Frases de Florbela Espanca

+ SER POETA "Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! morder como quem beija! È ser mendigo e dar como quem seja Rei do reino de Aquém e de Além dor! È ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! È ter cá dentro um astro que flameja, È ter garras e asas de condor! È ter fome, e ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... È condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... È seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! - Florbela Espanca

+ Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! - Florbela Espanca

+ Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que fui querida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra vida... (...) E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma! Ninguém as vê cair dentro de mim! - Florbela Espanca

+ ...passo no mundo, meu Amor, a ler no misterioso livro do teu ser, a mesma história tantas vezes lida! - Florbela Espanca

+ Para quê alcançar os astros!? Para quê!? Para os desfolhar, por exemplo, como grandes flores de luz! Vê-los, vê-os toda a gente. De que serve então ser poeta se se é igual à outra gente toda, ao rebanho?... - Florbela Espanca

+ Os versos que te fiz Deixe dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer ! São talhados em mármore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer. Tem dolencia de veludo caros, São como sedas pálidas a arder… Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer ! Mas, meu Amor, eu não te digo ainda… Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz ! Amo-te tanto ! E nunca te beijei… E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz. - Florbela Espanca

+ O mundo quer-me mal porque ninguém tem asas como eu tenho. Porque meu reino fica para além... Porque eu sou eu e porque eu sou alguém! - Florbela Espanca

+ O mundo quer-me mal porque ninguém tem asas como eu tenho... - Florbela Espanca

+ Nesse triste convento aonde eu moro, Noites e dias rezo e grito e choro E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém... - Florbela Espanca

+ Não ser Ah! arrancar às carnes laceradas Seu mísero segredo de consciência! Ah! poder ser apenas florescência De astros em puras noites deslumbradas! Ser nostálgico choupo ao entardecer, De ramos graves, plácidos, absortos Na mágica tarefa de viver! … Quem nos deu asas para andar de rastos? Quem nos deu olhos para ver os astros – Sem nos dar braços para os alcançar?!… - Florbela Espanca

+ IMPOSSÍVEL Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste: "Parece Sexta-Feira de Paixão. Sempre a cismar, cismar de olhos no chão, Sempre a pensar na dor que não existe... O que é que tem?! Tão nova e sempre triste! Faça por estar contente! Pois então?!..." Quando se sofre, o que se diz é vão... Meu coração, tudo, calado, ouviste... Os meus males ninguém mos adivinha... A minha Dor não fala, anda sozinha... Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!... Os males de Anto toda a gente os sabe! Os meus... ninguém... A minha Dor não cabe Nos cem milhões de versos que eu fizera!... In Livro de Mágoas, 1919 - Florbela Espanca

+ Há uma primavera em cada vida é preciso cantá-la assim florida. (Em "Charneca em flor: sonetos – Fonte: Templo Cultural Delfos) - Florbela Espanca

+ Gritem ao mundo inteiro esta amargura, Digam isto que sinto que eu não posso!... - Florbela Espanca

+ Gritando que me acudam, em voz rouca Eu, náufraga da vida, ando a morrer - Florbela Espanca

+ Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do sonho, e desta sorte Sou a crucificada... a dolorida... (...) Sou aquela que passa e ninguém vê... Sou a que chamam triste sem o ser... Sou a que chora sem saber porquê... - Florbela Espanca

+ Eu sou a que no mundo anda perdida, eu sou a que na vida não tem norte. - Florbela Espanca

+ És a filha dileta da noss´alma Da noss´alma de sonho e de tristeza Andas de roxo sempre, sempre calma Doce filha da gente portuguesa! Em toda a terra do meu Portugal Te sinto e vejo, toda suavidade Como nas folhas tristes dum missal Se sente Deus! E tu és Deus, saudade!… Andas nos olhos negros, magoados Das frescas raparigas, Namorados Conhecem-te também, meu doce ralo! Também te trago n´alma dentro em mim, E trazendo-te sempre, sempre assim, É bem a pátria qu´rida que eu embalo! - Florbela Espanca

+ Em tudo eu vejo sempre os antecedentes, as consequências, as razões e as causas: sou como as crianças que desmancham o brinquedo que as entretém só pelo prazer de saber o que está dentro. Apesar do meu tradicional horror às ciências positivas, eu tenho uma grande dose de positivismo e a ciência a que na vida ligo maior importância é a matemática. Paradoxos. Por Florbela Espanca - Florbela Espanca

+ E ser-se novo é ter-se o paraíso, É ter-se a estrada larga, ao sol, florida Aonde tudo é luz e graça e riso! Dizem baixinho a rir : "Que linda a vida!..." Responde a minha Dor : "Que linda a cova!" - Florbela Espanca

+ - E ser, depois de vir do coração, O pó, o nada, o sonho dum momento - Florbela Espanca

+ A vida meu amor quer vivê-la Na mesma taça, erguida em tuas mãos, Bocas unidas hemos de bebê-la Que importa o mundo e As ilusões defuntas?... Que importa o mundo e seus orgulhos vãs?... O mundo, Amor?... As nossas bocas juntas - Florbela Espanca

+ ... A felicidade na vida é já uma coisa tão restrita e quase convencional que tirar da vida uma parcela mínima desse luzente tesouro, tão ambicionado e tão quimérico, é a maior das loucuras humanas... - Florbela Espanca

+ Sempre da vida- o mesmo estranho mal, E o coração- a mesma chaga aberta! - Florbela Espanca

+ Procurei o amor, que me mentiu Pedi à vida mais do que ela dava.. - Florbela Espanca

+ O nosso amor morreu... Quem o diria! (...) Bem estava a sentir que ele morria... (...) Eu bem sei, meu Amor, que pra viver São precisos amores, pra morrer, E são precisos sonhos pra partir E bem sei, meu Amor, que era preciso Fazer do maor que parte o claro riso De outro amor impossível que há de vir! - Florbela Espanca