Frases de Carlos Drummond De Andrade

+ Amizade O amigo que se torna inimigo fica incompreensível; o inimigo que se torna amigo é um cofre aberto. Um amigo íntimo – de si mesmo. - Carlos Drummond De Andrade

+ ainda assim te pergunto e me queimando em teu seio, me salvo e me dano: amor. - Carlos Drummond De Andrade

+ A roupa não é só cartão de visita, é carta aberta para ser lida até por analfabetos. - Carlos Drummond De Andrade

+ Se uma águia fende os ares e arrebata esse que é forma pura e que é suspiro de terrenas delícias combinadas; e se essa forma pura, degradando-se, mais perfeita se eleva, pois atinge a tortura do embate, no arremate de uma exaustão suavíssima, tributo com que se paga o vôo mais cortante; se, por amor de uma ave, ei-la recusa o pasto natural aberto aos homens, e pela via hermética e defesa vai demandando o cândido alimento que a alma faminta implora até o extremo; se esses raptos terríveis se repetem já nos campos e já pelas noturnas portas de pérola dúbia das boates; e se há no beijo estéril um soluço esquivo e refolhado, cinza em núpcias, e tudo é triste sob o céu flamante (que o pecado cristão, ora jungido ao mistério pagão, mais o alanceia), baixemos nossos olhos ao desígnio da natureza ambígua e reticente: ela tece, dobrando-lhe o amargor, outra forma de amar no acerbo amor. - Carlos Drummond De Andrade

+ Os ombros suportam o mundo, chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor, porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. - Carlos Drummond De Andrade

+ No Ouintana's Bar, sou assíduo cliente. É um bar que não é bar, é um bar diferente. - Carlos Drummond De Andrade

+ Meu amigo, vamos sofrer, vamos beber, vamos ler jornal, vamos dizer que a vida é ruim, meu amigo, vamos sofrer. Vamos fazer um poema ou qualquer outra besteira. Fitar por exemplo uma estrela por muito tempo, muito tempo e dar um suspiro fundo ou qualquer outra besteira. Vamos beber uísque, vamos beber cerveja preta e barata, beber, gritar e morrer, ou, quem sabe? beber apenas. - Carlos Drummond De Andrade

+ Foi-se a Copa? Não faz mal. Adeus chutes e sistemas. A gente pode, afinal, cuidar de nossos problemas. Faltou inflação de pontos? Perdura a inflação de fato. Deixaremos de ser tontos se chutarmos no alvo exato. O povo, noutro torneio, havendo tenacidade, ganhará, rijo, e de cheio, A Copa da Liberdade. - Carlos Drummond De Andrade

+ Canção final Oh! se te amei, e quanto! Mas não foi tanto assim. Até os deuses claudicam em nugas de aritmética. Meço o passado com régua de exagerar as distâncias. Tudo tão triste, e o mais triste é não ter tristeza alguma. É não venerar os códigos de acasalar e sofrer. É viver tempo de sobra sem que me sobre miragem. Agora vou-me. Ou me vão? Ou é vão ir ou não ir? Oh! se te amei, e quanto, quer dizer, nem tanto assim. - Carlos Drummond De Andrade

+ Temos o direito constitucional... ...de escarnecer,... ...de ridicularizar,... ...de esclarecer,... ...de cultivar inimigos... ...e influenciar pessoas. - Carlos Drummond De Andrade

+ Sentimos saudades de momentos da vida e momentos de pessoas. - Carlos Drummond De Andrade

+ Sempre necessitamos ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos faz desambiciosos. - Carlos Drummond De Andrade

+ Se há dois testamentos, o antigo e o novo, conviria instituir um terceiro, para acabar com as contradições entre eles. ( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.) - Carlos Drummond De Andrade

+ "Sabia dizer de tal modo a uma senhora idosa que a achava cada vez mais jovem, que a senhora subitamente remoçava, e a mentira se resolvia em verdade." - Carlos Drummond De Andrade

+ Quero romper com meu corpo, quero enfrentá-lo, acusá-lo, por abolir minha essência, mas ele se quer me escuta e vai pelo rumo oposto. Já premido por seu pulso de inquebrantável rigor, não sou mais quem dantes era: com volúpia dirigida, saio a bailar com meu corpo. - Carlos Drummond De Andrade

+ Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? - Carlos Drummond De Andrade

+ PROIBIDO PISAR NO GRAMADO Talvez fosse melhor dizer: PROIBIDO COMER O GRAMADO - Carlos Drummond De Andrade

+ “Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teu ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança”. (Trecho dos versos publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.) - Carlos Drummond De Andrade

+ Por que chora o homem? Que choro compensa o mal de ser homem? - Carlos Drummond De Andrade

+ O OUTRO Como decifrar pictogramas de há dez mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? Interrogo signos dúbios e suas variações calidoscópicas a cada segundo de observação. A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco. Por ele sou também observado com ironia, desprezo, incompreensão. E assim vivemos, se ao confronto se chama viver, unidos, impossibilitados de desligamento, acomodados, adversos, roídos de infernal curiosidade. - Carlos Drummond De Andrade

+ O amanhecer é uma festa para convidados que estão dormindo. - Carlos Drummond De Andrade

+ No céu também há uma hora melancólica. Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas. Por que fiz o mundo? Deus se pergunta e se responde: Não sei. - Carlos Drummond De Andrade

+ "Muitas coisas se dizem, que não deviam ser ditas; muitas outras se calam, que não mereciam calar-se. As palavras são as mesmas, em um e outro caso; só a conveniência delas, na circunstância, é que varia. E na variação, fica o dito por não dito. A menos que o convicto (ou o teimoso) diga: “Digo e repito”. (Carlos Drummond de Andrade, no livro “Os dias lindos”. São Paulo: Companhia das Letras, 2013) - Carlos Drummond De Andrade

+ Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. - Carlos Drummond De Andrade

+ Meus olhos são pequenos para ver países mutilados como troncos proibidos de viver, mas em que a vida lateja subterrânea e vingadora. - Carlos Drummond De Andrade