Frases de Olavo De Carvalho

+ Não creio ser possível desmentir estes fatos históricos: (1) Lutero e Calvino, embora pregando a livre interpretação da Bíblia, foram implacáveis na repressão a grupos dissidentes. (2) Os dissidentes perseguidos, por sua vez, também nada tinham de tolerantes ou democráticos. Eram fanáticos revolucionários. Foi só na América, para onde vieram fugidos, que alguns desses grupos aprenderam o valor da diversidade e da convivência democrática. - Olavo De Carvalho

+ Não creio que seja razoável um ser humano esperar da vida algo mais que o perdão final dos seus pecados. Tudo o mais é luxo. - Olavo De Carvalho

+ NÃO CORTEJAR "MINORIA" NENHUMA. NENHUMA. - Olavo De Carvalho

+ Não adianta nada definir a filosofia como “amor à sabedoria” e estudá-la, se você mesmo não busca a sabedoria dentro de si. E não se trata de uma simples busca pela sabedoria, mas da busca em transformar-se em um sábio. O sábio existe dentro de você apenas como um ideal remoto, mas este ideal remoto faz parte de você, e ele é você. Gradativamente, você irá absorvendo as outras partes inferiores, e essas partes comporão aspectos da personalidade do sábio. Essa personalidade jamais ficará pronta, pois sabedoria somente Deus tem — nós, como dizia Pitágoras, somos apenas amantes da sabedoria. - Olavo De Carvalho

+ Não aceite imitações. Fascismo bão, só o do PT. - Olavo De Carvalho

+ "Nada revela melhor a índole dos fins do que a natureza dos meios." - Olavo De Carvalho

+ "Nada revela mais a vulgaridade de uma mente do que o assanhamento por místicas orientais acompanhado de uma sobranceira ignorância do cristianismo. Infelizmente isso é endêmico." - Olavo De Carvalho

+ NADA estupidifica mais perfeitamente um ser humano do que o uso habitual do vocabulário das ciências naturais em contextos que escapam ao horizonte cognitivo próprio delas. O sujeito tem a impressão de que está nomeando a realidade das realidades, quando está apenas fazendo metáforas e metonímias muito vagabundas. - Olavo De Carvalho

+ Na minha juventude fiz muitas concessões ao culto brasileiro do medíocre e do banal, porque temia desagradar as pessoas. Era como se eu tivesse vergonha de ser mais concentrado e mais sério do que aquele bando de avoados e dispersos em torno. Só me tornei um homem maduro quando me livrei dessa fraqueza. - Olavo De Carvalho

+ Na lista das minhas obras inéditas, nem incluí, para evitar discussões extemporâneas, os seis volumes do 'Tratado de Astrocaracterologia', que, ao contrário do que imaginam os palpiteiros ignorantes, não é uma obra 'de' astrologia (nunca escrevi uma) e sim 'sobre' astrologia, uma obra de filósofo e não de astrólogo. - Olavo De Carvalho

+ Na infância eu me achava muito burro, o que acabou me ensinando a fazer algo que tantos brasileiros não sabem fazer: admitir claramente que não estou entendendo aquilo que não estou entendendo. - Olavo De Carvalho

+ Na esfera da inteligência rege o princípio da abundância: quanto mais falta, mais dá a impressão que sobra. - Olavo De Carvalho

+ Na adolescência eu já tinha o pressentimento de que tudo o que não dissesse respeito diretamente ao destino e aos sofrimentos dos seres humanos era só algum tipo de frescura. Praticamente todos os adultos em torno me pareciam crianças brincando. Ninguém era sério. Cheguei a essa conclusão não porque tivesse sofrido muito, pessoalmente, mas porque tinha VISTO muito sofrimento, muito acima do que eu podia explicar ou consolar. Aos quatorze anos, meus olhos já estavam cansados de ver tristezas. O universo que eu via era uma imensa creche, onde todo mundo estava dodói, mesmo com os bolsos cheios e estourando de saúde. Nada me deprimia mais do que a autocompaixão do homem rico, que cuidava de si mesmo como se fosse um doente terminal. O único exemplo de força que me chegou, e isto só por volta dos vinte anos, veio do meu amigo Otto. Ele NUNCA era o coitadinho que não tinha tempo para os problemas dos outros. - Olavo De Carvalho

