a toda gente… Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente!… Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disse que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar. E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que eu saiba me perder… Para me encontrar…”

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POETAS

Ai as almas dos poetas Não as entende ninguém; São almas de violetas Que são poetas também.

Andam perdidas na vida, Como as estrelas no ar; Sentem o vento gemer Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito Dores amargas e secretas É que em noites de luar Pode entender por poetas

E eu arrasto amarguras Que nunca arrastou ninguém Tenho alma para sentir A dos poetas também!

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VOZ QUE SE CALA

Amo as pedras, os astros e o luar Que beija as ervas do atalho escuro, Amo as águas de anil e o doce olhar Dos animais, divinamente puro.

Amo a hera que entende a voz do muro E dos sapos, o brando tilintar De cristais que se afagam devagar, E da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam De corações que sentem e não falam, Tudo o que é Infinito e pequenino!

Asa que nos protege a todos nós! Soluço imenso, eterno, que é a voz Do nosso grande e mísero Destino!…

“Há uma primavera em cada vida é preciso cantá-la assim florida.”

Quem disser que pode amar alguém pela vida inteira é porque mente".

“O meu mundo não é como o dos outros, Quero demais, exijo demais, Há em mim uma sede de infinito, Uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, Pois estou longe de ser uma pessimista; Sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada. Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… Sei lá de quê!”


Florbela Espanca

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+ Sou talvez a visão que alguém sonhou Alguém que veio ao mundo prá me ver E que nunca na vida me encontrou - Florbela Espanca

+ Amar! Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente!... Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma Primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar... - Florbela Espanca

+ Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! - Florbela Espanca

+ Amo-te tanto. E nunca te beijei... E nesse beijo, amor, que eu não te dei, guardo os versos mais lindos que te fiz. - Florbela Espanca

+ Trago no olhar visões extraordinárias, de coisas que abracei de olhos fechados... - Florbela Espanca

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