Frases de Emily Brontë

+ De que serviria ter eu vindo a este mundo se me confinasse no aqui está? Minhas grandes infelicidades neste mundo tem sido as infelicidades de Heathcliff. Aguardei-as e senti-as todas desde suas origem. E ele é a minha grande razão de viver. Se tudo morresse,mas ele ficasse, eu continuaria a existir. E, se tudo permanecesse e ele fosse aniquilado,o mundo inteiro se tornaria para mim uma coisa totalmente estranha. Eu não seria mais parte desse mundo. Meu amor por Linton é como as folhagem dos bosques:o tempo o transformará, estou bem certa, como o inverno muda as árvores. Meu amor por Heathciff assemelha-se aos rochedos imóveis que jazem por baixo do solo: fonte de alegria pouco aparente mas necessária. Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre no meu pensamento. Não como um prazer,visto como nem sempre sou um prazer para mim mesma,mas como meu próprio ser, por isso não fales novamente de nossa separação. - Emily Brontë

+ Resposta a um aviso Na terra - na terra - colocar-te-ão, Com um céu de pedra cinza, Sobre um leito de terra negra, Com a negra terra para te cobrir. "Ao menos aí poderei repousar; Possa tal profecia surpreender-me dentro em pouco, O tempo em que meus cabelos de fino sol Misturar-se-ão sob a terra às raízes da erva". Mas este lugar é mais frio do que o inverno. E fechado para sempre à alegria de ser livre. E aqueles a quem seduzia o calor da tua face, Estremecerão de horror ao deparar-te. "Não. O mundo em que vivemos é uma seara de frêmitos. Eu sou a árvore do inferno, A amizade foi para mim a folha decepcionante. Mas talvez AO LONGE gostarão de me conhecer E dar à minha imagem uma justa memória". Deverias renunciar a este grande amor, Aos ternos jogos da humana piedade: Oh! não te despertes, O grande riso do Céu rompe acima das nossas cabeças, Jamais lamenta a Terra a uma Ausência. E a erva, a poeira e a lousa solitária Terão dispersado dentro em pouco a humana companhia; Só o eco do suspiro se desola neste mundo. O único ser... e esta alma era digna de ti! - Emily Brontë

+ Recordação Frio na terra - e sob tanta neve Tão longe estás na tumba desolada! De amar-te me esqueci, sequer de leve. Pelas águas do Tempo separada? Quando estou só, minh'alma não responde Voando aos montes dessa costa ao norte. Nem fecha as asas onde o verde esconde Teu nobre coração dentro da morte? Frio na terra - e quinze Invernos foram Aí, nos pardos montes. Primavera: Fiel é uma alma que as lembranças douram Após tanta mudança que sofrera! Ó doce Amor, perdoa, se eu te esqueço. Ida que vou nesta maré do mundo. Desejos me distraem, que aborreço, Mas nenhum deles é que tu mais fundo. Que luz brilhou no meu azul celeste, Ou nova aurora para mim raiou? O bem da vida é o bem que tu me deste, E o bem da vida em ti se consumou. Mas quando de áureos sonhos soou o regresso E nem já Desespero me vencia, Eu aprendi como o existir tem preço, E quanto val' viver sem alegria. E as lágrimas sequei do amor inútil - Calei minh'alma de por ti ansiar, E dura lhe neguei esse ardor fútil De em tumba mais que minha me deitar. E enlanguescer não ouso mais agora, Nem dar-me à dor extasiada de lembrar-te: Bebi da mais divina angústia outrora - Em que vazio mundo hei-de encontrar-te?. - Emily Brontë

+ "Por favor, não imagine que ele esconde um fundo de benevolência e afeto sob uma aparência severa! Ele não é um diamante bruto, uma ostra contendo, no seu interior, uma pérola. . . é um homem feroz e impiedoso." - Emily Brontë

