Frases de Ana Jácomo
+ Eu me lembrei que fugir, às vezes é necessário para recuperar o fôlego. Para restaurar a força. - Ana Jácomo
+ Com o coração Hoje eu não quero conversas vestidas de uniforme. Diálogos impecavelmente arrumados que não deixam o coração à mostra. As palavras podem sair de casa sem maquiagem. Podem surgir com os cabelos desalinhados, livres de roupas que as apertem, como se tivessem acabado de acordar. Dispensa-se tons acadêmicos, defesas de tese, regras para impressionar o interlocutor. O único requinte deve ser o sentimento. É desnecessário tentar entender qualquer coisa. Tentar solucionar qualquer problema. Buscar salvamento para o quer que seja. Hoje eu não quero falar sobre o quanto o mundo está doente. Sobre como está difícil a gente viver. Sobre as milhares de coisas que causam câncer. Sobre as previsões de catástrofes que vão dizimar a humanidade. Sobre o quanto o ser humano pode ser também perverso, corrupto, tirano e outras feiúras. Sobre os detalhes das ações violentas noticiadas nos jornais. Não quero o blablablá encharcado de negatividade que grande parte das vezes não faz outra coisa além de nos encher de mais medo. Não quero falar sobre a hipocrisia que prevalece, sob vários disfarces, em tantos lugares. Hoje, não. Hoje, não dá. Não me interessam o disse-que-disse, os julgamentos, a investigação psicológica da vida alheia, os achismos sobre as motivações que fazem as pessoas agirem assim ou assado, o dedo na ferida. Hoje eu não quero aquelas conversas contraídas pelo receio de não se ter assunto. A aflição de não se saber o que fazer se ele, de repente, acabar. O esforço de se falar qualquer coisa para que a nossa quietude não seja interpretada como indiferença. Hoje eu não quero aquelas conversas que muitas vezes acontecem somente para preenchermos o tempo. Para tentarmos calar a boca do silêncio. Para fugirmos da ameaça de entrar em contato com um monte de coisas que o nosso coração tem pra dizer. Além do necessário, hoje não quero falar só por falar nem ouvir só por ouvir. Que a fala e a escuta possam ser um encontro. Um passeio que se faz junto. Um tempo em que uma vida se mostra para a outra, com total relaxamento, sem se preocupar se aquilo que é mostrado agrada ou não. Se aumenta ou diminui os índices de audiência. Hoje, se quiser, se puder, se souber, me fala de você. Da essência vestida com essa roupa de gente com a qual você se apresenta. Fala dos seus amores, tanto faz se estão perto do seu corpo ou somente do seu coração. Fala sobre as coisas que costumam fazer você sintonizar a frequência do seu riso mais gostoso. Fala sobre os sonhos que mantêm o frescor, por mais antigos que sejam. Fala a partir daquilo em você que não desaprendeu o caminho das delícias. Do pedaço de doçura que não foi maculado. Da porção amorosa que saiu ilesa à própria indelicadeza e à alheia. A partir daquilo em você que continuou a acreditar na ternura, a se encantar e a se desprevenir, apesar de tantos apesares. Conta sobre as receitas que lhe dão água na boca. Sobre o que gosta de fazer para se divertir. Conta se você reza antes de adormecer. Hoje, me fala de você. Dos momentos em que a vida lhe doeu tanto que você achou que não iria aguentar. Fala das músicas que compõem a sua trilha sonora. Dos poemas que você poderia ter escrito, de tanto que traduzem a sua alma. Senta perto de mim e mesmo que estejamos rodeados por buzinas, gente apressada, perigos iminentes, faz de conta que a gente está conversando no quintal de casa, descascando uma laranja, os pés descalços, sem nenhum compromisso chato à nossa espera. A gente já brincou tanto de faz-de-conta quando era criança, onde foi que a gente esqueceu como se chega a esse lugar de inocência? Fala da lua que você admirou outra noite dessas, no céu. Da borboleta que lhe chamou à atenção por tanta beleza, abraçada a alguma flor, como se existisse apenas aquele abraço. Diz se quando você acorda ainda ouve passarinhos, mesmo que não possa identificar de onde vem o canto. Diz se a sua mãe cantava para fazer você dormir. Senta perto e me conta o que você sentiu quando viu o mar pela primeira vez e o que sente quando olha pra ele, tantas vezes depois. Se tinha jardim na casa da sua infância, me diz que flores riam