Frases de Lya Luft

+ Com as perdas, só há um jeito: perdê-las. Com os ganhos, o proveito é saborear cada um como uma boa fruta de estação. - Lya Luft

+ Apesar de todos os medos, escolho a ousadia. Apesar dos ferros, construo a dura realidade. Prefiro a loucura à realidade, e um par de asas tortas aos limites da comprovação e da segurança. Eu sou assim, pelo menos assim quero me imaginar: a que explode o ponto e arqueia a linha, e traça o contorno que ela mesma há de romper. Desculpem, mas preciso lhes dizer: Eu quero o delírio. - Lya Luft

+ …Sou boa sou má, sou verdadeira sou desonesta, sou lúcida sou louca, cresço ou permaneço, amo ou abandono, ajudo ou torturo - e assim,com o leque das possibilidades, me foi dado o tormento das opções… - Lya Luft

+ Primeiro, não queremos perder É lógico não querer perder. Não deveríamos ter de perder nada: Nem saúde, nem afetos, nem pessoas amadas. Mas a realidade é outra: Experimentamos uma constante alternância de ganhos e perdas. Segundo: Perder dói mesmo. Não há como não sofrer. É tolice dizer não sofra, não chore. A dor é importante. O luto também. Terceiro: Precisamos de recursos internos para enfrentar a tragédia e a dor. A força decisiva terá que vir de nós, de onde foi depositada a nossa bagagem. Lidar com a perda vai depender do que encontrarmos ali. A tragédia faz emergir forças inimagináveis em algumas pessoas. Por mais devorador que seja, o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer. Quando é hora de sofrer não temos de pedir licença para sentir, e esgotar, a dor. O luto é necessário, ou a dor ficará soterrada, seu fogo queimando nossas últimas reservas de vitalidade e fechando todas as saídas. Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis. Primeiro, não queremos perder. - Lya Luft

+ Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se. - Lya Luft

+ Até o último suspiro a vida é um processo. - Lya Luft

+ Eu não sabia o que na madureza aprenderia: que todas as coisas quando acabam são substituídas por outras, que a vida não se reduz, mas cresce. E é em tudo um milagre. - Lya Luft

+ Canção da Minha Ternura Rondaste o meu castelo solitário como um rio de vozes e de gestos; baixei as minhas pontes fatigadas e conheci teus lumes, teus agrados teus olhos de ouro negro que confundem; andei na tua voz como num rio de fogo e mel e raros peixes belos, cheguei na tua ilha e atrás da porta me deste o banquete dos ardores teus. Mas às vezes sou quem volta a erguer as pontes e cavar o fosso e agora em sua torre, ternamente, sem mágoa se debruça nas varandas vendo-te ao longe , barco nessas águas, querendo ainda estar se regressares -porque seria pena naufragarmos se poderias ter, sem tantas dores, viagens e chegadas nos amores meus. - Lya Luft

+ Se eu faço uma coisa errada e ninguém vê, ela continua sendo errada? - Lya Luft

+ Um anjo vem todas as noites: senta-se ao pé de mim, e passa sobre meu coração a asa mansa, como se fosse meu melhor amigo. - Lya Luft

+ Quero uma cartola de mágico, mas que funcione bem, para enfiar nela meu coração delirante e retirar uma engrenagem melhor. Quero esconder na manga, na bolsa, nessa cartola encantada, minha alma falida, a asa quebrada, tanta contradição. Prefiroum objeto mais útil: calculadora de emoção, maquininha de escrever, relógio de sonho preso num lugar. (Umas peças de metal enfiadas no peito: só o essencial, para que a cara não desabe de todo no chão.) - Lya Luft

+ Homens são passos; mulheres são perfumes Que se aproximam, param e se esquivam Sem lançar raízes nessa treva. Beijam-se às vezes, como num murmúrio, Pra depois, num mundo só de beijos... - Lya Luft

+ Esta experiência, esta vida, é nossa única chance de sermos nós mesmos. - Lya Luft

+ Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida. - Lya Luft

+ Cultivo alegrias no jardim onde estamos eu, os sonhos idos, os velhos amores e seus segredos... - Lya Luft

+ Vou procurar um amor bom para mim - no qual me reconheço e me reencontro, me refaço e me amplio, me exploro, me descubro. - Lya Luft

+ Vamos nos acostumar a viver na estranheza, na esquisitice, protegendo-nos como podemos de atos, fatos e idéias bizzaros. - Lya Luft

+ O mal parece não ter conserto: corrige aqui, piora ali. - Lya Luft

+ ‎Meu território é outro... faço parte da manada que corre para o impossível! - Lya Luft

+ Mas não me consolem: da minha dor, sei eu. - Lya Luft

+ Os nossos sonhos e sustos sopram em nossos ouvidos quando menos esperamos. - Lya Luft

+ Não saber exatamente o que queremos, mas procurar, achar e perder, e continuar buscando, na mais saudável inquietação, é que torna a vida tão fascinante, e faz valer a pena. Lya Luft Postado por Miryam Gotti - Lya Luft

