Frases de Pablo Neruda
+ Por que não nos deram grandes meses que durem um ano? - Pablo Neruda
+ Para que nada nos amarre, que não nos una nada. - Pablo Neruda
+ Os meus pensamentos foram-se afastando de mim, mas, chegado a um caminho acolhedor, repilo os tumultuosos pesares e detenho-me, de olhos fechados, enervado num aroma de afastamento que eu próprio fui conservando, na minha pequena luta contra a vida. Só vivi ontem. Ele tem agora essa nudez à espera do que deseja, selo provisório que nos vai envelhecendo sem amor. Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando. De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a este caminho, com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam. E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atónitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar... Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes. Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias... - Pablo Neruda
+ O teu riso Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso. - Pablo Neruda
+ o que crecí dentro de un árbol tendría mucho que decir, pero aprendí tanto silencio Silencio Yo que tengo mucho que callar y eso se conoce creciendo sin otro goce que crecer, sin más pasión que la substancia, sin más acción que la inocencia, y por dentro el tiempo dorado hasta que la altura lo llama para convertirlo en naranja. - Pablo Neruda
+ O meu coração procura-a, ela não está comigo. - Pablo Neruda
+ "...nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, senão, amor, eu morro." - Pablo Neruda
+ NÃO FALTA ninguém no jardim. Não há ninguém: somente o inverno verde e negro, o dia desvelado como uma aparição, fantasma branco, de fria vestimenta, pelas escadas dum castelo. É hora de não chegar ninguém, apenas caem as gotas que vão espalhando o rocio nestes ramos desnudos pelo inverno e eu e tu nesta zona solitária, invencíveis, sozinhos, esperando que ninguém chegue, não, que ninguém venha com sorriso ou medalha ou predisposto a propor-nos nada. Esta é a hora das folhas caídas, trituradas sobre a terra, quando de ser e de não ser voltam ao fundo despojando-se de ouro e de verdura até que são raízes outra vez e outra vez mais, destruindo-se e nascendo, sobem para saber a primavera. Ó coração perdido em mim, em minha própria investidura, generosa transição te povoa! Eu não sou o culpado de ter fugido ou de ter acudido: não me pôde gastar a desventura! A própria sorte pode ser amarga à força de beijá-la cada dia e não tem caminho para livrar-se do sol senão a morte. Que posso fazer se me escolheu a estrela para ser um relâmpago, e se o espinho me conduziu à dor de alguns que são muitos? O que fazer se cada movimento de minha mão me aproximou da rosa? Devo pedir perdão por este inverno, o mais distante, o mais inalcançável para aquele homem que buscava o frio sem que ninguém sofresse por sua sorte? E se entre estes caminhos – França distante, números de névoa – volto ao recinto da minha própria vida – um jardim só, uma comuna pobre – e de repente um dia igual a todos descendo as escadas que não existem vestido de pureza irresistível, e existe o olor de solidão aguda, de umidade, de água, de nascer de novo: que faço se respiro sem ninguém, por que devo sentir-me malferido? - Pablo Neruda
+ Nada podem teus olhos doces, como nada puderam as estrelas que me abrasam os olhos e as faces. Escureceu-me a vista o mal de amor e na doce fonte do meu sonho outra fonte tremida se reflecte. Depois... Pergunta a Deus porque me deram o que me deram e porque depois conheci a solidão do céu e da terra. Olha, minha juventude foi um puro botão que ficou por rebentar e perde a sua doçura de seiva e de sangue. O sol que cai e cai eternamente cansou-se de a beijar... E o outono. Pai, nada podem teus olhos doces. E na noite imensa com as feridas de ambos seguirei. - Pablo Neruda
+ meus pés quererão andar até onde você está dormindo mas eu continuarei vivendo - Pablo Neruda
+ Loving is short, forgetting is long. - Pablo Neruda
+ Ir levando no caminho os amores perdidos e os sonhos idos e os fatais sinais do olvido. Ir seguindo na dúvida das horas apagadas, pensando que todas as coisas se tornaram amargas para alongarmos mais a via dolorosa. - Pablo Neruda
+ "I want to tell you the ocean knows this: that life in its jewel boxes is endless as the sand, impossible to count, pure, and among the blood-colored grapes time has made the petal hard and shiny, made the jellyfish full of light and untied its knot, letting its musical threads fall from a horn of plenty made of infinite mother-of-pearl. I am nothing but the empty net which has gone on ahead of human eyes, dead in those darknesses, of fingers accustomed to the triangle, longitudes on the timid globe of an orange. I walked around as you do, investigating the endless star, and in my net, during the night, I woke up naked, the only thing caught: a fish, trapped inside the wind" - Pablo Neruda
