Frases de Carlos Drummond De Andrade
+ "E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? E agora, você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? E agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho. Já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode. A noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? - Carlos Drummond De Andrade
+ Dizem que no Vinho está a Verdade.... Depende do Vinho !... - Carlos Drummond De Andrade
+ DIANTE DAS FOTOS DE EVANDRO TEIXEIRA A pessoa, o lugar, o objeto estão expostos e escondidos ao mesmo tempo, sob a luz, e dois olhos não são bastantes para captar o que se oculta no rápido florir de um gesto. É preciso que a lente mágica enriqueça a visão humana e do real de cada coisa um mais seco real extraia para que penetremos fundo no puro enigma das imagens. Fotografia-é o codinome da mais aguda percepção que a nós mesmos nos vai mostrando, e da evanescência de tudo edifica uma permanência, cristal do tempo no papel. Das lutas de rua no Rio em 68, que nos resta, mais positivo, mais queimante do que as fotos acusadoras, tão vivas hoje como então, a lembrar como exorcizar? Marcas de enchente e de despejo, o cadáver insepultável, o colchão atirado ao vento, a lodosa, podre favela, o mendigo de Nova York, a moça em flor no Jóquei Clube, Garrincha e Nureyev, dança de dois destinos, mães-de-santo na praia-templo de Ipanema, a dama estranha de Ouro Preto, a dor da América Latina, mitos não são, pois que são fotos. Fotografia: arma de amor, de justiça e conhecimento, pelas sete partes do mundo, viajas, surpreendes, testemunhas a tormentosa vida do homem e a esperança de brotar das cinzas. - Carlos Drummond De Andrade
+ Destruição Os amantes se amam cruelmente e com se amarem tanto não se vêem: Um se beija no outro, reflectido. Dois amantes que são? Dois inimigos. Amantes são meninos estragados pelo mimo de amar: e não percebem quanto se pulverizam no enlaçar-se, e como o que era mundo volve a nada. Nada, ninguém. Amor, puro fantasma que os passeia de leve, assim a cobra se imprime na lembrança de seu trilho. E eles quedam mordidos para sempre. Deixaram de existir, mas o existido continua a doer eternamente. - Carlos Drummond De Andrade
+ Dentaduras duplas! Inda não sou bem velho para merecer-vos... - Carlos Drummond De Andrade
+ Das mil maneiras de amar, ó pais, a secreta é mais ardilosa - Carlos Drummond De Andrade
+ DAS INTIMAÇÕES DESCABIDAS : Abre em nome da Lei... Abre, sem Lei nem Grei... Abre, em Nome do Rei !... Não... repara : ao __intimar-te __ eu já te __...desventrei__ !... - Carlos Drummond De Andrade
+ Dai, Senhor, o mais fino paladar a quem tem por missão alimentar. (In: Poesia Errante, 1988.) - Carlos Drummond De Andrade
+ Construção Um grito pula no ar como foguete. Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos. O sol cai sobre as coisas em placa fervendo. O sorveteiro corta a rua. E o vento brinca nos bigodes do construtor. - Carlos Drummond De Andrade
+ Clara manhã, obrigado. O essencial é viver. Carlos Drummond de Andrade - Carlos Drummond De Andrade
+ “Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco”. (trecho extraído de versos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78. Projeto releituras) - Carlos Drummond De Andrade
+ Carta Há muito tempo, sim, que não te escrevo. Ficaram velhas todas as noticias. Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo, estes sinais em mim, não das carícias (tão leves) que fazias no meu rosto: são galopes, são espinhos, são lembranças da vida a teu menino, que ao sol-posto perde a sabedoria das crianças. A falta que me fazes não é tanto à hora de dormir, quando dizias "Deus te abençoe", e a noite abria em sonho. É quando, ao desperta, revejo a um conto a noite acumulada de meus dias, e sinto que estou vivo, e que não sonho. (Lições de coisas) - Carlos Drummond De Andrade
+ Cão Rendo homenagem ao cão; ele late melhor do que eu. ( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.) - Carlos Drummond De Andrade
+ Cão O fato do cão ser fiel ao homem não quer dizer que ele aprove as ações do dono. ( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.) - Carlos Drummond De Andrade
+ Cada irmão é diferente Sozinho acoplado a outros sozinhos - Carlos Drummond De Andrade
+ Burro é quem empresta um livro, mais burro ainda é quem devolve. - Carlos Drummond De Andrade
+ Bem Há boas ações que se praticam porque não foi possível deixar de praticá-las. ( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.) - Carlos Drummond De Andrade
+ Banqueiro O banqueiro ignora que tem dinheiro suficiente para fechar o banco e começar vida nova. - Carlos Drummond De Andrade
+ Automóvel Veículo que desperta o desejo de ir a alguma parte já superlotada por veículos idênticos. - Carlos Drummond De Andrade
+ Autógrafo Pedir autógrafo a autor lisonjeia sua vaidade sem melhorar a qualidade da obra. - Carlos Drummond De Andrade
+ Às vezes sou tentado a me admirar, e isto me causa a maior admiração. - Carlos Drummond De Andrade
+ Árvore Tentamos proteger a árvore, esquecidos de que é ela que nos protege. - Carlos Drummond De Andrade
+ Arquitetura A arquitetura diverte-se projetando construções para esconder os homens uns dos outros. - Carlos Drummond De Andrade
+ Amor-próprio Ao contrário do amor, o amor-próprio não acaba nunca. - Carlos Drummond De Andrade
+ Amor... pois de amor andamos todos precisados! Em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para frente... - Carlos Drummond De Andrade