Frases de Machado De Assis
+ O interno não aguenta tinta. - Machado De Assis
+ Capítulo VIII Razão contra Sandice Já o leitor compreendeu que era a Razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair, clamando, e com melhor jus, as palavras de Tartufo: La maison est à moi, c´est à vous d'en sortir. Mas é sestro antigo da Sandice criar amor às casas alheias, de modo que, apenas senhora de uma, dificilmente lha farão despejar. É sestro; não se tira daí; há muito que lhe calejou a vergonha. Agora, se advertirmos no imenso número de casas que ocupa, umas de vez, outras durante as suas estações calmosas, concluiremos que esta amável peregrina é o terror dos proprietários. No nosso caso, houve quase um distúrbio à porta do meu cérebro, porque a adventícia não queria entregar a casa, e a dona não cedia da intenção de tomar o que era seu. Afinal, já a Sandice se contentava com um cantinho no sótão. – Não, senhora, replicou a Razão, estou cansada de lhe ceder sótãos, cansada e experimentada, o que você quer é passar mansamente do sótão à sala de jantar, daí à de visitas e ao resto. – Está bem, deixe-me ficar algum tempo mais, estou na pista de um mistério... – Que mistério? – De dois, emendou a Sandice; o da vida e o da morte; peço-lhe só uns dez minutos. A Razão pôs-se a rir. – Hás de ser sempre a mesma coisa... sempre a mesma coisa... sempre a mesma coisa... E dizendo isto, travou-lhe dos pulsos e arrastou-a para fora; depois entrou e fechou-se. A Sandice ainda gemeu algumas súplicas, grunhiu algumas zangas; mas desenganou-se depressa, deitou a língua de fora, em ar de surriada, e foi andando... - Machado De Assis
+ - Meu senhor - respondeu-me um longo verme gordo - nós não sabemos absolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que roemos; nós roemos. (Dom Casmurro, pg. 36) - Machado De Assis
+ As pessoas valem o que vale a afeição da gente. - Machado De Assis
+ Quem escapa do perigo vive a vida com outra intensidade. - Machado De Assis
+ Trata de saborear a vida; e fica sabendo que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. - Machado De Assis
+ Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona – um triste molambo de mulher, – chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela. – É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía, neste mundo. – Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto? - Machado De Assis
+ Depois, querida, ganharemos o mundo! - Machado De Assis
+ As nossas paixões não aceleram nem moderam o passo do tempo. - Machado De Assis
+ Seria certo que nenhum coração simpatizava com seus secretos infortúnios ou suas venturas solitárias? - Machado De Assis
+ Ouça-me este conselho: em política, não se perdoa nem se esquece nada. - Machado De Assis
+ O coração, meio desenganado, agitou-se outra vez. - Machado De Assis
+ Não é a verdade que vence, é a convicção. - Machado De Assis
+ Já lá dizia o poeta que a verdade pode ser às vezes inverossímil. - Machado De Assis
+ Era homem como os outros; outros Aquiles andam por aí que são da cabeça aos pés um imenso calcanhar. - Machado De Assis
+ Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres. - Machado De Assis
+ Bem diz o Eclesiastes: Algumas vezes tem o homem domínio sobre outro homem para desgraça sua. O melhor de tudo, acrescento eu, é possuir-se a gente a si mesmo. - Machado De Assis
+ As mulheres que são apenas mulheres, choram, arrufam-se ou resignam-se; as que têm alguma coisa mais do que a debilidade feminina, lutam ou recolhem-se à dignidade do silêncio. - Machado De Assis
+ Aos quinze anos, tudo é infinito. - Machado De Assis
+ A vida é boa. - Machado De Assis
+ Será mesmo digna em todas as manhãs esta estranha sensação de estar-se perdendo a cada noite de sono? - Machado De Assis
+ Prazos largos são fáceis de se subscrever; a imaginação os faz infinitos. - Machado De Assis
+ O boato é um ente invisível e impalpável, que fala como um homem, está em toda a parte e em nenhuma, que ninguém vê de onde surge, nem onde se esconde, que traz consigo a célebre lanterna dos contos arábicos, a favor da qual se avantaja em poder e prestígio, a tudo o que é prestigioso e poderoso. - Machado De Assis
+ Não é mau este costume de escrever o que se pensa e o que se vê, e dizer isso mesmo quando não se vê nem pensa nada. - Machado De Assis
+ Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham... - Machado De Assis