Frases de Sófocles
+ Édipo, rei de Tebas, suspeita que Creonte, seu cunhado, trama um golpe para tirar-lhe o poder. Creonte se defende: “Acreditas que alguém prefira o trono, com seus encargos e perigos, a uma vida tranquila, se também desfruta de poder idêntico? Por minha parte, ambiciono menos o título de rei do que o prestígio real, e como eu pensam todos quantos saibam limitar suas ambições. Hoje alcanço de ti tudo quanto desejo e nada tenho a temer... Se fosse eu o rei, muita coisa, certamente, faria contra a minha vontade... Como, pois, iria eu pretender a realeza, em troca de um valimento que não me causa a menor preocupação?Não me julgo tão insensato que venha a cobiçar o que não seja para mim, ao mesmo tempo honroso e proveitoso. Atualmente, todos me saúdam, todos me acolhem com simpatia; os que algo pretendem de ti, procuram conseguir minha intercessão; para muitos é graças a meu patrocínio que tudo se resolve. Como, pois, deixar o que tenho, para pleitear o que dizes? Tamanha perfídia seria também uma verdadeira tolice!” (Édipo Rei) - Sófocles
+ Céfalo — Certa vez, indagaram ao poeta Sófocles, em minha presença: — Qual é tua opinião a respeito do amor, Sófocles? Ainda te julgas capaz de amar? E ele respondeu: — Falemos baixo! Libertei-me do amor com o prazer de quem se liberta de um senhor colérico e truculento. A República de Platão - Sófocles
+ Tirésias: “Afirmo-te, pois: o homem que procuras há tanto tempo, por meio de ameaçadoras proclamações, sobre a morte de Laio, está aqui! Passa por estrangeiro domiciliado, mas logo se verá que é tebano de nascimento, e ele não se alegrará com essa descoberta. Ele vê, mas tornar-se-á cego; é rico, e acabará mendigando; seus passos o levarão à terra do exílio, onde tateará o solo com seu bordão. Ver-se-á, também que ele é ao mesmo tempo, irmão e pai de seus filhos, e filho e esposo da mulher que lhe deu a vida; e que profanou o leito de seu pai, a quem matara. Vai, Édipo! Pensa sobre tudo isso em teu palácio; se me convenceres de que minto, podes, então, declarar que não tenho nenhuma inspiração profética”. (Édipo Rei) - Sófocles
+ “Só o tempo que tudo vê, logrou, enfim, ao cabo de tantos anos, condenar esse himeneu abominável, que fez de ti pai, com aquela de quem eras filho! Filho de Laio, prouvera aos deuses que nunca te houvéramos visto! Condoído, eu choro tua desgraça, com lamentações da mais sincera dor! No entanto, para dizer-te a verdade, foi graças a ti que um dia pudemos respirar tranquilos e dormir em paz!” Coro > Édipo Rei - Sófocles
+ Primeiro Coro de Antígona Muitas são as coisas estranhas, nada, porém, há de mais estranho do que o homem. Parte sobre as espumas da préia-mar no meio da tempestade do inverno sulino e cruza as montanhas de vagas, que abrem abismos de raiva. Extenua a infatigabilidade indestrutível da mais sublime das deusas, a Terra, revolvendo-a ano após ano, arrastando com cavalos para lá e para cá os arados. Sempre astuto, o homem enreda o bando dos pássaros em revoada e caça os animais da selva e os agitados moradores do mar. Com astúcia domina o animal, que pernoita e anda pelos montes, subjuga o dorso de ásperas crinas do corsel e põe o jugo das cangas de madeiras ao touro não domesticado. A si mesmo encontrou tanto no soar da palavra e na compreensão, que, com a rapidez do vento, tudo abarca, como no denodo, com que domina as cidades. Igualmente pensou, como escapar aos dardos do clima bem como às inclemências do frio. Pondo-se a caminho em toda parte, desprovido de experiência e em aporia, chega ele ao Nada. A morte é a única agressão, de que não se pode defender por nenhuma fuga, embora consiga esquivar-se habilmente às penas da enfermidade. Garboso muito embora, porque domina, mais do que o esperado, a habilidade inventiva, cai muitas vezes até na perversidade, outras saem-lhe bem nobres empresas. Por entre as leis da terra e con-juntura ex-conjurada pelos deuses anda ele. Ao sobrepujar o lugar, o perde, a audácia o faz favorecer o não-ser contra o ser. Aquele, que põe isso em obras, não se torne familiar de min há lareira Nem tão pouco o meu saber compartilhe comigo o seu desvairar-se. (Primeiro Coro de Antígona, peça teatral de autoria de Sófocles (v.332-275) IN: HEIDEGGER, Martin. Introdução à Metafísica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p.170-171) - Sófocles
+ O poder ameaçado: Édipo: “Falas como quem se dispõe a não obedecer?” Creonte: “Sim, porque vejo que não estás deliberando com discernimento”. Édipo: “Só eu sei o que me convém fazer, no meu interesse”. Creonte: “Mas, nesse caso, também o meu interesse deve ser atendido!” Édipo: “Seja como for, eu devo ser obedecido!” Creonte: “Não, se ordenares o que não for justo!” (Édipo Rei) - Sófocles