UM CONTO ZEN - OS DOIS MENINOS Osho
Havia dois mosteiros vizinhos cujos mestres tinham meninos de recados. Os dois meninos costumavam ir ao mercado, buscar legumes ou outras coisas para os mestres.
Esses mosteiros eram antagônicos entre si, mas meninos são meninos. Esqueciam-se de suas doutrinas e encontravam-se no caminho para conversar e se divertir juntos. Estavam proibidos de conversar, pois os mosteiros eram inimigos.
Um dia, o menino do primeiro mosteiro disse a seu mestre:
“Estou confuso; estava indo ao mercado quando vi o menino do outro mosteiro e lhe perguntei: Aonde você está indo? Ele me respondeu: Para onde o vento soprar. Fiquei sem saber o que dizer; ele me confundiu.”
O mestre então disse:
“Ninguém do nosso mosteiro foi alguma vez derrotado por alguém do outro, nem mesmo um empregado; portanto você tem de acertar as contas com esse menino. Amanhã pergunte novamente aonde ele está indo. Quando ele disser: Para onde o vento soprar, você dirá: E se não tiver vento?”
O menino não conseguiu dormir a noite toda, pensando no que aconteceria no dia seguinte. Ficou ensaiando muitas vezes como falaria com o outro garoto.
No dia seguinte esperou à beira da estrada e quando o outro menino chegou, ele logo lhe perguntou:
“Aonde você está indo?”
O garoto respondeu: “Aonde meus pés me levarem.”
O primeiro menino ficou novamente sem saber o que dizer. Sua resposta estava preparada. Mas a realidade é imprevisível. Ele voltou muito triste e disse ao mestre:
“Aquele menino não é digno de confiança. Ele mudou e eu fiquei sem saber o que fazer.”
Então o mestre disse: “Da próxima vez quando ele responder : Aonde meus pés me levarem você dirá: E se você ficar aleijado, ou se suas pernas forem cortadas?”
Novamente o menino não pôde dormir. De manhã cedo, foi esperar o outro na estrada. Quando ele chegou, o primeiro perguntou:
“Aonde você está indo?”
E o menino respondeu: “Buscar legumes no mercado.”
O primeiro menino ficou atrapalhado e foi dizer ao mestre:
“Esse menino é impossível! Está sempre mudando!”
A vida é aquele menino. A realidade não é um fenômeno fixo. Você tem de estar presente nela espontaneamente, só então a resposta será real. Se sua resposta é preparada de antemão, você já está morto.
Então virá o amanhã, mas você não existirá mais. Estará preso no ontem, no que passou.
Todas as mente muito verbais são fixas. (…)
Essa é a diferença entre um homem de sabedoria e um homem de conhecimento.
O homem de conhecimento tem respostas prontas - você pergunta a resposta já está lá. (…)
Se você vai a um homem de sabedoria ele não tem respostas para você.
Não tem nada pronto. Ele está aberto; é silencioso.
Ele responderá mas primeiro sua pergunta irá ressonar no seu Ser e não na sua memória. Ninguém pode predizer qual será sua resposta.
OSHO em Raízes e Asas