por lá. Conta há quanto tempo não vê uma joaninha. Se tinha algum apelido na escola. Se consegue se imaginar bem velhinho. Fala da sua família, a de origem ou a que formou. Das pessoas que não têm o seu sobrenome, mas são familiares pra sua alma. Fala de quem passou pela sua vida e nem sabe o quanto foi importante. Daqueles que sabem e você nem consegue dizer o tamanho que têm de verdade. Fala daquele animal de estimação que deitava junto aos seus pés, solidário, quando você estava triste. Diz o que vai ser bacana encontrar quando, bem lá na frente, olhar para o caminho que fez no mundo, em retrospectiva. Podemos falar abobrinhas, desde que sejam temperadas com riso, esse tempero que faz tanto bem. A gente pode rir dos tombos que você levou na rua e daqueles que levou na vida, dos quais a gente somente consegue rir muito depois, quando consegue. A gente pode rir das suas maluquices românticas. Das maiores encrencas que já arrumou. Das ciladas que armaram para você e, antes de entender que eram ciladas, chegou até a agradecer por elas. De quando descobriu como são feitos os bebês. A gente pode rir dos cárceres onde se prendeu e levou um tempo imenso pra descobrir que as chaves estavam com você o tempo todo. Das vezes em que se sentiu completamente nu diante de um Maracanã, tamanha vergonha, como se todos os olhos do mundo estivessem voltados na sua direção. Das mentiras que contou e acreditaram com facilidade. Das verdades que disse e ninguém levou a sério. Não precisa ter pauta, seguir roteiro, deixa a conversa acontecer de improviso, uma lembrança puxando a outra pela mão, mas conta de você e deixa eu lhe contar de mim. Dessas coisas. De outras parecidas. Ouve também com os olhos. Escuta o que eu digo quando nem digo nada: a boca é o que menos fala no corpo. Não antecipe as minhas palavras. Não se impaciente com o meu tempo de dizer. Não me pergunte coisas que vão fazer a minha razão se arrumar toda para responder. Uma conversa sem vaidade, ninguém quer saber qual história é a mais feliz ou a mais desditosa. Hoje eu quero conversar com um amigo pra falar também sobre as coisas bacanas da vida. As miudezas dela. A grandeza dela. A roda-gigante que ela é, mesmo quando a gente vive como se estivesse convencido de que ela é trem-fantasma o tempo inteiro. Um amigo pra falar de coisas sensíveis. Do quanto o ser humano pode ser também bondoso, honesto, afetuoso, divertido e outras belezas. Dos lugares onde nossos olhos já pousaram e daqueles onde pousam agora. Um amigo para conversar horas adentro, com leveza, de coisas muito simples, como a gente já fez mais amiúde e parece ter desaprendido como faz. Um amigo para se conversar com o coração. E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras. - Ana Jácomo
+ Torça bem as lágrimas, uma a uma, até desencharcar o coração. Depois, estenda a tristeza pra secar no varal da autogentileza. Lá costuma bater sol. - Ana Jácomo
+ Eu me Perdoo (Ana Jácomo) No meu coração, eu me perdoo pelas bobagens desastrosas que fiz. Pelas escolhas equivocadas das quais eu me arrependo à beça. Por ter ferido lindezas, sem querer. Por ter deixado ir embora gente querida que adorei ter conhecido. No meu coração, eu me perdoo pelas vezes em que dei tanto poder ao outro e esqueci o meu. Por deixar roubarem, sem compaixão, os meus lápis de cor preferidos. Por chamar de amor o que contraria a essência dele. A cara dele. A luz que ele tem. No meu coração, eu me perdoo por não ter dito o que certamente hoje eu diria. Por não ter tido sensibilidade para compreender preciosidades que me foram ditas sem palavras. Por me faltar em instantes em que precisei tanto de mim. Por, às vezes, faltar ao outro quando ele mais precisava. No meu coração, eu me perdoo por demorar tanto a descobrir o que mais me importava. Por em tantos momentos dar prioridade ao que não merecia. Pelas vezes em que agi de modo tão contraditório às minhas próprias crenças. Pelos momentos em que permiti que fizessem bagunça com o que era tão precioso. Foi por medo. Ingenuidade. Ignorância. Confusão. Lá, era tudo que eu sabia. Lá, era tudo que eu podia. Aprendiz, eu me abençoo, no meu coração. - Ana Jácomo - - Ana Jácomo
+ Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. - Ana Jácomo
