Frases de Mario Quintana
+ O amor é igual a uma borboleta: quando você tenta pegá-la, ela foge, mas quando você está distraído, ela vem e pousa em você! - Mario Quintana
+ O amigo Amigo é a criatura que escuta todas as nossas coisas sem aquela cara que parece estar dizendo: – E eu com isso? - Mario Quintana
+ O adolescente A vida é tão bela que chega a dar medo, Não o medo que paralisa e gela, estátua súbita, mas esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz o jovem felino seguir para a frente farejando o vento ao sair, a primeira vez, da gruta. Medo que ofusca: luz! Cumplicentemente, as folhas contam-te um segredo velho como o mundo: Adolescente, olha! A vida é nova… A vida é nova e anda nua – vestida apenas com o teu desejo! - Mario Quintana
+ O aborto não é, como dizem, simplesmente um assassinato. É um roubo... Nem pode haver roubo maior. Porque, ao malogrado nascituro, rouba-se-lhe este mundo, o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo infinito. - Mario Quintana
+ Nunca Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar… Por isso o meu verso tem essa quase imperceptível tremor... A vida é triste, o mundo é louco! Nem vale a pena matar-se por isso. Nem por ninguém. Por nenhum amor… A vida continua, indiferente! - Mario Quintana
+ Nunca me dê o Céu...Quero é sonhar com ele na inquietação feliz do Purgatório. - Mario Quintana
+ Nunca me acertei bem com os padres, os críticos e com os canudinhos de refresco. - Mario Quintana
+ Nunca dês um nome ao rio. Sempre há outro rio a passar. - Mario Quintana
+ Nós vivemos a temer o futuro, mas é o passado que nos atropela e mata. - Mario Quintana
+ Nós todos levamos o anel da morte e um dia temos de o trocar com ela. - Mario Quintana
+ Nós só amamos os amigos mortos E só as amadas mortas amam eternamente... - Mario Quintana
+ Nós não perdemos os mortos, os mortos é que nos perdem. - Mario Quintana
+ Nos foram dadas duas pernas para andar, as duas mãos para segurar, dois ouvidos para ouvir, dois olhos para ver…mas por que só um coração? Porque o outro foi dado a alguém para nos encontrar. - Mario Quintana
+ Nos acontecimentos, sim, é que há destino: Nos homens, não - espuma de um segundo... Se Colombo morresse em pequenino, O Neves descobriria o Novo Mundo. - Mario Quintana
+ No silêncio das noites soluçam as almas pelas torneiras das pias. - Mario Quintana
+ No retrato que me faço - traço a traço - Às vezes me pinto nuvem Às vezes me pinto árvore... - Mario Quintana
+ No fim você vai ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar… - Mario Quintana
+ No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento... - Mario Quintana
+ No fim a gente acaba descobrindo que até a imaginação tem um teto. E muito baixo até. - Mario Quintana
+ No dia em que estiveres muito cheio de incomodações, imagina que morreste anteontem... Confessa: tudo aquilo teria mesmo tanta importância? - Mario Quintana
+ No começo eu era só certezas. No meio eu era só dúvidas. Agora é o final e eu só duvido. - Mario Quintana
+ No céu é sempre domingo. E a gente não tem outra coisa a fazer senão ouvir os chatos. E lá é ainda pior que aqui, pois se trata dos chatos de todas as épocas do mundo. - Mario Quintana
+ No ano passado... Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte: "Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados". Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos... Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado. Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova. - Mario Quintana
+ Neste mundo de tantos espantos, Cheios das mágicas de Deus, O que existe de mais sobrenatural, São os ateus. - Mario Quintana
+ Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras. - Mario Quintana