+ "Construir um ser humano, um nós, é um trabalho que não dá férias nem concede descanso: haverá paredes frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras. Quem sabe um pedaço que vai desabar? Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol" - Lya Luft

+ Os filhos do lixo "Gravei a tristeza, a resignação, a imagem das crianças minúsculas e seminuas, contentes comendo lixo. Sentadas sobre o lixo. Uma cuidando do irmãozinho menor, que escalava a montanha de lixo. Criadas, como suas mães, acreditando que Deus queria isso" Há quem diga que dou esperança; há quem proteste que sou pessimista. Eu digo que os maiores otimistas são aqueles que, apesar do que vivem ou observam, continuam apostando na vida, trabalhando, cultivando afetos e tendo projetos. Às vezes, porém, escrevo com dor. Como hoje.Acabo de assistir a uma reportagem sobre crianças do Brasil que vivem do lixo. Digamos que são o lixo deste país, e nós permitimos ou criamos isso. Eu mesma já vi com estes olhos gente morando junto de lixões, e crianças disputando com urubus pedaços de comida estragada para matar a fome.A reportagem era uma história de terror – mas verdadeira, nossa, deste país. Uma jovem de menos de 20 anos trazia numa carretinha feita de madeiras velhas seus três filhos, de 4, 2 e 1 ano. Chegavam ao lixão, e a maiorzinha, já treinada, saía a catar coisas úteis, sobretudo comida. Logo estavam os três comendo, e a mãe, indagada, explicou com simplicidade: "A gente tem de sobreviver, né?". O relato dessa quase adolescente e o de outras eram parecidos: todas com filhos pequenos, duas novamente grávidas e, como diziam, vivendo a sua sina – como sua mãe, e sua avó, antes delas. Uma chorou, dizendo que tinha estudado até a 8ª série, mas então precisou ajudar em casa e foi catar lixo, como outras mulheres da família. "Minha sina", repetiu, e olhou a filha que amamentava. "E essa aí?", perguntou a jornalista. "Essa aí, bom, depende, tomara que não, mas Deus é quem sabe. Se Ele quiser..."Os diálogos foram mais ou menos assim; repito de memória, não gravei. Mas gravei a tristeza, a resignação, a imagem das crianças minúsculas e seminuas, contentes comendo lixo. Sentadas sobre o lixo. Uma cuidando do irmãozinho menor, que escalava a montanha de lixo. Criadas, como suas mães, acreditando que Deus queria isso. Não sei como é possível alguém dizer que este país vai bem enquanto esses fatos, e outros semelhantes, acontecem. Pois, sendo na nossa pátria, não importa em que recanto for, tudo nos diz respeito, como nos dizem respeito a malandragem e a roubalheira, a mentira e a impunidade e o falso ufanismo. Ouvimos a toda hora que nunca o país esteve tão bem. Até que em algumas coisas, talvez muitas, melhoramos. Temos vacinas. Existem hospitais e ensino públicos – ainda que atrasados e ruins. Temos alguns benefícios, como aposentadoria – embora miserável –, e estabilidade econômica aparente. Andamos um pouco mais bem equipados do que 100 anos atrás.Mas quem somos, afinal? Que país somos, que gente nos tornamos, se vemos tudo isso e continuamos comendo, bebendo, trabalhando e estudando como se nem fosse conosco? Deve ser o nosso jeito de sobreviver – não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem. Pois, se nos convencermos de que isso acontece no nosso meio, no nosso país, talvez na nossa cidade, e nos sentirmos parte disso, responsáveis por isso, o que se poderia fazer?Pelo menos, reclamar. Achar que nem tudo está maravilhoso. Procurar eleger pessoas de bem, interessadas, que cuidassem dos lixões, dos pobrezinhos, da saúde pública, dos leitos que faltam aos milhares, dos colégios desprovidos, de tudo isso que cansativa mas incansavelmente tantos de nós têm dito e escrito. Que pelo menos a gente saiba e, em vez de disfarçar, espalhe. Não para criar hostilidade e desordem, mas para mudar um pouquinho essa mentalidade. Nunca mais crianças brasileiras sendo filhas do lixo, nem mães dizendo que aquela é a sua sina, porque Deus quer assim. Deus não quer assim. Os deuses não inventaram a indiferença, a crueldade, o mal causado pelo homem. Nem mandaram desviar o olhar para não ver o menino metendo avidamente na boca restos de um bolo mofado, talvez sua única refeição do dia. E, naquele instante, a câmera captou sua irmãzinha num grande sorriso inocente atrás de um par de óculos cor-de-rosa que acabara de encontrar: e assim se iluminou por um breve instante aquela imensa, trágica realidade. - Lya Luft

+ O Bosque existe: é um dos meus lugares mágicos, onde minha imaginação anda de mãos dadas com a realidade. - Lya Luft