Frases de Millôr Fernandes

+ Ser pobre não é crime, mas ajuda muito a chegar lá. - Millôr Fernandes

+ Diga-me com quem andas e dir-te-ei [que língua, a nossa!] quem és. Pois é: Judas andava com Cristo. Cristo andava com Judas. - Millôr Fernandes

+ Nada é mais falso do que uma verdade estabelecida. - Millôr Fernandes

+ Eu sofro de mimfobia, eu tenho medo de mim mesmo e me enfrento todo dia. - Millôr Fernandes

+ Pode ser difícil encontrar agulha em palheiro. Mas não descalço. - Millôr Fernandes

+ Passado: É o futuro, usado. - Millôr Fernandes

+ Não ter vaidades é a maior de todas. - Millôr Fernandes

+ Machão não come mel - come abelha. - Millôr Fernandes

+ Quando o homem sabe que certa mulher já cedeu a alguém, ele não resiste em verificar se a história se repete. - Millôr Fernandes

+ O pior casamento é o que dá certo. - Millôr Fernandes

+ Inúmeros artistas contemporâneos não são artistas e, olhando bem, nem são contemporâneos. - Millôr Fernandes

+ Roube ainda hoje! Amanhã pode ser ilegal. - Millôr Fernandes

+ Se você não tem dúvidas é porque você está mal informado. - Millôr Fernandes

+ O preço da fidelidade é a eterna vigilância. - Millôr Fernandes

+ O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é o contrário. - Millôr Fernandes

+ O homem é um macaco que não deu certo. - Millôr Fernandes

+ Se você acha que está maluco é porque não está. Mas, se você acha que todo o mundo está maluco, então está. - Millôr Fernandes

+ Chapeuzinho Vermelho Era uma vez (admitindo-se aqui o tempo como uma realidade palpável, estranho, portanto, à fantasia da história) uma menina, linda e um pouco tola, que se chamava Chapeuzinho Vermelho. (Esses nomes que se usam em substituição do nome próprio chamam-se alcunha ou vulgo). Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias, monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais, ou seja, à margem dos rios. Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando lhe aparece um lobo, animal selvagem carnívoro do gênero cão e... (Um parêntesis para os nossos pequenos leitores — o lobo era, presumivelmente, uma figura inexistente criada pelo cérebro superexcitado de Chapeuzinho Vermelho. Tendo que andar na floresta sozinha, - natural seria que, volta e meia, sentindo-se indefesa, tivesse alucinações semelhantes.). Chapeuzinho Vermelho foi detida pelo lobo que lhe disse: (Outro parêntesis; os animais jamais falaram. Fica explicado aqui que isso é um recurso de fantasia do autor e que o Lobo encarna os sentimentos cruéis do Homem. Esse princípio animista é ascentralíssimo e está em todo o folclore universal.) Disse o Lobo: "Onde vais, linda menina?" Respondeu Chapeuzinho Vermelho: "Vou levar estes doces à minha avozinha que está doente. Atravessarei dunas, montes, cabos, istmos e outros acidentes geográficos e deverei chegar lá às treze e trinta e cinco, ou seja, a uma hora e trinta e cinco minutos da tarde". Ouvindo isso o Lobo saiu correndo, estimulado por desejos reprimidos (Freud: "Psychopathology Of Everiday Life", The Modern Library Inc. N.Y.). Chegando na casa da avozinha ele engoliu-a de uma vez — o que, segundo o conceito materialista de Marx indica uma intenção crítica do autor, estando oculta aí a idéia do capitalismo devorando o proletariado — e ficou esperando, deitado na cama, fantasiado com a roupa da avó. Passaram-se quinze minutos (diagrama explicando o funcionamento do relógio e seu processo evolutivo através da História). Chapeuzinho Vermelho chegou e não percebeu que o lobo não era sua avó, porque sofria de astigmatismo convergente, que é uma perturbação visual oriunda da curvatura da córnea. Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido, nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranóica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-súpero-anterior do encéfalo. (A tentativa muito comum da mulher ignorar a transformação do Homem é profusamente estudada por Kinsey em "Sexual Behavior in the Human Female". W. B. Saunders Company, Publishers.) Mas, para salvação de Chapeuzinho Vermelho, apareceram os lenhadores, mataram cuidadosamente o Lobo, depois de verificar a localização da avó através da Roentgenfotografia. E Chapeuzinho Vermelho viveu tranqüila 57 anos, que é a média da vida humana segundo Maltus, Thomas Robert, economista inglês nascido em 1766, em Rookew, pequena propriedade de seu pai, que foi grande amigo de Rousseau. Extraído do livro "Lições de Um Ignorante", José Álvaro Editor - Rio de Janeiro, 1967, pág. 31 - Millôr Fernandes

+ Goze. Quem sabe essa é a última dose? - Millôr Fernandes

+ Errar é humano. Botar a culpa nos outros também. - Millôr Fernandes

+ As pessoas que falam muito acabam sempre contando coisas que ainda não aconteceram. - Millôr Fernandes

+ Se durar muito tempo, a popularidade acaba tornando a pessoa impopular. - Millôr Fernandes

+ Quando a gente está cansado, dá uma bruta vontade de dizer que sim. - Millôr Fernandes

+ O homem é um animal que adora tanto as novidades que se o rádio fosse inventado depois da televisão haveria uma correria a esse maravilhoso aparelho completamente sem imagem. - Millôr Fernandes

+ O coração tem imbecilidades que a estupidez desconhece. - Millôr Fernandes