Frases de Guimarães Rosa
+ Perto de muita água, tudo é feliz. - Guimarães Rosa
+ O que leva o homem para as más ações estranhas, é estar diante do que é seu, por direito, e não sabe...Não sabe...Não sabe... - Guimarães Rosa
+ O amor não precisa de memória, não arredonda, não floreia: faz forte estilo. E fim. - Guimarães Rosa
+ No que vagueia os olhos, contudo, surpreende-se-lhe o imanecer da bem-aventura, transordinária benignidade, o bom fantástico. - Guimarães Rosa
+ Lei ladra o poder da vida. Direitinho declaro o que, durante todo tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensatamente - tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos. Conforme, por exemplo, quando me lembrava daquelas mãos, do jeito como encostavam no meu rosto. (GRANDE SERTÃO: VEREDAS) - Guimarães Rosa
+ Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas. - Guimarães Rosa
+ Quem é limpo, pensa limpo. Acho. - Guimarães Rosa
+ ... nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio. - Guimarães Rosa
+ E tudo foi bem assim, porque tinha de ser, já que assim foi. (A hora e a vez de Augusto Matraga) - Guimarães Rosa
+ Coração da gente – o escuro, escuros. - Guimarães Rosa
+ Cantar, só, não fazia mal, não era pecado. As estradas cantam. E ele achava muitas coisas bonitas, e tudo era mesmo bonito, como são todas as coisas, nos caminhos do sertão. (A hora e a vez de Augusto Matraga) - Guimarães Rosa
+ A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. - Guimarães Rosa
+ o bambual se encantava parecia alheio uma pessoa - Guimarães Rosa
+ A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que não se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. - Guimarães Rosa
+ "Vida" é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma idéia falsa. Cada dia é um dia. - Guimarães Rosa
+ Tudo o que já foi, é o começo do que vai vir, toda a hora a gente está num cômpito. Eu penso é assim, na paridade. (...) Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor. O que eu quero, é na palma da minha mão. - Guimarães Rosa
+ Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. - Guimarães Rosa
+ Se fosse só eu a chorar de amor, sorria..." - Guimarães Rosa
+ Quando a gente odeia uma pessoa, dedica a vida toda a ela. - Guimarães Rosa
+ Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. - Guimarães Rosa
+ A história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida. - Guimarães Rosa
+ X. Sequência: “Suas duas almas se transformavam? E tudo à sazão do ser. No mundo nem há parvoices: o mel do maravilhoso, vindo a tais horas de estórias, o anel dos maravilhados. Amavam-se” Conto narrado em terceira pessoa e tematiza a predestinação, o destino e o acaso. Uma vaca de propriedade de seu Rigério foge da fazenda da Pedra e atravessa o sertão. A vaca não fugiu por acaso; fugiu por amor às suas raízes, sua “querência”, a fazenda do Pãodolhão. Ela conhecia “o seu caminho” e estava determinada a chegar ao seu destino. O filho de Seo Rigério prontifica-se a encontrar a vaca e trazê-la de volta. A vaca faz o “um caminho de volta”, enquanto o vaqueiro que a persegue caminha “de oeste para leste”, chegando a perder o rastro três vezes, pois ela entrara no riacho para despistar o moço. Por onde a vaca passava, as pessoas tentavam detê-la, mas ela escapava sempre. À noite, o moço segue a sua busca orientando-se pelo brilho das estrelas e refletindo “aonde o animal o levava”. A vaca chegou à fazenda Pãodolhão, atravessou a porteira-mestra dos currais, estava de volta à sua origem, cumprira o seu destino. O rapaz chega e apressa-se a subir a escada da casa-fazenda do Major Quitério e desculpar-se pelo inconveniente. Lá, o rapaz é bem recebido. Major Quitério tinha quatro filhas. O moço apaixona-se pela segunda das filhas do Major Quitério, a mais alta, alva e mais amável. Deu-lhe de presente a vaca, já que ela era a condutora de sua travessia e de seu destino e entrega a moça “o anel dos maravilhados”. Para Alfredo Bosi, “a trajetória das personagens exercita a noção de que o direito do livre arbítrio, possível para a vaca, é imprescindível para o homem, pois quem elegeu a busca não pode recusar a travessia.” - Guimarães Rosa
+ Talvez não devesse, não fosse direito ter por causa dele aquele doer, que põe e punge, de dó, desgosto e desengano. - Guimarães Rosa
+ O bom da vida é para o cavalo, que vê capim e come. - Guimarães Rosa
+ Gostava dela, muito…Mais do que ele mesmo dizia, mais do que ele mesmo sabia, de maneira que a gente deve gostar. E tinha uma força grande, de amor calado, e uma paciência quente, cantada, para chamar pelo seu nome. (A hora e a vez de Augusto Matraga) - Guimarães Rosa