+ Só o romântico diz que não vai amar mais. - Ana Jácomo
+ Os problemas, os desafios, as limitações, não deixaram de existir. Deixaram apenas de ocupar o espaço todo. - Ana Jácomo
+ Somos feitos para a felicidade. Para a troca. Para a paz. Para a bondade. Para facilitarmos a existência uns dos outros. Para a coragem e a alegria de simplesmente ser. - Ana Jácomo
+ Sempre aprendendo Tenho aprendido que grande parte daquilo em que juramos acreditar pode ser somente crença alheia que a gente não passou a limpo. Que pode haver algum conforto no acordo tácito da hipocrisia, mas ele não faz a vida cantar. Que se não tivermos um olhar atento e generoso para os nossos sentimentos, podemos passar uma jornada inteira sem entrar em contato com o que realmente nos importa. Que aquilo que, de fato, nos importa, pode não importar a mais ninguém e isso não tem importância alguma. Que enquanto não nos conhecermos pelo menos um pouquinho, rabiscaremos cadernos e cadernos sem escrever coisa alguma que tenha significado para nós. Tenho aprendido com o tempo que quando julgamos falamos mais de nós do que do outro. Que a maledicência acontece quando o coração está com mau hálito. Que o respeito é virtude das almas elegantes. Que a empatia nasce do contato íntimo com as nuances da nossa própria humanidade. Que entre o que o outro diz e o que ouvimos existem pontes ou abismos, construídos ou cavados pela história que é dele e pela história que é nossa. Que o egoísmo fala quando o medo abafa a voz do amor. Que a carência se revela quando a autoestima está machucada. Que a culpa é um veneno corrosivo que geralmente as pessoas não gostam de ingerir sozinhas. Que a sala de aula é a experiência particular e intransferível de cada um. - Ana Jácomo
+ Gosto de gente de verdade. Se você não consegue ser, por favor, não perca o seu tempo comigo. - Ana Jácomo
+ Ficou na memória dos meus olhos o clarão do sorriso dos seus. Depois disso, tudo o que sorri pra mim com algum sol faz eu lembrar de você. - Ana Jácomo
+ Tem dia em que eu acordo e, de verdade, pouco importam as minhas dificuldades, sejam elas até já desgastadas pelo tempo, sejam elas viçosas, recentemente inauguradas, tudo me parece perfeito. Tudo é como pode ser agora, eu estou onde consigo estar, o tempo das coisas é o tempo das coisas, e isso vale também para cada pessoa que compartilha a sala de aula comigo. Tem dia em que eu acordo e faço contato com uma gentileza tão linda que desconhece essa história de acertos e erros, sejam meus ou alheios, viver é trabalhoso e todo mundo se atrapalha, de um jeito ou de outros. Toda gente só precisa de consciência, cura e amor. Toda gente só quer ser feliz. Não há motivo para pressa e também não há estagnação, eu permito que a vida possa simplesmente fluir, sem tentar, em vão, amarrar ou alterar o jeito de dizer das suas ondas. Este sentimento pode durar poucos quarteirões do dia, um monte deles, até mesmo só alguns centímetros de passo, enquanto dura é absoluto. E eu me sinto feliz e grata por tudo, vejo amor, mestria, chance de aprendizado, em cada ínfima coisa que me acontece. Ainda que chova, e às vezes chove muito, a memória da ternura luminosa e imutável do sol faz eu lembrar da natureza preciosa da vida. O sol não vai a lugar nenhum, ele fica exatamente onde está, mas a nuvem, a chuva, sempre passam. Tem dia em que eu acordo lindeza e coloco bobagem pra dormir porque a nítida prioridade é a harmonia do meu coração, o contentamento natural capaz de me nutrir, proteger e me ajudar a seguir. Este sentimento pode durar poucos quarteirões do dia, um monte deles, até mesmo só alguns centímetros de passo, enquanto dura é lembrança da realidade divina perene que é sol por trás da temporária nuvem, da temporária chuva, que possam molhar os olhos da personagem. Enquanto dura é alegria e descanso e eu lembro do que, de verdade, me importa. - Ana Jácomo
