Frases de Adélia Prado

+ Quero comer bolo de noiva, puro açúcar, puro amor carnal disfarçado de corações e sininhos: um branco, outro cor-de-rosa, um branco, outro cor-de-rosa. - Adélia Prado

+ Faça-se a dura vontade do que habita meu peito: Vem, Jonathan, traz flores pra minha mãe e um par de algemas pra mim. - Adélia Prado

+ Eu acho que Deus é uma projeção humana, é um desejo infinito que nós temos de adoração, e de algo que nos suspende com o sentido absoluto. - Adélia Prado

+ As sensibilidades sem governo. - Adélia Prado

+ Um corpo quer outro corpo. Uma alma quer outra alma e seu corpo. - Adélia Prado

+ .Meu coração vai desdobrando os panos, se alargando aquecido, dando a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho. - Adélia Prado

+ Aqui é dor, aqui é amor, aqui é amor e dor: onde um homem projeta seu perfil e pergunta atônito: em que direção se vai? - Adélia Prado

+ "Sofro por causa do meu espírito de colecionador-arqueólogo. Quero pôr o bonito numa caixa com chave para abrir de vez em quando e olhar." - Adélia Prado

+ “Estou com saudade de Deus, uma saudade tão funda que me seca”. ( do livro "O coração disparado", em "Poesia reunida". 10ª ed., São Paulo: Siciliano, 2001, p. 213.) - Adélia Prado

+ Esconder-se no porão, de vez em quando, é necessidade vital. Precisamos de silêncio e solidão, e, não, apenas os poetas. Senão, corremos o perigo de nos esvairmos em som, fúria e esterilidade. O campo para que a palavra se instale para o autor e para o leitor é o campo do silêncio e da audição. (Em jornal 'O Tempo', 16 de outubro de 2010) - Adélia Prado

+ É verdade, experimento o ruim e acho que o mundo desabou. - Adélia Prado

+ Eu te amo, homem, hoje como toda vida quis e não sabia, eu que já amava de extremoso amor o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado, onde tem o desenho cômico de um peixe — os lábios carnudos como os de uma negra. Divago, quando o que quero é só dizer te amo. Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha, alegrinha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo o teu coração, o que é, a carne de que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua barba. Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto: "Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros". Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível. Te alinho junto das coisas que falam uma coisa só: Deus é amor. Você me espicaça como o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece, tira de mim o ar desnudo, me faz bonita de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega, me dá um filho, comida, enche minhas mãos. Eu te amo, homem, exatamente como amo o que acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando os panos, se alargando aquecido, dando a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho. Amo até a barata, quando descubro que assim te amo, o que não queria dizer amo também, o piolho. Assim, te amo do modo mais natural, vero-romântico, homem meu, particular homem universal. Tudo que não é mulher está em ti, maravilha. Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos,a luz na cabeceira, o abajur de prata; como criada ama, vou te amar, o delicioso amor: com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso, me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta deles eu beijo. - Adélia Prado

+ Eu quero depois, quando viver de novo, a ressurreição e a vida escamoteando o tempo dividido, eu quero o tempo inteiro. - Adélia Prado

+ “A vida é muito bonita, basta um beijo e a delicada engrenagem movimenta-se, uma necessidade cósmica nos protege.” - Adélia Prado

+ "Não tenho mais tempo algum, ser feliz me consome". (De O Pelicano, em Poesia Reunida, página 365, Editora Siciliano – 1991) - Adélia Prado

+ Enredo para um tema Ele me amava, mas não tinha dote, só os cabelos pretíssimos e um beleza de príncipe de estórias encantadas. Não tem importância, falou a meu pai, se é só por isto, espere. Foi-se com uma bandeira e ajuntou ouro pra me comprar três vezes. Na volta me achou casada com D. Cristóvão. Estimo que sejam felizes, disse. O melhor do amor é sua memória, disse meu pai. Demoraste tanto, que...disse D. Cristóvão. Só eu não disse nada, nem antes, nem depois. - Adélia Prado

+ Deus de vez em quando me tira a poesia e eu olho pedras e vejo pedras mesmo... - Adélia Prado

+ Uma necessidade cósmica nos protege - Adélia Prado

+ Não tenho tempo para nada, ser feliz me consome muito! - Adélia Prado

+ Meu coração bate desamparado Meu coração bate desamparado onde minhas pernas se juntam. É tão bom existir! Seivas, vergônteas, virgens, tépidos músculos que sob as roupas rebelam-se. No topo do altar ornado com flores de papel e cetim aspiro, vertigem de altura e gozo, a poeira nas rosas, o afrodisíaco incensado ar de velas. A santa sobre os abismos- à voz do padre abrasada eu nada objeto, lírica e poderosa. - Adélia Prado

+ A SERENATA Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria com boca e mãos incríveis tocar flauta no jardim. Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa. Eu que rejeito e exprobro o que não for natural como sangue e veias descubro que estou chorando todo dia, os cabelos entristecidos, a pele assaltada de indecisão. Quando ele vier, porque é certo que vem, de que modo vou chegar ao balcão sem juventude? A lua, os gerânios e ele serão os mesmos — só a mulher entre as coisas envelhece. De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa? - Adélia Prado

+ "Raiva e Marcada de dor" - Adélia Prado

+ Me apanho composta.[...] Nem uma seta consigo pintar na estrada.[...] Ô Deus, eu digo enraivada, esmurrando o ar com meu murrinho de fêmea.[...] Um preto no cruzamento olhava atentamente para o fim dos tempos. Eu olho meu olho fixo. Como se não houvesse cantochão nem monges. (Frases do poema 'ruim') - Adélia Prado

+ Em Português (excerto) As línguas são imperfeitas pra que os poemas existam e eu pergunte donde vêm os insetos alados e este afeto, seu braço roçando o meu. - Adélia Prado

+ “DEUS É MAIS BELO QUE EU. E NÃO É JOVEM. ISTO SIM, É CONSOLO.” - Adélia Prado