Frases de Mia Couto

+ TINHA TANTO... Tinha tanto medo de solidão que nem espantava as moscas - Mia Couto

+ "O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”. ( (Fala de Tuahir), em "Terra sonâmbula", São Paulo: Companhia das Letras, 2007.) - Mia Couto

+ Para Ti Foi para ti que desfolhei a chuva para ti soltei o perfume da terra toquei no nada e para ti foi tudo Para ti criei todas as palavras e todas me faltaram no minuto em que talhei o sabor do sempre Para ti dei voz às minhas mãos abri os gomos do tempo assaltei o mundo e pensei que tudo estava em nós nesse doce engano de tudo sermos donos sem nada termos simplesmente porque era de noite e não dormíamos eu descia em teu peito para me procurar e antes que a escuridão nos cingisse a cintura ficávamos nos olhos vivendo de um só amando de uma só vida - Mia Couto

+ O bom do caminho é haver volta. Para ida sem vinda Basta o tempo. - Mia Couto

+ Uma coisa aprendi na vida. Quem tem medo da infelicidade nunca chega a ser feliz. - Mia Couto

+ Salvar é uma grande palavra. E amor é uma palavra ainda maior. Grandes palavras escondem grandes enganos. - Mia Couto

+ Cozinhar é um modo de amar os outros. - Mia Couto

+ A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. - Mia Couto

+ Nós temos hoje gente com dinheiro. Isso em si mesmo não é mau. Mas esses endinheirados não são ricos. Ser rico é outra coisa. Ser rico é produzir emprego. Ser rico é produzir riqueza. Os nossos novos-ricos são quase sempre predadores, vivem da venda e revenda de recursos nacionais. (E se Obama fosse africano?) - Mia Couto

+ semente No início, eu queria um instante. A flor. Depois, nem a eternidade me bastava. E desejava a vertigem do incêndio partilhado. O fruto. Agora, quero apenas o que havia antes de haver vida. A semente. - Mia Couto

+ Fui Sabendo de Mim Fui sabendo de mim por aquilo que perdia pedaços que saíram de mim com o mistério de serem poucos e valerem só quando os perdia fui ficando por umbrais aquém do passo que nunca ousei eu vi a árvore morta e soube que mentia - Mia Couto

+ Cidadãos ativos: Não se pode governar um país como se a política fosse um quintal e a economia fosse um bazar. Ao avaliar um regime de governação precisamos, no entanto, de ir mais fundo e saber se as questões não provêm do regime mas do sistema e a cultura que esse sistema vai gerando. Pode-se mudar o governo e tudo continuará igual se mantivermos intacto o sistema de fazer economia, o sistema que administra os recursos da nossa sociedade. Nós temos hoje gente com dinheiro. Isso em si mesmo não é mau. Mas esses endinheirados não são ricos. Ser rico é outra coisa. Ser rico é produzir emprego. Ser rico é produzir riqueza. Os nossos novos-ricos são quase sempre predadores, vivem da venda e revenda de recursos nacionais. Afinal, culpar o governo ou o sistema e ficar apenas por aí é fácil. Alguém dizia que governar é tão fácil que todos o sabem fazer até ao dia em que são governo. A verdade é que muitos dos problemas que nós vivemos resultam da falta de resposta nossa como cidadãos ativos. Resulta de apenas reagirmos no limite quando não há outra resposta senão a violência cega. Grande parte dos problemas resulta de ficarmos calados quando podemos pensar e falar. (E se Obama fosse africano?) - Mia Couto

+ Flores Ninguém oferece flores. A flor, em sua fugaz existência, já é oferenda. Talvez, alguém, de amor, se ofereça em flor. Mas só a semente oferece flores. - Mia Couto

+ Não quero o primeiro beijo: basta-me o instante antes do beijo. Quero-me corpo ante o abismo, terra no rasgão do sismo. O lábio ardendo entre tremor e temor, o escurecer da luz no desaguar dos corpos: o amor não tem depois. Quero o vulcão que na terra não toca: o beijo antes de ser boca. "Mia Couto" - Mia Couto

+ Não fomos feitos para caber numa receita puritana encomendada para domesticar e padronizar o mundo. O discurso do politicamente correto é um crime contra as nossas nações, contra originalidade e a diversidade dos nossos povos. (na Conferência do Fronteiras do Pensamento 2012) - Mia Couto

+ O mar foi ontem o que o idioma pode ser hoje, basta vencer alguns Adamastores. - Mia Couto

+ De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem? De que vale acordar se o que vivo é menos do que o que sonhei? (VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS) - Mia Couto

+ Injustiça é o mundo prosseguir assim mesmo quando desaparece quem mais amamos. - Mia Couto

+ Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em UM. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural. - Ninguéns. - - Mia Couto

+ “Os sonhos são cartas que enviamos a nossas outras, restantes vidas.” - Mia Couto

+ Horário do Fim morre-se nada quando chega a vez é só um solavanco na estrada por onde já não vamos morre-se tudo quando não é o justo momento e não é nunca esse momento - Mia Couto

+ "Quando as teias da aranha se juntam, elas podem amarrar um leão”. (Provérbio africano), em "A confissão da leoa", Lisboa: Editorial Caminho, 2012.) - Mia Couto

+ Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer. – Levanta, ó dono das preguiças. - Mia Couto

+ " As pálpebras limpam os olhos das poeiras. Que pálpebras limpam as poeiras do coração? (In " Na berma de nenhuma estrada " - página 175) - Mia Couto

+ O BEIJO E A LÁGRIMA Quero um beijo, pediu ela. Um sismo abalou o peito dele. E devotou o calor de lava dos seus lábios, entontecida água na cascata. Entusiamado, ele se preparou para, de novo, duplicar o corpo e regressar à vertigem do beijo. Mas ela o fez parar. Só queria um beijo. Um único beijo para chorar. Há anos que não pranteava. E a sua alma se convertia em areia do deserto. Encantada, ela no dedo recolheu a lágrima. E se repetiu o gesto com que Deus criou o Oceano. - Mia Couto