+ O Vento da Noite À meia-noite de verão, mole como um fruto maduro, A lua sem véus lançou a sua luz Pela janela aberta do parlatório, Através dos rosais onde o orvalho chovia. Sentada e perseguindo o meu sonho de silencio, A doce mão do vento brincava em meus cabelos E sua voz me contava as maravilhas do céu. E a terra era loura e bela de sono. Eu não tinha necessidade do seu hálito Para me elevar a tais pensamentos, Mas um outro suspiro em voz baixa me disse Que os negros bosques são povoados pelas trevas. A folha pesada, nas aguas da minha canção, Escorre e rumoreja como um sonho de seda; E ligeira, sua voz miriápode caminha, Dir-se-ia levada por uma alma fagueira. E eu lhe dizia: "Vai-te, doce encantador. Tua amavel canção me enaltece e me acaricia, Mas não creio que a melodia desta voz Possa jamais atingir o meu espírito. Vai encontrar as flores, as tuas companheiras, Os perfumes, a árvore tenra e os galhos debeis; Deixa meu coração mortal com suas penas humanas, Permite-lhe escorrer seguindo o próprio curso". Mas ele, o Vagabundo, não me queria ouvir, E fazia seus beijos ainda mais ternos, Mais ternos ainda os seus suspiros: "Oh, vem, Saberei conquistar-te apesar de ti mesma! Dize-me, não sou o teu amigo de infância? Não te concedi sempre o meu amor? E tu o inutilizavas com a noite solene, Cujo morno silencio desperta minha canção. E quando o teu coração achar enfim repouso, Enterrado na igreja sob a lousa profunda, Então terei tempo para gemer à vontade, E te deixarei todas as horas para ficar sozinha"... - Emily Brontë

+ O velho estoico Eu desprezo o Amor e a quem me ama, Dos ricos, sei zombar; É sonho a luxúria da Fama, Que acaba ao despertar - E se oro, a única Oração Que a boca me devora É - "Larga este meu coração Deixa-me livre agora." Quais dias de missão cumprida, Estou eu a implorar - Alma livre na morte ou vida, Coragem pra aguentar. - Emily Brontë

+ O Lago Morto O lago morto, o céu cinzento ao luar; Pálida, lutando, coberta pelas nuvens, A lua; O murmúrio obstinado que cochicha e passa (Dir-se-ia que tem medo de falar em alta voz). Tão tristes agora, Recaem sobre meu coração, Onde a alegria morre como um rio deserto. Minhas pobres alegrias... Não as toqueis, Floridas e sorridentes. Lentamente, a raiz acaba de morrer. - Emily Brontë

+ Não torne o aspecto de um vira-lata vicioso que parece saber que os pontapés que lhe dão são merecidos e que, por isso, odeia todo o mundo, tanto quanto aquele que o maltrata. - Emily Brontë

+ Não é nada demais. Eu só ia dizer que o céu não parecia ser meu lar; e eu fiquei com o coração partido de tanto chorar para voltar para casa; e os anjos estavam tão revoltados que eles me jogaram bem no meio das urzes no alto do Morro dos Ventos Uivantes, onde eu acordei soluçando de alegria. - Emily Brontë

+ Já não é mais tempo Já não é mais tempo para te chamar ainda, Não quero mais embalar este sonho. Assim o raio de alegria não durou senão um momento E a dor infalível logo voltou impetuosa. E depois a bruma já se levantou a meio; A rocha estéril exibe o seu flanco nu, Onde o sol e os primeiros olhares da aurora Acabaram por adorar suas imagens nascentes. Mas na memoria fiel da minha alma, Tua sombra amada será eternamente emocionante, E Deus será o único a reconhecer sempre O asilo abençoado que abrigou minha infância. - Emily Brontë

+ Isso, aliás, que você talvez suponha ser o que tem mais poder sobre a minha imaginação é realmente o que tem menos, pois que é que existe, ante mim, que não esteja ligado a ela? - Emily Brontë

+ Eu nunca o teria expulso do convívio dela, enquanto ela o desejasse. Tão logo visse que ela não mais se interessava por ele, eu lhe arrancaria o coração e lhe beberia o sangue! - Emily Brontë