+ Hoje é hoje com o peso de todo o tempo ido, com as asas de tudo o que será amanhã, hoje é o Sul do mar, a velha idade da água e a composição de um novo dia. À tua boca elevada à luz ou à lua se acresceram as pétalas de um dia consumido, e ontem vem trotando por sua rua sombria para que recordemos teu rosto que morreu. Hoje, ontem e amanhã se comem caminhando, consumimos um dia como uma vaca ardente, nosso gado espera com os dias contados, mas em teu coração pôs sua farinha o tempo, meu amor construiu um forno com barro de Temuco: tu és o pão de cada dia para minha alma. - Pablo Neruda
+ Depois dum amargor tu afastaste-te, e a princípio não percebi. Tu partiras tal como chegaste uma tarde para alentar meu coração mergulhado na profundidade dum desencanto. Depois perfumaste-te com meu pranto, fiz-te doçura do meu coração, agora tens aridez de nó, um novo desencanto, árvore nua que amanhã se tornará germinação. - Pablo Neruda
+ De tanto andar uma região que não figurava nos livros acostumei-me às terras tenazes em que ninguém me perguntava se me agradavam as alfaces ou se preferia a menta que devoram os elefantes. E de tanto não responder tenho o coração amarelo. - Pablo Neruda
+ Cais, às vezes, afundas em teu fosso de silêncio, em teu abismo de orgulhosa cólera, e mal consegues voltar, trazendo restos do que achaste pelas profunduras da tua existência. Meu amor, o que encontras em teu poço fechado? Algas, pântanos, rochas? O que vês, de olhos cegos, rancorosa e ferida? Não acharás, amor, no poço em que cais o que na altura guardo para ti: um ramo de jasmins todo orvalhado, um beijo mais profundo que esse abismo. - Pablo Neruda
+ Amor, meu amor, te vejo e quase uivo vem logo vem pra cá que eu quero meu ruivo. - Pablo Neruda
+ A Noite na Ilha Dormi contigo toda a noite junto ao mar, na ilha. Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono, entre o fogo e a água. Os nossos sonos uniram-se talvez muito tarde no alto ou no fundo, em cima como ramos que um mesmo vento agita, em baixo como vermelhas raízes que se tocam. 0 teu sono separou-se talvez do meu e andava à minha procura pelo mar escuro como dantes, quando ainda não existias, quando sem te avistar naveguei a teu lado e os teus olhos buscavam o que agora — pão, vinho, amor e cólera — te dou às mãos cheias, porque tu és a taça que esperava os dons da minha vida. Dormi contigo toda a noite enquanto a terra escura gira com os vivos e os mortos, e ao acordar de repente no meio da sombra o meu braço cingia a tua cintura. Nem a noite nem o sono puderam separar-nos. Dormi contigo e, ao acordar, tua boca, saída do teu sono, trouxe-me o sabor da terra, da água do mar, das algas, do âmago da tua vida, e recebi teu beijo, molhado pela aurora, como se me viesse do mar que nos cerca. - Em "Os Versos do Capitão" - Pablo Neruda
+ A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo, ao longe alguém canta. Ao longe. - Pablo Neruda
+ A Esperança da Humanidade A vida política, porém, veio como um trovão desviar-me dos meus trabalhos. Regressei uma vez mais à multidão. A multidão humana foi a maior lição da minha vida. Posso chegar a ela com a inerente timidez do poeta, com o receio do tímido; mas, uma vez no seu seio, sinto-me transfigurado. Sou parte da essencial maioria, sou mais uma folha da grande árvore humana. Solidão e multidão continuarão a ser deveres elementares do poeta do nosso tempo. Na solidão, a minha vida enriqueceu-se com a batalha da ondulação no litoral chileno. Intrigaram-me e apaixonaram-me as águas combatentes e os penhascos combatidos, a multiplicação da vida oceânica, a impecável formação dos «pássaros errantes», o esplendor da espuma marítima. Mas aprendi muito mais com a grande maré das vidas, com a ternura vista em milhares de olhos que me viam ao mesmo tempo. Pode esta mensagem não ser possível a todos os poetas, mas quem a tenha sentido guardá-la-á no coração, desenvolvendo-a na sua obra. É memorável e desvanecedor para o poeta ter encarnado para muitos homens, durante um minuto, a esperança. Pablo Neruda, in "Confesso que Vivi" - Pablo Neruda
+ Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços, a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo. - Pablo Neruda
+ Eu não te amo como se fosse rosa de sal ou topázio ou a flecha de cravos que propagam o fogo Eu te amo como certas coisas obscuras devem ser amadas Em segredo entre a sombra e a alma Eu te amo como a planta que nunca floresce Mas carrega em si a luz de flores escondidas Graças a seu amor, uma certa fragrância sólida Que ascendeu da terra, vive, escura, em meu corpo Eu te amo sem saber como ou quando, ou onde Eu te amo diretamente sem complexidades ou orgulho Assim eu te amo porque não conheço outra maneira que essa Onde “eu” não existe nem “você” Tão perto que sua mão no meu peito é minha mão Tão perto que seus olhos se fecham enquanto eu adormeço - Pablo Neruda
+ A poesia é sempre um ato de paz. O poeta nasce da paz como o pão nasce da farinha. - Pablo Neruda