Frases de Adélia Prado

+ De onde vens, graça que me perdoa desta tristeza, desta nódoa na roupa, da pele rachada em bolhas. De onde vens, certeza de que um pouco mais de açúcar não fará a ninguém? - Adélia Prado

+ A Treva Me escolhem os claros do sono engastados na madrugada, a hora do Getsêmani. São cruas claras visões às vezes pacificadas, às vezes o terror puro sem o suporte dos ossos, que o dia pleno me dá. A alma desce aos infernos, a morte tem seu festim. Até que todos despertem e eu mesma possa dormir, o demônio come a seu gosto, o que não é Deus pasta em mim. Texto extraído do livro "Figuras do Brasil 80 Autores em 80 Anos de Folha", Editora PUBLIFOLHA - folha de São Paulo,27/6/1982, pág. 232. - Adélia Prado

+ "A liturgia, O ícone, O monacato. Descobri que eu sou Russa." _ (PRADO, Adélia. "A Convertida" In Poesia Reunida, pg. 365 (Ed. Record - 2015) - Adélia Prado

+ A invenção de um modo Entre paciência e fama quero as duas, pra envelhecer vergada de motivos. Imito o andar das velhas de cadeiras duras e se me surpreendem, explico cheia de verdade: tô ensaiando. Ninguém acredita e eu ganho uma hora de juventude. Quis fazer uma saia longa pra ficar em casa, a menina disse: "Ora, isso é pras mulheres de São Paulo" Fico entre montanhas, entre guarda e vã, entre branco e branco, lentes pra proteger de reverberações. Explicação é para o corpo do morto, de sua alma eu sei. Estátua na Igreja e Praça quero extremada as duas. Por isso é que eu prevarico e me apanham chorando, vendo televisão, ou tirando sorte com quem vou casar. Porque que tudo que invento já foi dito nos dois livros que eu li: as escrituras de Deus, as escrituras de João. Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão. - Adélia Prado

+ A CASA É um chalé com alpendre, forrado de hera. Na sala, tem uma gravura de Natal com neve. Não tem lugar pra esta casa em ruas que se conhecem. Mas afirmo que tem janelas, claridade de lâmpada atravessando o vidro, um noivo que ronda a casa — esta que parece sombria — e uma noiva lá dentro que sou eu. É uma casa de esquina, indestrutível. Moro nela quando lembro, quando quero acendo o fogo, as torneiras jorram, eu fico esperando o noivo, na minha casa aquecida. Não fica em bairro esta casa infensa à demolição. Fica num modo tristonho de certos entardeceres, quando o que um corpo deseja é outro corpo pra escavar. Uma ideia de exílio e túnel. (Extraído do livro em PDF: O coração disparado [recurso eletrônico] / Adélia Prado. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2013. recurso digital – Página 10) - Adélia Prado

+ [...] "Ó pai, duro é este discurso, quem poderá entendê-lo?" Se abrisse um sol sobre este dia incômodo, eu rapava com enxada os excrementos, punha fogo no lixo e demarcava mais fácil os contornos da vida [...] (Poema 'discurso') - Adélia Prado

+ [...] É uma casa de esquina, indestrutível. Moro nela quando me lembro, quando quero acendo o fogo, as torneiras jorram, eu fico esperando o noivo,na minha casa aquecida. Não fica em bairro esta casa infensa à demolição. Fica num modo tristonho de certos entardeceres, quando o que um corpo deseja é outro corpo para escavar. Um ideia de exílio e túnel. (Poema 'a casa') - Adélia Prado

+ O que a memória ama fica eterno. - Adélia Prado