+ Estâncias Já me reprovaram e volto sempre Aos primeiros sentimentos que nasceram comigo; Deixo de correr atrás do ouro e do conhecimento, Para sonhar apenas com maravilhas impossíveis. Mas hoje, Não descerei mais ao império das sombras; Tenho medo da sua frágil e decepcionante imensidão, E meu sonho, povoado com legiões inumeráveis, Torna este mundo sem forma estranhamente próximo. Caminharei, E ficarão para trás as antigas veredas do heroísmo, E os caminhos já exaustos da moralidade, E o imprevisto aglomerado de faces obscuras, Ídolos em bruma de um passado já longínquo. Caminharei, Onde só agradar à minha alma caminhar, (Não posso suportar a escolha de outro guia) Onde os rebanhos se acinzentam no verde das campinas, Onde o vento alucinado vergasta o flanco das montanhas. Que pode revelar a montanha solitária? Nada exprime sua glória e sua dor. Minha alma dormia, quando a terra despertou, E o círculo do Céu ao círculo do Inferno Confundindo-se, à terra deram nascimento. - Emily Brontë

+ "Ele desejava ficar deitado,num êxtase de paz;eu queria que tudo faiscasse,dançasse,num esplendor." - Emily Brontë

+ Dormindo Nunca encontrei a felicidade dormindo; A memória se recusa sempre a morrer, E votei minha alma ao secreto mistério, Para viver e suspirar de esperança e nostalgia. Nunca encontrei o repouso dormindo; Pois as sombras dos mortos, Que meus olhos acordados nunca saberia distinguir, Assaltam minha cabeceira. Nunca encontrei a esperança dormindo: No mais intenso da minha noite, eu os vejo chegar, E estender sobre as paredes de profundas trevas O mais epesso véu do seu triste cortejo. Nunca encontrei a coragem dormindo. Onde eu teria podido arrancar um força nova; Mas o mar em que vago é batido pelas tempestades, E a onda é mais negra. Nunca encontrei a amizade dormindo, Para acalmar a dor e me ajudar a sofrer; Os olhares da noite são pejados de desprezo E me deixam abandonada ao meu desespero. Nunca encontrei o desejo dormindo Para atiçar o fogo morto do meu coração. Meu único desejo é atingir o esquecimento E o sono eterno em que mergulha a morte. - Emily Brontë

+ Demorei-me ao pé dos túmulos, sob o céu suave, fiquei a contemplar as mariposas que voejavam sobre a urze e as campainhas, a escutar o vento macio que soprava por entre a relva e a cismar se era possível a alguém imaginar um sono agitado sob aquela terra tranquila. - Emily Brontë

+ Alguns irão acusá-lo de orgulho desmedido, mas tenho um sexto sentido que me diz que não se trata disso - instintivamente, sei que a sua reserva provém de uma aversão inata à exteriorização de sentimentos e a troca de demonstrações de afeto. É capaz de amar e odiar com igual dissimulação e de considerar impertinência a retribuição desse ódio ou desse amor. - Emily Brontë

+ A Morte Ó Morte! Feriste, E eu estava confiante, Tinha posto minha esperança nas alegrias a vir... Tu, ó ceifadora, fere ainda, Tu que cortas do tempo os ramos ressecados Enquanto reverdece a fresca Eternidade! Sobre o galho do Tempo cresciam as folhas claras, E sua seiva se alimentava de um branco orvalho. Aí os pássaros procuravam um asilo noturno E a abelha selvagem, apaixonada pelo dia, Voava circulando acima de suas flores. Porém, de passagem, a desgraça feneceu o ouro florescido Depois a maldade pilhou o esplendor da folhagem. Mas nos flancos generosos que lhe tinham dado nascimento, Sem fim a Vida lançava uma vaga reparadora. Derramei algumas lágrimas pela alegria desaparecida, Sobre o ninho morto entoei a canção do silêncio. Todavia a esperança que velava Acabou por expulsar a tristeza com o seu riso. Baixinho ela murmurava: "Dentro em pouco o inverno itinerante deverá retirar-se!" E eis aí! A primavera multiplicou os seus favores, Enquanto o ramo vergava de enorme beleza; Os ventos, a chuva, o fervor do sol, Para saudar este ouro Maio, Prodigavam sem descanso suas carícias gloriosas. Ele se elevou muito alto. Mesmo assim, a desgraça alada ainda não o podia tocar. O Mal não podia vencer o brilho de seus raios. O amor, a vida secreta de seu ser, Teriam sabido preservá-lo deste golpe ultrajante, Do estigma, Se tu não tivesses vindo. Ó Morte cruel! A folha ainda inclina sua mocidade languescente. Talvez ainda... espere um pouco na doçura da noite... Não! O sol da manhã zomba das minhas angústias. Ai de nós, para mim o Tempo acabou de florescer! Apressa-te a ferir: Outros ramos poderão desabrochar, E compensar a morte deste pobre embrião. Ao menos este corpo alimentará com sua poeira O princípio eterno que lhe deu a luz! - Emily Brontë