+ Mutatis mutandis, nenhuma argumentação filosófica pode nada contra uma teologia, a não ser que ela própria se transforme numa espécie de teologia invertida, que negue aqueles fatos em vez de afirmá-los -- com o que deixará de atender ao princípio da auto-inteligibilidade e, portanto, de ser uma filosofia. - Olavo De Carvalho

+ Muitos símbolos e mitos pagãos reaparecem nos episódios da Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e nas doutrinas da Igreja. Daí alguns concluem que o cristianismo não é senão um prolongamento da sabedoria pagã. Outros querem que esses símbolos (como o dia do Natal) sejam banidos para 'purificar' a fé cristã. Os primeiros não entendem a diferença entre um mito meramente contado e um fato de dimensões míticas REALMENTE ACONTECIDO. Os segundos não entendem que a religião verdadeira e definitiva tem o direito e o poder de assimilar e cristianizar o que ela bem deseje. - Olavo De Carvalho

+ Muitos não entendem esta coisa tão simples: Colaboro com uma política que está moralmente certa sem presumir que ela seja estrategicamente sábia. - Olavo De Carvalho

+ Muitos filmes eu vejo só para tentar entender que merda esse pessoal de Hollywood tem na cabeça. É um enigma fascinante. - Olavo De Carvalho

+ Muitos escritos filosóficos são de alto valor literário, mas nem sempre os grandes filósofos são também grandes escritores. Não cabe comparar os voos poéticos de Platão com os rascunhos compactos de Aristóteles, a elegância e a graça de Leibniz com as desesperadoras circunvoluções verbais de Schelling ou a limpidez cristalina de Louis Lavelle com a complexa engenharia lógica de Edmund Husserl. - Olavo De Carvalho

+ Muito do que fazemos na vida -- às vezes, tudo -- é compensação de alguma tristeza que tivemos na infância ou na adolescência. No meu caso, sei exatamente que tristeza foi essa. Quando, no início da adolescência, comecei a me interessar por literatura, teatro, música clássica, história, filosofia, psicologia, teologia, entendi que tinha descoberto um tesouro infinitamente valioso, o alívio quase imediato da maioria dos padecimentos humanos. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que em geral as pessoas não apenas eram desprovidas de qualquer interesse por essas coisas, como tinham até um certo orgulho da sua indolência mental, acreditando piamente que acabariam por vencer todas as dificuldades da vida pela simples repetição dos automatismos rotineiros que lhes davam um sentimento de segurança na mesma medida em que, a longo prazo, garantiam o seu fracasso. Muitas dessas pessoas não escondiam o desprezo que sentiam pelas minhas preocupações, que elas diziam estratosféricas, e não raro o desprezo se manifestava como arrogância, agressividade e exclusão ostensiva. Aos poucos fui descobrindo que isso não acontecia só no meu ambiente social, mas era uma praga endêmica, uma constante da vída brasileira. Os melhores, os mais conscientes e mais sensíveis eram sistematicamente boicotados e escorraçados, jogados para o fundo de uma existência obscura e deprimente pela santa aliança da mediocridade com a arrogância, da inépcia com a vaidade, da indolência com o carreirismo. Eu SEMPRE soube que um dia teria de fazer algo contra isso. - Olavo De Carvalho

+ Minha sorte foi não ser professor universitário. Se fosse, teria sido tentado a iniciar um combate cultural pela expressão oral pura e simples, em vez de escrever livros primeiro. E teria só levado porrada sem conseguir persuadir ninguém. O livro ainda é e será sempre o instrumento maior nesse tipo de confronto. Principalmente se não é livro de mera polêmica jornalística, mas tem um valor cultural por si próprio. - Olavo De Carvalho

