Frases de Rubem Alves

+ Sem inveja “O tico-tico não se ressente do canto da patativa, e até mesmo o aprova, achando melodioso. Mas, se não canto como você canta, você me chama de mentiroso". (Angelus Silesius, século XVII) (extraído do livro em PDF: ostra feliz não faz pérola) - Rubem Alves

+ Se a pretensão da religião terminasse aqui, tudo estaria bem. Porque não há leis que nos proíbam de sentir o que quisermos. O escândalo começa quando a religião ousa transformar tal sentimento, interior e subjetivo, numa hipótese acerca do universo. Podemos entender as razões por que o homem religioso não pode se satisfazer com o pássaro empalhado. A religião diz: "o universo inteiro faz sentido". Ao que a ciência retruca: "as pessoas religiosas sentem e pensam que o universo inteiro faz sentido". Aquela afirmação sagrada que ecoava de universo em universo, reverberando em eternidades e infinitos, a ciência aprisiona dentro do poço pequeno e escuro da subjetividade e da sociedade: ilusão, ideologia. O sentido da vida é destruído. Que pode restar da alegria das rãs, se o "lá fora" que o pintassilgo cantou não existir? Afirmar que a vida tem sentido é propor a fantástica hipótese de que o universo vibra com 124 os nossos sentimentos, sofre a dor dos torturados, chora a lágrima dos abandonados, sorri com as crianças que brincam.. . Tudo está ligado. Convicção de que, por detrás das coisas visíveis, há um rosto invisível que sorri, presença amiga, braços que abraçam, como na famosa tela de Salvador Dali. E é esta crença que explica os sacrifícios que se oferecem nos altares e as preces que se balbuciam na solidão. - Rubem Alves

+ Se a pretensão da religião terminasse aqui, tudo estaria bem. Porque não há leis que nos proíbam de sentir o que quisermos. - Rubem Alves

+ São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa… - Rubem Alves

+ Sábios são aqueles que, da multiplicidade, escolhem o essencial. Simplicidade é isso: escolher o essencial. - Rubem Alves

+ "Resta quanto tempo? Não sei. O relógio da vida não tem ponteiros. Só posso dizer: carpe diem - colha o dia - como um morango vermelho que cresce à beira do abismo. É o que eu faço". (Em “Sobre o otimismo e a esperança” – Concerto para corpo e alma. Página 160 – Editora Papirus – Campinas – São Paulo, 2012). - Rubem Alves

+ Religião é uma neurose coletiva, e a ciência é o lugar da verdade. - Rubem Alves

+ Quem tem muitas esperanças é um monte de cacos de vidro. Quem tem uma única esperança, é um vitral colorido de uma catedral. - Rubem Alves

+ Quem confunde coisas que significam com coisas que nada significam comete graves equívocos. - Rubem Alves

+ Que seus sonhos sejam os sonhos de Deus. - Rubem Alves

+ “Que mintam, mas que respeitem a minha inteligência! Mintam usando a imaginação! Por isso escrevia, em nome da inteligência, do possível e do humor: “Queremos mentiras novas!” (trecho extraído do livro em PDF: ostra feliz não faz pérola) - Rubem Alves

+ Quanto maior a beleza, maior também a tristeza. A beleza em solidão é sempre triste. Beleza solitária dá vontade de chorar. Para ser boa, a beleza exige, pelo menos, dois pares de olhos tranquilos se olhando, dois pares de mãos amigas brincando, e bocas de voz mansa sussurrando. - Rubem Alves

+ “Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado”. (trecho extraído da seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004.) - Rubem Alves

+ "Quando o meu amor luta contra o sofrimento e a morte, Deus luta também. E quando eu choro o sofrimento e a morte (...), Deus chora também. O amor dEle é infinito". (Em "Leandro" - Extraído do livro "Concerto para corpo e alma" – Página 111 – Editora Papirus – Campinas – São Paulo – 2012) - Rubem Alves

+ PSICANÁLISE: Conversa na recepção: Conversa vai, conversa vem, digo que sou psicanalista. A moça entra em pânico, temerosa de que eu tivesse poderes para ver a sua alma. “Eu já fiz terapia”, ela disse. “Mas agora estou resolvida.” Pergunto: “Quando se deu o óbito?”. Ela me olha sem entender. Óbito? Explico: as únicas pessoas resolvidas que conheço estão no cemitério. - Rubem Alves

+ Porque amor é algo que não se tem nunca. É o vento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro”. (em "Onde mora o Amor", do livro 'Tempus Fugit'. São Paulo: Edições Paulus, 1990.) - Rubem Alves

