Frases de Chico Buarque

+ Ai! Esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai tornar-se um imenso Portugal. Ai! Esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um império colonial. - Chico Buarque

+ Se nós, nas travessuras das noites eternas já confundimos tanto as nossas pernas. Diz com que pernas eu devo seguir" - Chico Buarque

+ Quem me vê sempre parado, distante Garante que eu não sei sambar Estou me guardando pra quando o carnaval chegar Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando E não posso falar Estou me guardando pra quando o carnaval chegar - Chico Buarque

+ Já gozei de boa vida Tinha até meu bangalô Cobertor, comida Roupa lavada Vida veio e me levou - Chico Buarque

+ Estou pensando alto para que você me escute. E falo devagar como quem escreve, para que você me transcreva sem precisar ser taquigrafa, você está aí? - Chico Buarque

+ Agora eu era o rei Era o bedel e era também juiz E pela minha lei A gente era obrigado a ser feliz E você era a princesa que eu fiz coroar E era tão linda de se admirar Que andava nua pelo meu país - Chico Buarque

+ Um lugar deve existir Uma espécie de bazar Onde os sonhos extraviados Vão parar. - Chico Buarque

+ Sem açúcar Todo dia ele faz diferente Não sei se ele volta da rua Não sei se me traz um presente Não sei se ele fica na sua Talvez ele chegue sentido Quem sabe me cobre de beijos Ou nem me desmancha o vestido Ou nem me adivinha os desejos Dia ímpar tem chocolate Dia par eu vivo de brisa Dia útil ele me bate Dia santo ele me alisa Longe dele eu tremo de amor na presença dele me calo Eu de dia sou sua flor Eu de noite sou seu cavalo A cerveja dele é sagrada A vontade dele é a mais justa A minha paixão é piada A sua risada me assusta Sua boca é um cadeado E meu corpo é uma fogueira Enquanto ele dorme pesado Eu rolo sozinha na esteira - Chico Buarque

+ Quem me vê sempre parado, Distante garante que eu não sei sambar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Eu tô só vendo, sabendo, Sentindo, escutando e não posso falar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Eu vejo as pernas de louça Da moça que passa e não posso pegar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Há quanto tempo desejo seu beijo Molhado de maracujá... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar E quem me ofende, humilhando, pisando, Pensando que eu vou aturar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar E quem me vê apanhando da vida, Duvida que eu vá revidar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Eu vejo a barra do dia surgindo, Pedindo pra gente cantar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Eu tenho tanta alegria, adiada, Abafada, quem dera gritar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Tô me guardando pra quando o carnaval chegar Tô me guardando pra quando o carnaval chegar... - Chico Buarque

+ "Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos Com tantos segredos lindos e indecentes Depois brinca comigo, ri do meu umbigo E me crava os dentes.." - Chico Buarque

+ Quando enfim eu nasci minha mãe embrulhou-me num manto Me vestiu como se fosse assim uma espécie de santo Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher Me ninava cantando cantigas de cabaré - Chico Buarque

+ Pois eu sonhei contigo e caí da cama. Ai, amor, não briga! Ai, não me castiga! Ai, diz que me ama e eu não sonho mais! - Chico Buarque

+ Não sei por que você não me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu rosto. Não sei que graça pode achar dos meus esgares, é uma pontada cada vez que respiro. Às vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar insuportável, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida. Mas nem assim você me dá os remédios, você é meio desumana. - Chico Buarque

+ mor, eu me lembro ainda Que era linda, muito linda Um céu azul de organdi A camisola do dia Tão transparente e macia Que eu dei de presente a ti Tinha rendas de Sevilha A pequena maravilha Que o teu corpinho abrigava E eu, eu era o dono de tudo Do divino conteúdo Que a camisola ocultava A camisola que um dia Guardou a minha alegria Desbotou, perdeu a cor Abandonada no leito Que nunca mais foi desfeito Pelas vigílias de amor - Chico Buarque

+ “Me dê noticia de você, eu gosto um pouco de chorar, a gente quase não se vê, me deu vontade de lembrar. Me leve um pouco com você, eu gosto de qualquer lugar, a gente pode se entender e não saber o que falar. Seria um acontecimento, mas lógico que você some, no dia em que o seu pensamento me chamou; eu chamo o seu apartamento, não mora ninguém com esse nome, que linda a cantiga do vento; já passou. A gente quase não se vê, eu só queria me lembrar, me dê noticia de você, me deu vontade de voltar.” - Chico Buarque

+ Mas mesmo aquilo que a gente não se lembra de ter visto um dia, talvez se possa ver depois por algum viés da lembrança. - Chico Buarque

+ Eu também gostaria de ter conhecido meu trisavô, gostaria que meu pai me acompanhasse mais um pouco, gostaria sobretudo que Matilde me sobrevivesse, e não o contrário. Não sei se existe um destino, se alguém o fia, enrola, corta. Nos dedos de alguma fiandeira, provavelmente a linha da vida de Matilde seria de fibra melhor que a minha, e mais extensa. Mas muitas vezes uma vida para no meio do caminho, não por ser a linha curta, e sim tortuosa. Depois que me deixou, nem posso imaginar quantas aflições Matilde teve em sua existência. Sei que a minha se alongou além do suportável, como linha que se esgarça. Sem Matilde, eu andava por aí chorando alto, talvez como aqueles escravos libertos de que se fala. Era como se a cada passo eu me rasgasse um pouco, por¬que minha pele tinha ficado presa naquela mulher. - Chico Buarque

+ Eu sou sua menina, viu? Ele é o meu rapaz... Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz. - Chico Buarque

+ Eu quero que mamãe me veja pintando a boca em coração Será que vai morrer de inveja ou não Ai, se papai me pega agora abrindo o último botão Será que ele me leva embora ou não Será que fica enfurecido será que vai me dar razão Chorar o seu tempo vivido em vão - Chico Buarque

+ "Eu, que não digo Mas ardo de desejo Te olho Te guardo Te sigo Te vejo dormir." - Chico Buarque

+ Eu não sabia explicar nós dois Ela mais eu Porque eu e ela Não conhecia poemas Nem muitas palavras belas Mas ela foi me levando pela mão Íamos todos os dois Assim ao léu Ríamos, choravamos sem razão Hoje lembrando-me dela Me vendo nos olhos dela Sei que o que tinha de ser se deu Porque era ela Porque era eu - Chico Buarque

+ Ela esquenta a papa do neto Ele quase que fez fortuna Vão viver sob o mesmo teto até que a morte os una até que a morte os una - Chico Buarque

+ E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês Esperando, esperando, esperando, esperando o sol Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem Esperando a festa, esperando a sorte E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também - Chico Buarque

+ Dizia "te amo mais que tudo" no meio do almoço, dizia no cinema, no supermercado, na frente dos outros; eu achava estranho ela dizer isso a toda hora, mas acabei por me acostumar. - Chico Buarque

+ Bom dia, flor do dia, mas deve haver modos menos agourentos de se despertar que com uma filha choramingando à cabeceira. E pelo visto, mais uma vez você veio sem os meus cigarros, que dirá os charutos. Que é proibido fumar aqui dentro eu sei, mas dá-se um jeito, também não estou lhe pedindo para entrar no hospital com cocaína. - Chico Buarque