Frases de Leon Tolstói
+ A música obriga a esquecermo-nos da nossa verdadeira personalidade, transporta-nos a um estado que não é o nosso. Sob a influência da música temos a impressão de que sentimos o que não sentimos; que compreendemos o que na realidade não compreendemos; que podemos o que não podemos. É como o bocejo ou o riso. Não temos sono mas bocejamos quando vimos alguém bocejar. Não temos vontade de rir, mas rimo-nos, ouvindo rir. A música transporta-nos, de surpresa e imediatamente, ao estado de alma em que se encontrava o artista no momento da criação, confundimos a nossa alma com a dele e passamos de um estado a outro sem saber por que o fazemos. (Sonata a Kreutzer) - Leon Tolstói
+ ...doentes serão todos os que nos outros vêem sintomas de loucura quando não têm um espelho em que possam ver o que lhes vai dentro da alma. (A Tortura da Carne) - Leon Tolstói
+ Da criança de cinco anos até mim, é apenas um passo. Mas do bebê recém-nascido até a criança de cinco anos, a distância é espantosa. - Leon Tolstói
+ Até pelo modo de olhar se conhece o homem devasso. - Leon Tolstói
+ Só poderemos melhorar o mundo distribuindo a verdadeira fé entre todos os povos. - Leon Tolstói
+ Apenas as pessoas que são capazes de amar fortemente podem sofrer grande tristeza, mas esta mesma necessidade de amar serve para neutralizar a sua dor e curar. - Leon Tolstói
+ A vida que nós recebemos nos foi dada não para que simplesmente a admiremos, mas para que estejamos sempre à procura de uma nova verdade escondida dentro de nós. - Leon Tolstói
+ Quando se pensa na morte, a vida tem menos encantos, mas é mais pacífica. - Leon Tolstói
+ Predender-se que a vida dos homens seja sempre dirigida pela razão é destruir toda a possibilidade de vida. - Leon Tolstói
+ Não há ninguém tão mau que não encontre outro pior. E este pensamento é um manancial de prazer e de orgulho. (Sonata a Kreutzer) - Leon Tolstói
+ A memória aniquila o tempo: conduz à unidade aquilo que parece ter acontecido em separado. - Leon Tolstói
+ O segredo da felicidade imortal reside, exatamente, na capacidade de cada coração para os sublimes testemunhos do Amor, da Renúncia e do Trabalho. (Em Ressurreição e Vida) - Leon Tolstói
+ O cigarro, como o casamento, só provoca prazer depois do hábito, quer dizer, depois da adaptação dos casados (Sonata a Kreutzer) - Leon Tolstói
+ - De que se trata? - Do seguinte: suponhamos que estavas casado, que gostavas da tua mulher, mas outra te seduzia... - Perdoa-me, não percebo absolutamente nada. Era como se eu, ao sair daqui satisfeito com o jantar, passasse por uma confeitaria e roubasse um doce. - Leon Tolstói
+ Qualquer pessoa é capaz de se conservar horas sentada de pernas encolhidas, sem mudar de posição, desde que esteja certa de que nada a impedirá de o fazer. Mas, sabendo que é uma imposição, terá cãibras e as pernas, trémulas, acabarão por se estender. (Anna Karenina) - Leon Tolstói
+ "Eu queria movimento e não um curso calmo de existência. Queria excitação e perigo e a oportunidade de sacrificar-me por meu amor Sentia em mim uma superabundância de energia que não encontrava escoadouro em nossa vida tranquila." - Leon Tolstói
+ A ausência de direitos na mulher não está no facto de ela não poder votar ou de não ser juiz (ocuparmo-nos dos nossos interesses não é um direito); está no facto de ela poder ter o direito de escolher e não ser escolhida. Você diz que não é conveniente. Mas então que o homem seja privado dessas regalias. Por agora a mulher está privada desse direito e, como compensação, ela actua sobre a sensualidade do homem, submete-o pêlos sentidos de tal forma que, na realidade, quem escolhe é a mulher. Quando a mulher possui a arte de seduzir, abusa dela e adquire um terrível ascendente. (Sonata a Kreutzer) - Leon Tolstói
+ Os homens são como os rios Um dos preceitos mais enraizados e mais geralmente admitidos é o de acreditar que os homens possuem em si qualidades imutáveis: há homens bons ou maus, inteligentes ou estúpidos, enérgicos ou apáticos, e por aí adiante. Ora, os homens não são assim. Podemos, apenas dizer que um homem é mais vezes bom que mau, mais vezes inteligente que estúpido, mais vezes enérgico que apático, ou o contrário; mas classificar um homem, como sempre fazemos, de bom ou inteligente e um outro de mau ou estúpido é um erro. Também os rios, todos de água, são umas vezes mais estreitos, outros rápidos, outros largos ou calmos, transparentes ou frios, caudalosos ou tépidos. Ora, os homens são como os rios. Cada um traz consigo a semente de todas as qualidades humanas, de que revela, em certos passos, umas características, noutros, outras, chegando mesmo, em certas ocasiões, a mostrar-se sob uma forma completamente oposta à sua natureza íntima, que, não obstante, mantém. (in Ressurreição) - Leon Tolstói
+ E, de fato, se Evguêni Irtênev estava mentalmente enfermo quando cometeu seu crime, então todas as pessoas são também doentes mentais; porém, mais doentes ainda são, sem dúvida, aqueles que veem nos outros sinais de loucura que não veem em si mesmos. - Leon Tolstói
