Frases de Mario Quintana

+ Fazia tanto calor que as sombras se ocultavam debaixo da barriga dos cavalos e da copa das árvores. - Mario Quintana

+ Família desencontrada O verão é um senhor gordo sentado na varanda reclamando cerveja. O inverno é o vovozinho tiritante. O outono, um tio solteirão. A primavera, em compensação, é uma menina pulando corda. - Mario Quintana

+ Eu sonho com um poema Cujas palavras sumarentas escorram Como a polpa de um fruto maduro em tua boca, Um poema que te mate de amor Antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido, Basta provares o seu gosto. - Mario Quintana

+ Eu quero o mapa das nuvens e um barco bem vagaroso. - Mario Quintana

+ Eu quero é teu calor animal Mas onde já se ouviu falar num amor à distância? Num tele amor? Num amor de longe. Eu sonho é um amor pertinho. E depois esse calor humano é uma coisa que todos - até os executivos têm. É algo que acaba se perdendo no ar No vento No frio que agora faz. Escuta! O que eu quero O que eu amo O que eu desejo em ti É teu calor animal. - Mario Quintana

+ EU QUERIA TRAZER-TE UNS VERSOS MUITO LINDOS Eu queria trazer-te uns versos muito lindos colhidos no mais íntimo de mim... Suas palavras seriam as mais simples do mundo, porém não sei que luz as iluminaria que terias de fechar teus olhos para as ouvir... Sim! Uma luz que viria de dentro delas, como essa que acende inesperadas cores nas lanternas chinesas de papel! Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento da Poesia... como uma pobre lanterna que incendiou! - Mario Quintana

+ — Eu queria propor-lhe uma troca de ideias... — Deus me livre! - Mario Quintana

+ Eu ouço música como quem apanha chuva: resignado e triste de saber que existe um mundo do Outro Mundo... Eu ouço música como quem está morto e sente já um profundo desconforto de me verem ainda neste mundo de cá... Perdoai, maestros, meu estranho ar! Eu ouço música como um anjo doente que não pode voar. - Mario Quintana

+ Eu não tenho paredes. Só tenho horizontes!! - Mario Quintana

+ Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas. - Mario Quintana

+ Eu me esqueci no armário. Pensei estar vivendo, estudando, trabalhando, sendo! Pensei ter amado e odiado, aprendido e ensinado, fugido e lutado, confundido e explicado. Mas hoje, surpreso, me vi no armário embutido calado, sozinho, perdido, parado. - Mario Quintana

+ Eu estava dormindo e me acordaram E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco... E quando eu começava a compreendê-lo Um pouco, Já eram horas de dormir de novo! - Mario Quintana

+ Eu escrevi um poema triste Eu escrevi um poema triste E belo, apenas da sua tristeza. Não vem de ti essa tristeza Mas das mudanças do Tempo, Que ora nos traz esperanças Ora nos dá incerteza... Nem importa, ao velho Tempo, Que sejas fiel ou infiel... Eu fico, junto à correnteza, Olhando as horas tão breves... E das cartas que me escreves Faço barcos de papel! - Mario Quintana

+ Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade... - Mario Quintana

+ Esta vida é uma estranha hospedaria, De onde se parte quase sempre às tontas, Pois nunca as nossas malas estão prontas, E a nossa conta nunca está em dia. - Mario Quintana

+ Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo... - Mario Quintana

+ Esses padres conhecem mais pecados do que a gente... - Mario Quintana

+ Esse estranho que mora no espelho (e é tão mais velho do que eu) olha-me de um jeito de quem procura adivinhar quem sou. - Mario Quintana

+ Essas distâncias astronômicas não são tão grandes assim: basta estenderes o braço e tocar no ombro do teu vizinho. - Mario Quintana

+ Essa lembrança que nos vem às vezes... folha súbita que tomba abrindo na memória a flor silenciosa de mil e uma pétalas concêntricas... Essa lembrança... mas de onde? de quem? Essa lembrança talvez nem seja nossa, mas de alguém que, pensando em nós, só possa mandar um eco do seu pensamento nessa mensagem pelos céus perdida... Ai! Tão perdida que nem se possa saber mais de quem! - Mario Quintana

+ Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um. - Mario Quintana

+ Esperança Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem Atira-se E — ó delicioso voo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança... E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA... - Mario Quintana

+ Escrevo diante da janela aberta. Minha caneta é cor das venezianas: Verde!... E que leves, lindas filigranas Desenha o sol na página deserta! Não sei que paisagista doidivanas Mistura os tons... acerta... desacerta... Sempre em busca de nova descoberta, Vai colorindo as horas quotidianas... Jogos da luz dançando na folhagem! Do que eu ia escrever até me esqueço... Para quê pensar? Também sou da paisagem... Vago, solúvel no ar, fico sonhando... E me transmuto... iriso-me... estremeço... Nos leves dedos que me vão pintando! - Mario Quintana

+ Escadas de caracol Sempre São misteriosas: conturbam... Quando as desce, a gente Se desparafusa... Quando a gente as sobe Se parafusa (...) - Mario Quintana

+ Era uma vez duas pulguinhas que passaram a vida inteira economizando e compraram um cachorro só pra elas... - Mario Quintana