+ A alegria da minha alma mata o me corpo, mas não se satisfaz. - Emily Brontë

+ ⁠Últimas palavras Eu não podia saber como é duro e cruel Pronunciar a palavra Adeus; Hoje no entanto volto como suplicante, Para juntar às orações do coração a voz dos lábios. A colina deserta e o inverno matinal, Bem como a árvore de séculos nodosos, Podem despertar o desprezo da tua alma: Acharei para eles um desdém semelhante. Tenho o direito de esquecer teus olhos negros, Suas sombras, E o encanto fascinante de teus lábios pérfidos. Não renegaste as promessas sagradas Que outrora formularam os teus lábios sem fé? Se basta ordenar para forçar o teu amor, Se ele se deixar deter pela razão das paredes, Não saberei obrigar uma alma a se afligir Com semelhantes traições e friezas desta espécie. Pois sei que existe mais de um coração Que, ligando-se ao meu, Por uma longa prova assegurou este laço. E sei de um olhar cujo brilho passageiro Durante muito tempo dividiu comigo o seu calor bendito. Estes olhos serão para mim o Tempo e a Luz. Minha alma com seu auxílio enfim se evadirá. Eles expulsarão de mim os sonhos insensatos, E as sombrias litanias onde a memória se aconchega. - Emily Brontë

+ "Remembrance Cold in the earth—and the deep snow piled above thee, Far, far removed, cold in the dreary grave! Have I forgot, my only Love, to love thee, Severed at last by Time's all-severing wave? Now, when alone, do my thoughts no longer hover Over the mountains, on that northern shore, Resting their wings where heath and fern-leaves cover Thy noble heart forever, ever more? Cold in the earth—and fifteen wild Decembers, From those brown hills, have melted into spring: Faithful, indeed, is the spirit that remembers After such years of change and suffering! Sweet Love of youth, forgive, if I forget thee, While the world's tide is bearing me along; Other desires and other hopes beset me, Hopes which obscure, but cannot do thee wrong! No later light has lightened up my heaven, No second morn has ever shone for me; All my life's bliss from thy dear life was given, All my life's bliss is in the grave with thee. But, when the days of golden dreams had perished, And even Despair was powerless to destroy, Then did I learn how existence could be cherished, Strengthened, and fed without the aid of joy. Then did I check the tears of useless passion— Weaned my young soul from yearning after thine; Sternly denied its burning wish to hasten Down to that tomb already more than mine. And, even yet, I dare not let it languish, Dare not indulge in memory's rapturous pain; Once drinking deep of that divinest anguish, How could I seek the empty world again?" - Emily Brontë

+ ⁠Ele é mais eu mesmo do que eu. Não importa do que nossas almas sejam feitas, a dele e a minha são iguais. - Emily Brontë

+ E quem poderia imaginar que seria tão inquieto o sono dos que dormem em terras tão tranquilas? - Emily Brontë

+ ⁠Bem poderia ser o Atlântico a nos separar, em vez daqueles seis quilômetros: eu não tinha como transpor aquela distância! - Emily Brontë