Frases de Rubem Alves

+ "Os que têm medo sonham. Porque tenho medo da cidade grande onde me perco eu sonho com cidade grande que posso amar. É uma utopia. Não existe. Mas não tem importância. Valéry perguntou: “Que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?” O que não existe socorre. Oscar Wilde, que sabia do socorro das coisas que não existem, escreveu: “Um mapa do mundo que não inclua o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a Humanidade constantemente chega. E quando a Humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar terra melhor…”." - Rubem Alves

+ Os flamboyants A manhã estava linda: céu azul, ventinho fresco. Infelizmente, muitas obrigações me aguardavam. Coisas que eu tinha de fazer. Aí, lembrei-me do menino-filósofo chamado Nietzsche que dizia que ficar em casa estudando, quando tudo é lindo lá fora, é uma evidência de estupidez. (Trecho extraído de texto do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), Fonte: Projeto Releitura) - Rubem Alves

+ Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver. Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna criança, jamais será sábio. - Rubem Alves

+ “Os antigos filósofos pensavam muito mais que liam. A invenção da imprensa modificou as coisas. Lê-se mais do que pensa”. (Em "Pensamentos que penso quando não estou pensando" Página 46 - 3a edição - Papirus – 2012) - Rubem Alves

+ Os animais sobrevivem pela adaptação física ao mundo. Os homens, ao contrário parece ser constitucionalmente desadaptados ao mundo, tal como ele lhes é dado. - Rubem Alves

+ Oração de uma criança “Deus, que os maus não sejam tão maus e que os bons não sejam tão chatos. Amém”. (em “ostra feliz não faz pérola (PDF)) - Rubem Alves

+ “Onde está a minha esperança? Numa multidão de indivíduos, independentemente do seu lugar social ou econômico, que vivem possuídos pelo sonho da vida, da beleza e da bondade. A esperança de Camus estava no mesmo lugar que a minha”. (Extraído do livro "Pimentas" - de Rubem Alves. Página 136 - Editora Planeta, São Paulo, 2014.) - Rubem Alves

+ o trabalho não é atividade que dá prazer, mas atividade que dá sofrimento. O homem trabalha porque não tem outro jeito. Trabalho forçado. Seu maior ideal: a aposentadoria. O prazer, ele irá encontrar fora do trabalho. E é por isto que ele se submete ao trabalho e ao pago do salário. - Rubem Alves

+ O ser humano se vê em um mundo que não lhe pertence e, para tentar escapar deste, cria para si um outro, em que o "princípio de prazer" se sobrepõe ao "princípio de realidade". - Rubem Alves

+ O sentido da vida: não há pergunta que se faça com maior angústia e parece que todos são por ela assombrados de vez em quando. Valerá a pena viver? A gravidade da pergunta se revela na gravidade da resposta. Porque não é raro vermos pessoas mergulhadas nos abismos da loucura, ou optarem voluntariamente pelo abismo do suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas, como observou Camus, se deixam matar por ideias ou ilusões que lhes dão razões para viver: boas razões para viver são também boas razões para morrer. Mas o que é isto, o sentido da vida? O sentido da vida é algo que se experimenta emocionalmente, sem que se saiba explicar ou justificar. Não é algo que se construa, mas algo que nos ocorre de forma inesperada e não preparada, como uma brisa suave que nos atinge, sem que saibamos donde vem nem para onde vai, e que experimentamos como uma intensificação da vontade de viver ao ponto de nos dar coragem para morrer, se necessário for, por aquelas coisas que dão à vida o seu sentido. É uma transformação de nossa visão do mundo, na qual as coisas se integram como em uma melodia, o que nos faz sentir reconciliados com o universo ao nosso 123 redor, possuídos de um sentimento oceânico, na poética expressão de Romain Rolland, sensação inefável de eternidade e infinitude, de comunhão com algo que nos transcende, envolve e embala, como se fosse um útero materno de dimensões cósmicas. "Ver um mundo em um grão de areia / e um céu numa flor silvestre,/ segurar o infinito na palma da mão / e a eternidade em uma hora" (Blake). O sentido da vida é um sentimento. - Rubem Alves

+ O sentido da vida: não há pergunta que se faça com maior angústia e parece que todos são por ela assombrados de vez em quando. Valerá a pena viver? A gravidade da pergunta se revela na gravidade da resposta. Porque não é raro vermos pessoas mergulhadas nos abismos da loucura, ou optarem voluntariamente pelo abismo do suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas, como observou Camus, se deixam matar por ideias ou ilusões que lhes dão razões para viver: boas razões para viver são também boas razões para morrer. - Rubem Alves

+ O sentido da vida é um sentimento. - Rubem Alves

+ O que tenho sentido? Beleza. Nostalgia. Tristeza. Cansaço. Urgência. A curteza do tempo. Um enorme desejo de passar uns tempos num mosteiro, longe de cartas, telefones, micros, viagens, e-mails, curtindo a solidão e a ausência de obrigações. - Rubem Alves