+ Quando nos dedicamos, com o coração, à busca do autoconhecimento, é inevitável que chegue um instante em que algumas mentiras que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais. Os disfarces até então utilizados para fortalecer o nosso autoengano já não nos servem. Inábeis com a paisagem aos poucos revelada, às vezes ainda tentamos nos apegar a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos ser com as novidades, por mais libertadoras que sejam. É em vão. Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos caminhos. Existem portas que se desmancham após serem atravessadas, como sonhos que se dissolvem ao acordarmos. Não há como retornar ao lugar onde a nossa vida dormia antes de cruzá-las. Da estreiteza à expansão. Da semente à flor. Do casulo às asas, nos ensinam as borboletas. - Ana Jácomo
+ Todos os amores deveriam ser possíveis. Pessoas não deveriam chegar nem antes nem depois. Tudo deveria ser exatidão. Pontualidade vital para que o amor aconteça. A Terra deveria girar com esse único propósito: O encontro das almas. O resto seria resto. E tudo seria pra sempre Brilhar pra sempre. Brilhar como um farol. Brilhar com brilho eterno. Gente é pra brilhar. Esse é o meu slogan. E do sol. - Ana Jácomo
+ Viver é refazer o próprio texto muitas, incontáveis, vezes. - Ana Jácomo
+ Silencio De repente, um silêncio tão bem dito que não entendi mais nada. Ao contrário de outros, alguns silêncios apagam a luz. Bendita seja a claridade das palavras também quando permitem que dúvidas sejam dissolvidas. Que equívocos não sejam alimentados. Que distâncias não cresçam. Que a confiança prevaleça. Que o afeto não se torne encabulado. Bendita seja a claridade das palavras também quando ficamos no escuro da incompreensão, tateando as paredes deste cômodo pouco ventilado à procura de um interruptor qualquer que acenda o nosso entendimento. Bendita seja a claridade das palavras também quando aproximam, em vez de afastar. Quando nos possibilitam o conforto da verdade, mesmo que ela desconforte. Quando simplesmente queremos saber o que está acontecendo com as pessoas que amamos simplesmente porque amamos. Bendita seja a claridade das palavras quando ditas com o coração. Ele sabe como acender a luz. - Ana Jácomo
+ Quando só temos olhos para o que nos falta, nos faltam olhos para ver e apreciar um bocado de coisas preciosas que já temos. - Ana Jácomo
+ Não foi mágica, apenas uma mudança consciente de foco. Troquei de canal para levar minha vida pra passear um pouco. Para soprar algumas nuvens. Para respirar melhor. Ao permitir que o pensamento se dissipasse, abri espaço para mudar meu sentimento. O problema continuava no mesmo lugar; eu, não. Nós nos encontraríamos outras tantas vezes até que eu pudesse solucioná-lo, mas eu não precisava ficar morando com ele enquanto isso. - Ana Jácomo
+ Às vezes, na estranha tentativa de nos defendermos da suposta visita da dor, soltamos os cães. Apagamos as luzes. Fechamos as cortinas. Trancamos as portas com chaves, cadeados e medos. Ficamos quietinhos, poucos movimentos, nesse lugar escuro e pouco arejado, pra vida não desconfiar que estamos em casa. A encrenca é que, ao nos protegermos tanto da possibilidade da dor, acabamos nos protegendo também da possibilidade de lindas alegrias. Impossível saber o que a vida pode nos trazer a qualquer instante, não há como adivinhar se fugirmos do contato com ela, se não abrirmos a porta. Não há como adivinhar e, se é isso que nos assusta tanto, é isso também que nos dá esperança. - Ana Jácomo
+ Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. - Ana Jácomo
+ Prepare surpresas. Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. Reinaugure gestos de companheirismo. Mas, não deixe para depois. Depois é um tempo sempre duvidoso. Depois é distante daqui. Depois é sei lá. - Ana Jácomo
+ Eu tenho cada vez mais menos respostas, mas também tenho cada vez mais menos perguntas. Disso eu não duvido mais: tenho cada vez menos certezas. Quanto mais o tempo passa, eu fico menos à vontade para alimentar dores e com muito mais preguiça de sofrer. Quanto mais o tempo passa, menos faço por onde adiantar a morte, mais tento fazer por onde aproximar a vida. - Ana Jácomo
+ Te desejo uma fé enorme. Em qualquer coisa, não importa o quê. Desejo esperanças novinhas em folha, todos os dias. - Ana Jácomo
+ Quando o encontro é bom e tem lume não tem porta de saída: é pra sempre, de um jeito ou de outro, no coração. - Ana Jácomo
+ E, se o sentimento compartilhado realmente for bacana e precioso para as duas vidas, quem sabe pedir uma para a outra com honestidade: “não desiste de mim”. - Ana Jácomo