+ Creio que o amor... essas duas classes de amor que, como te deves lembrar, Platão define no seu Banquete, constituem a pedra de toque dos homens. Uns só compreendem um destes amores; os demais, o outro. E os que só compreendem o amor não platônico, esses não têm o direito de falar de dramas. Com um amor dessa classe não pode existir nenhum drama. «Agradeço-lhe muito o prazer que me proporcionou, e adeus.» Nisso consiste todo o drama. E no que diz respeito ao amor platônico, também esse não pode produzir dramas, porque nele tudo é puro e diáfano. (Anna Karenina) - Leon Tolstói
+ Para se realizar uma atividade qualquer, é preciso considerá-la útil e importante. Por isso, qualquer que seja a situação de um ser humano, ele formará da vida social um conceito que lhe permita encarar a sua atividade como importante e útil. Imagina-se sem razão que os ladrões, os assassinos, os espiões e as prostitutas julgam desfavoravelmente a sua profissão e se envergonham dela. Nada disso. As pessoas que são colocadas pelo destino ou pelos seus próprios erros em determina situação, por muito repreensível que seja, constroem uma concepção geral da vida onde a sua situação particular aparece eminentemente útil e respeitável. Com o fim de sustentar os seus pontos de vista, apoiam-se instintivamente num determinado meio que admite a concepção geral de vida por que optaram e o papel que desempenham, em particular, nesse tipo de vida. Causa-nos surpresa vermos ladrões orgulharem-se da sua destreza, prostitutas de sua corrupção, assassinos da sua crueldade. Mas só nos surpreendemos na medida em que, sendo o meio em que essa gente vive muito limitado, permanecemos à margem dele. E, no entanto, não se produz o mesmo fenômeno entre os ricos que se orgulham das suas vitórias, ou melhor, dos seus crimes, e entre os poderosos que se orgulham do seu poder, ou seja, da sua tirania? Se não chegarmos a reparar que essas personagens, procurando justificar as respectivas situações, têm da vida, do bem e do mal, uma concepção corrompida, é apenas porque o círculo daqueles que a adotaram cada vez mais se amplia, a ponto de nós próprios estarmos incluídos. Leon Tolstoi, in Ressurreição - Leon Tolstói
+ Um homem pode viver uma vida saudável sem ter que matar animais para comer; portanto, se ele come carne, participa do ato de tirar a vida de uma criatura meramente para saciar seu apetite. E agir dessa maneira é imoral. - Leon Tolstói
+ - Mas a reciprocidade existe – disse o advogado. - Não. É tão impossível como encontrarem-se num vagão cheio de grãos, dois grãos previamente marcados. Amar um homem, ou amar uma mulher toda a vida é teimar que uma vela acesa pode arder eternamente – concluiu ele, aspirando avidamente o fumo do cigarro. (Sonata a Kreutzer) - Leon Tolstói
+ — Talvez. Mas, de qualquer forma, acho esquisito, da mesma maneira que não posso deixar de estranhar estarmos aqui, tu e eu, a comer ostras para despertar o apetite, ficando à mesa tempo infinito, quando na aldeia tratamos de comer o mais rapidamente possível para voltarmos às nossas ocupações. — Claro. Mas é nisso mesmo que consiste a civilização fazer com que tudo se transforme em prazer — replicou Stepane Arkadievitch. — Pois bem, se é esse o objectivo da civilização prefiro ser selvagem. (Anna Karenina) - Leon Tolstói
+ — Surpreende me que os pais consintam. É um casamento de amor, segundo ouço dizer. — De amor? — exclamou a embaixatriz — Onde foi colher essas ideias antediluvianas? Quem fala em amor nos nossos dias? — Que quer, minha senhora? — disse Vronski — Essa velha moda ridícula ainda não acabou de todo. — Tanto pior para os que ainda a usam! Em matéria de casamentos, só conheço uma espécie feliz o casamento de conveniência. — Pode ser, mas, em troca, a felicidade desses casamentos muitas vezes desfaz se em pó justamente porque surge o amor, no qual não acreditavam — replicou Vronski. — Perdão, chamo casamento de conveniência a esse em que ambas as partes já pagaram o seu tributo à mocidade. O amor é como a escarlatina, todos têm de passar por ela. — Então, seria bem melhor que se arranjasse maneira de inoculá- lo artificialmente, como se faz com a varíola. — Quando rapariga, apaixonei me por um sacristão — declarou a princesa Miagkaia — Mas não sei se isto me serviu de alguma utilidade — Fora de brincadeira — interrompeu Betsy —, sou de opinião que, para conhecermos o amor, temos primeiro que nos enganarmos para depois então corrigirmos o erro. — Mesmo depois de casadas? — perguntou, rindo, a embaixatriz — Nunca é tarde para nos arrependermos — observou o diplomata, citando um provérbio inglês. — Exactamente. — aprovou Betsy — Cometer um erro e, depois, repará-lo, eis o verdadeiro caminho. Qual a sua opinião, minha querida? — perguntou ela a Ana, que ouvia a conversa, calada, um meio sorriso nos lábios. — Eu acho — disse Ana, brincando com uma das luvas — que se é verdade que cada cabeça cada sentença, há de haver tantas maneiras de amar quantos os corações. (Anna Karenina) - Leon Tolstói