+ O que realmente importa: A vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira. Tenho terror de ser enganado. Se estiver para morrer, que me digam. Se me disserem que ainda me restam dez anos, continuarei a ser tolo, mosca agitada na teia das medíocres, mesquinhas rotinas do cotidiano. Mas se só me restam seis meses, então tudo se torna repentinamente puro e luminoso. Os não essenciais se despregam do corpo, como escamas inúteis. A Morte me informa sobre o que realmente importa. (Do universo à jabuticaba) - Rubem Alves

+ O que o homem deseja é que a mulher, esvaziada de tanto prazer – pois o prazer não esvazia? – olhe para ele e diga: ‘Como é bom que você exista’... Como disse o Nando, do Quarup: ‘Nós nascemos para sermos adorados como deuses...’. Esse é o nosso desejo. Por isso abocanhamos a isca e somos fisgados...' - Rubem Alves

+ o que as pessoas mais desejam - Rubem Alves

+ “... O Pensamento é uma coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real. A mente é o útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto: o pensamento. Ai, ele nasce...!” - Rubem Alves

+ O olho vê aquilo que o coração deseja. Quando o desejo é belo, o mundo fica cheio de luz, mas quando o desejo é ruim, o mundo se entristece... - Rubem Alves

+ O mundo humano, que é feito com trabalho e amor, é uma página em branco na sabedoria que nossos corpos herdaram de nossos antepassados. - Rubem Alves

+ O homem é um ser incondicionalmente livre e é com base nisso que deve realizar-se como ser moral. - Rubem Alves

+ “O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro. [...] Tudo adormecido”... O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar. As Palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos, num estado de hibernação, como sonhos. Nossos corpos são feitos de palavras”... ( na crônica 'Lagartas e borboletas', do livro "A alegria de ensinar". São Paulo: Ars Poética, 1994, p. 52.) - Rubem Alves

+ O ato de falar é um ato masculino. Fala é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido… Já o ato de ouvir é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado. Não me entenda mal. Não disse que fala é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos nós somos masculinos e femininos ao mesmo tempo. - Rubem Alves

+ “O amor se realiza quando recebemos de volta as coisas que amamos e perdemos”. (Extraído do livro Pensamentos que Penso Quando não Estou Pensando, Editora Papirus, 3ª Edição, página 64). - Rubem Alves

+ "Num lugar não muito longe daqui havia um poço fundo e escuro onde, desde tempos imemoriais, uma sociedade de rãs se estabelecera. Tão fundo era o poço que nenhuma delas jamais havia visitado o mundo de fora. Estavam convencidas que o universo era do tamanho do seu buraco. Havia sobejas evidências científicas para corroborar esta teoria e somente um louco, privado dos sentidos e da razão, afirmaria o contrário. Aconteceu, entretanto, que um pintassilgo que voava por ali viu o poço, ficou curioso, e resolveu investigar suas profundezas. Qual não foi sua surpresa ao descobrir as rãs! Mais perplexas ficaram estas, pois aquela estranha criatura de penas colocava em questão todas as verdades já secularmente sedimentadas e comprovadas em sua sociedade. O pintassilgo morreu de dó. Como é que as rãs podiam viver presas em tal poço, sem ao menos a esperança de poder sair? Claro que a ideia de sair era absurda para os batráquios, pois, se o seu buraco era o universo, não poderia haver um "lá fora". E o pintassilgo se pôs a cantar furiosamente. Trinou a brisa suave, os campos verdes, as árvores copadas, os riachos cristalinos, borboletas, flores, nuvens, estrelas. . . o que pôs em polvorosa a sociedade das rãs, que se dividiram. Algumas acreditaram e começaram a imaginar como seria lá fora. Ficaram mais alegres e até mesmo mais bonitas. Coaxaram canções novas. As outras fecharam a cara. Afirmações não confirmadas pela experiência não deveriam ser merecedoras de crédito, elas alegavam. O pintassilgo tinha de estar dizendo coisas sem sentido e mentiras. E se puseram a fazer a crítica filosófica, sociológica e psicológica do seu discurso. A serviço de quem estaria ele? Das classes dominantes? Das classes dominadas? Seu canto seria uma espécie de narcótico? O passarinho seria um louco? Um enganador? Quem sabe ele não passaria de uma alucinação coletiva? Dúvidas não havia de que o tal canto havia criado muitos problemas. Tanto as rãs-dominantes quanto as rãs-domi-nadas (que secretamente preparavam uma revolução) não gostaram das ideias que o canto do pintassilgo estava colocando na cabeça do povão. Por ocasião de sua próxima visita o pintassilgo foi preso, acusado de enganador do povo, morto, empalhado e as demais rãs proibidas, para sempre, de coaxar as canções que ele lhes ensinara. . ." - Rubem Alves

+ Nossa tradição filosófica fez seus sérios esforços no sentido de demonstrar que o homem é um ser racional, ser de pensamento. Mas as produções culturais que saem de suas mãos sugerem, ao contrário, que o homem é um ser de desejo. Desejo é sintoma de privação de ausência. - Rubem Alves