Frases de Millôr Fernandes
+ Me arrancaram tudo à força e depois me chamam de contribuinte. - Millôr Fernandes
+ "A economia compreende todas as atividades do país, mas nenhuma atividade do país compreende a economia." - Millôr Fernandes
+ Um dia, mais dia menos dia, acaba-se o dia-a-dia... - Millôr Fernandes
+ Se o latido dos cães chegasse ao céu, chovia osso. - Millôr Fernandes
+ Saudação aos que vão Ficar Como será o Brasil no ano dois mil? As crianças de hoje, já velhinhas então, lembrarão com saudade deste antigo país, desta velha cidade? Que emoção, que saudade, terá a juventude, acabada a gravidade? Respeitarão os papais cheios de mocidade? Que diferença haverá entre o avô e o neto? Que novas relações e enganos inventarão entre si os seres desumanos? Que lei impedirá, libertada a molécula que o homem, cheio de ardor, atravesse paredes, buscando o seu amor? Que lei de tráfego impedirá um inquilino - ante o lugar que vence - de voar para lugar distante na casa que não lhe pertence? Haverá mais lágrimas ou mais sorrisos? Mais loucura ou mais juízo? E o que será loucura? E o que será juízo? A propriedade, será um roubo? O roubo, o que será? Poderemos crescer todos bonitos? E o belo não passará a ser feiura? Haverá entre os povos uma proibição de criar pessoas com mais de um metro e oitenta? Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos) não farão às ocultas, homens especiais que, de repente, possam duplicar o próprio tamanho? Quem morará no Brasil, no ano dois mil? Que pensará o imbecil no ano dois mil? Haverá imbecis? Militares ou civis? Que restará a sonhar para o ano três mil no ano dois mil? in "Pif-Paf" - Millôr Fernandes
+ Religião: Resumo de todas As descrenças. Desprezo por quem acha Que existe o que não há. - Millôr Fernandes
+ P. O curso do rio, dá diploma? R. Só se o sujeito for muito pro fundo. P. Camisa de onze varas, vem com punho duplo? R. Pelo contrário, vem com manga de colete. P. Corrente marinha, serve pra amarrar cachorros? R. Não, mas serve pra arrastar imbecis. P. Dor de dente, dói? R. Não, o que dói é a anestesia. P. Na Bienal, tem fratura exposta? R. Quando os críticos entram em desacordo. P. Um perneta, pode passar a perna em alguém? R. Se pode! Com um pé nas costas. - Millôr Fernandes
+ O homem é um animal inviável - Millôr Fernandes
+ Nunca ninguém perdeu dinheiro apostando na desonestidade. - Millôr Fernandes
+ POEMINHA SEM OBJETIVO Me elogia, vai! Escreve um troço, aí! Não dói não; faz de conta Que eu morri. - Millôr Fernandes
+ O homem é o câncer da natureza. - Millôr Fernandes
+ Nunca tantos deveram tanto a tão porcos - Millôr Fernandes
+ Nesse ritmo de incompetência as civilizações tropicais vão acabar morrendo de frio. - Millôr Fernandes
+ Nem só comer e coçar é questão de começar. Viver também. - Millôr Fernandes
+ Maturidade O desenvolvimento cerebral Nunca se compara ao abdominal. - Millôr Fernandes
+ Lição primeira e única – amor não é coisa para amador. - Millôr Fernandes
+ "Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados." - Millôr Fernandes
+ Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira pra matar. - Millôr Fernandes
+ Fascínio No centro, os dois pequenos buracos se abrindo num promontório, embaixo do qual outro buraco, um pouco maior, no sentido horizontal, ao abrir, mostra o brilho ocasional de retângulos de esmalte claro, quase branco. Em cima duas contas brilhantes, cor verde-cinza, capazes de um movimento rápido e inesperado. Riscos em volta, uns mais profundos, outros menos, sinais do código do tempo representando número de anos. Cada risco um determinado número de anos. Olho, fascinado. Todo dia olho, fascinado. Colados à direita e à esquerda do círculo em que se incrustam os buracos e as contas brilhantes acima, dois pedaços mais ou menos semicirculares do mesmo material da estrutura geral servem para captar sons, como conchas de um aparelho acústico. Pontos negros, marcas, cicatrizes de acontecimentos de outra forma esquecidos. Eis minha cara. Olho-a sempre e muito. Tenho mesmo a impressão de que jamais olhei tanto tempo, tantos anos, todo dia, uma mesma coisa. Gosto dela? Não gosto? Qual a minha opção? Só a de não olhá-la. Mas que outra se ofereceria assim, com tal intimidade, entra ano sai ano? Tenho de olhá-la para sempre e um dia. Ela me representa mais do que qualquer outra coisa, meu reflexo e minha delação, as pessoas me julgam por ela, me acusam por ela, me amam por ela e por ela me detestam. Na minúcia de seus poros, porém, só eu a conheço. E, se não a amo, não posso abandoná-la. O único afastamento que me permito é do próprio espelho, eu caminhando de costas, sem tirar os olhos dela, até que ela desapareça numa curva do quarto e eu possa ter a impressão de que nunca mais vou vê-la. Pura ilusão, porque o fascínio meu por ela é apenas igual ao dela por mim. E, ao me sentar, sozinho, para tomar um uísque no bar vazio e enquanto espero alguém, a primeira coisa que vejo é ela, ali no espelho à minha frente, esperando, melancólica, por um uísque igual ao meu, servido do mesmo jeito, ao mesmo tempo, pelo mesmo garçom. Veja, 11 novembro 1976 - Millôr Fernandes
+ Deus é realmente um ser superior. Não há nada nem parecido no Governo Federal - Millôr Fernandes
+ Com que habilidade Você estraga Qualquer felicidade! - Millôr Fernandes
+ “Chato... Indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele.” - Millôr Fernandes
+ Certos escritores se pretendem eternos e são apenas intermináveis. - Millôr Fernandes
+ Bíblia me ensinou; "Cada coisa tem seu tempo." Paro hoje - em verdade parei ontem - o ciclo de pequenas lições de civismo para cego-surdo-mudos. Paro porque há uma hora de parar. Espero em Deus não ter que recomeçar. Foi bom sentir que alguns puderam ver, outros ouvir, uns raros se indignar. Quando surgem vozes mais competentes e aparelhadas do que a minha, cedo a vez. E posso dar ao meu leitor (na presunção de tê-Ios) descanso do enfado a que o submeti por tema, atualmente, quase irrelevante; a prepotência a serviço do crime. Paro com a melancolia de perder a admiração que tinha por dois ou três amigos. Paro com a satisfação de que, por mais erros que cometa, por mais contaminada que esteja pela metástase do país - nenhum de nós escapa - ainda é na imprensa, e quase só na imprensa, que o cidadão encontra um espaço de choque contra a insensibilidade patológica do nosso poder político-econômico. - Millôr Fernandes
+ Assim como não se Faz um omelete Sem quebrar os ovos Ninguém faz uma revolução Sem destruir os povos. - Millôr Fernandes