+ Minha idéia da revolução cultural surgiu com a leitura dos livros de Lima Barreto, onde eu confirmava da maneira mais dramática a minha convicção de que o mal do Brasil era o desprezo geral pelo conhecimento, secundado, como compensação imaginária, pelo amor idolátrico aos símbolos convencionais do 'status' intelectual: cargos, diplomas, honrarias, essa merda toda. Quando me convenci de que, sem corrigir isso, era inútil discutir 'problemas brasileiros', achei que estava na hora de fazer algo a respeito. - Olavo De Carvalho

+ Milagres são fatos da ordem física, só conhecíveis por observações, testemunhos e testes científicos. Não são, por si, objetos de 'fé', pois se o fossem não poderiam ser observados por descrentes. Isso quer dizer que uma opinião sobre milagres [...] só vale alguma coisa se emitida por alguém que tenha lido muitos relatos de milagres ou presenciado ele próprio algum milagre. Caso contrário, o sujeito está tomando um conceito abstrato -- ou, pior ainda, a mera palavra que o designa -- como se fosse a coisa conceituada. - Olavo De Carvalho

+ Milagre é uma ação que transcende, de maneira definitiva e irremediável, as possibilidades humanas, não tal ou qual estágio do desenvolvimento científico. Por exemplo, trazer um morto de volta à vida. Talvez a ciência possa fazê-lo algum dia, porém jamais, em hipótese alguma sem nenhuma intervenção material no cadáver e por meio de uma simples ordem proferida em voz alta. Isso não transcende 'as possibilidades da ciência atual', mas de toda e qualquer ciência humana concebível pelos séculos dos séculos. Não se trata de uma impossibilidade relativa, mas de uma impossibilidade lógica absoluta, derivada da pura e simples autocontradição. O milagre não reside no efeito em si e sim no meio empregado para obtê-lo. Se esse meio é, POR DEFINIÇÃO, inalcançável por qualquer ciência humana presente ou futura, existente ou por existir, o feito é miraculoso e ponto final: não porque a ciência 'ainda' não tenha explicação para ele e sim porque, mesmo se a tivesse, isso não a habilitaria a produzi-lo pelos mesmos meios empregados pelo operador do milagre. O sujeito que aprende 'método científico' sem ter idéia dos seus fundamentos lógicos aplica-o como quem quisesse consertar um relógio de pulso com um martelo de borracheiro. - Olavo De Carvalho

+ Mil vezes já expliquei que, se a conduta de um filósofo pode ser explicada pela hipocrisia, pelo fingimento proposital ou por algum distúrbio mental, não faz sentido apelar ao conceito de 'paralaxe cognitiva'. É óbvio: se algo tem uma explicação psicológica banal, para quê recorrer a um conceito histórico-cultural ao descrevê-lo? [...] Falei em paralaxe cognitiva mais especialmente a propósito de Kant e Marx. Nenhum dos dois era louco, nenhum dos dois era burro, nenhum dos dois era um farsante proposital. Nos casos de Maquiavel e Rousseau preferi explicações mais propriamente psicológicas: a inépcia, no primeiro caso, a autopersuasão histérica, no segundo. [...] Paralaxe cognitiva é o deslocamento (estrutural, entenda-se) entre o eixo de uma construção intelectual e o eixo da experiência real à qual nominalmente ela se refere. É um fenômeno cultural que aparece na história da filosofia, endemicamente, a partir do século XVII, e que, por definição, nada tem a ver com hipocrisia, mentira ou loucura pessoal. Em resumidas contas, a paralaxe cognitiva aparece quando o filósofo, no seu juízo perfeito e sem nenhum intuito de mentir, descreve como realidade aquilo que ele está pensando em vez do que está vendo. - Olavo De Carvalho

+ Meu maior orgulho e alegria nesta vida é ter conseguido criar uma família sólida, saudável, amorosa e imensamente divertida. Infelizmente, foi aos poucos que descobri o truque, de modo que só meus filhos mais jovens conseguiram se beneficiar do efeito. Os mais velhos que me perdoem, mas antigamente eu era muito burro nessas coisas. - Olavo De Carvalho