+ ''Pois a memória é o estômago da mente... Para ali vão as comidas mais variadas: umas saborosas e de digestão fácil, outras amargas e impossíveis de serem digeridas.'' - Rubem Alves

+ Pode ser que não acreditemos em deuses, mas bem que desejaríamos que eles existissem. - Rubem Alves

+ Perde a natureza sua aura sagrada. Nem os céus proclamam a glória de Deus, como acreditava Kepler, e terra anuncia o seu amor. Céus e terra não são o poema de um ser supremo invisível. E é por isto que não existe nenhum interdito, nenhuma proibição, nenhum tabu a cercá-los. A natureza é nada mais que uma fonte de matérias-primas, entidade bruta, destituída de valor. O respeito pelo rio e pela fonte. - Rubem Alves

+ "Penso que borboletas, seres alados, diáfanos e coloridos, devem ser emissários dos deuses, anjos que anunciam coisas do amor. Imaginei então que aquela borboleta era um anjo disfarçado que os deuses me enviavam com uma promessa de felicidade”. -(em "Na companhia de Rubem Alves: livro de anotações para mulheres". Editora Best Seller ltda, 2010.) - Rubem Alves

+ "Penso que borboletas, seres alados, diáfanos e coloridos, devem ser emissários dos deuses, anjos que anunciam coisas do amor. Imaginei então que aquela borboleta era um anjo disfarçado que os deuses me enviavam com uma promessa de felicidade." - Rubem Alves

+ Pato selvagem: Era uma vez um bando de patos selvagens que voava nas alturas. Lá de cima se via muito longe, campos verdes, lagos azuis, montanhas misteriosas e os pores de sol eram maravilhosos. Mas voar nas alturas era cansativo. Ao final do dia os patos estavam exaustos. Aconteceu que um dos patos, quando voava nas alturas, olhou para baixo e viu um pequeno sítio, casinha com chaminé, vacas, cavalos, galinhas… e um bando de patos deitados debaixo de uma árvore. Como pareciam felizes! Não precisavam trabalhar. Havia milho em abundância. O pato selvagem, cansado, teve inveja deles. Disse adeus aos companheiros, baixou seu voo e juntou-se aos patos domésticos. Ah! Como era boa a vida, sem precisar fazer força. Ele gostou, fez amizades. O tempo passou. Primavera, verão, outono, inverno… Chegou de novo o tempo da migração dos patos selvagens. E eles passavam grasnando, nas alturas… De repente o pato que fora selvagem começou a sentir uma dor no seu coração, uma saudade daquele mundo selvagem e belo, as coisas que ele via e não via mais: os campos, os lagos, as montanhas, os pores de sol. Aqui em baixo a vida era fácil, mas os horizontes eram tão curtos! Só se via perto! E a dor foi crescendo no seu peito até que não aguentou mais. Resolveu voltar a juntar-se aos patos selvagens. Abriu suas asas, bateu-as com força, como nos velhos tempos. Ele queria voar! Mas caiu e quase quebrou o pescoço. Estava pesado demais para o voo. Havia engordado com a boa vida… E assim passou o resto de sua vida, gordo e pesado, olhando para os céus, com nostalgia das alturas… (Ostra feliz não faz pérola) - Rubem Alves

+ PARAÍSO O brinquedo e a arte são as únicas atividades permitidas no Paraíso. O poeta, o artista, a criança: esses são os seres paradisíacos. No Paraíso não existe trabalho. Existe apenas brinquedo e arte. Recuperar a sapientia é lembrar-se da “filosofia” sem palavras que morava no corpo da criança. (livro "do universo à jabuticaba") - Rubem Alves

+ Para encerrar a conversa, a entrevistadora fez a última pergunta: “Como é que você se definiria?” Êta pergunta impossível de ser respondida! Porque definir, como o próprio nome está dizendo, vem do latim finis, fim. Definir é determinar os limites. Mas sei eu lá quais são os meus limites! Para respondê-la, eu teria de encontrar uma frase que não fosse definição, que apontasse para o sem limites. Aí eu me lembrei da frase que Robert Frost escolheu para sua lápide e disse que aquela era a definição de mim mesmo: “Ele teve um caso de amor com a vida”. Quero que estas sejam as palavras na minha lápide. (de “Ostra feliz não faz pérola”) - Rubem Alves

+ Os universos simbólicos, a religião, a história são expressões do esforço humano no sentido de tornar a natureza, o tempo e o espaço em função de si mesmo. Esforço titânico para antropologizar o universo todo, transformando-o numa extensão do corpo. - Rubem Alves