Frases de Thomas Merton

+ Linguagem esponsal "Deus, nosso Criador e Salvador, deu-nos uma linguagem em que Ele pode ser anunciado, pois a fé nos vem pelo ouvido, e as nossas línguas são as chaves que abrem o céu aos outros. Mas, quando o Senhor vem como um Esposo, nada fica por dizer, exceto que Ele vem e que devemos ir ao seu encontro. Saiamos, então, a encontrá-Lo na solidão. Aí nos comunicamos com Ele só, sem palavras, sem pensamentos discursivos, no silêncio de todo o nosso ser." Homem algum é uma ilha, Thomas Merton (Editora Agir), 1968, pág.206 - Thomas Merton

+ Irrealidade "Não há, na vida espiritual, desastre que se compare ao de se ver imerso na irrealidade, pois a vida se mantém e é em nós nutrida por nossa relação vital com as realidades que se encontram fora e acima de nós. Quando nossa vida se nutre de irrealidade, morremos de fome. Não há maior desgraça do que confundir essa morte estéril com a verdadeira e frutuosa “morte”, pela qual entramos na vida." Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Vozes, 2001), pág. 17 - Thomas Merton

+ "Gandhi tinha o maior respeito pelo cristianismo, por Cristo e pelo Evangelho. Seguindo seu caminho da satyagraha* acreditava seguir a Lei de Cristo. Seria difícil provar estar ele inteiramente enganado nessa crença ou que fosse ele, em qualquer grau, insincero. Uma das grandes lições da vida de Ghandi é a seguinte: Ele, um indiano, descobriu, através das tradições espirituais do Ocidente, sua herança indiana e, com ela, seu reto pensar. Ora, na fidelidade à sua própria herança e ao seu sadio equilíbrio, pôde apontar aos homens do Ocidente e de todo o mundo um meio de recuperar o reto pensar dentro de sua própria tradição, manifestando, assim, o fato de que existem certos valores essenciais e indiscutíveis – religiosos, éticos, ascéticos, espirituais e filosóficos – sempre necessários ao homem e que, no passado, conseguiu ele adquirir. Valores sem os quais não pode viver, valores atualmente em grande escala por ele perdidos, de modo que, sem preparação para enfrentar a vida de maneira plenamente humana, corre agora o risco de destruir-se completamente. Esses valores podem ser denominados “religião natural” ou “lei natural”, seja como for, o cristianismo admite sua existência, pelo menos como preâmbulos à fé e à graça, se não, por vezes, muito mais que isso (Rm 2, 14-15; At 17, 22-31). Esses valores são universais e é difícil ver-se como possa haver alguma “catolicidade” (cath-holos significa “tudo abranger”) que, mesmo implicitamente, os exclua. Uma das marcas da catolicidade é precisamente a de que valores em toda parte naturais ao homem se realizem, no mais elevado nível, na Lei do Espírito e na caridade cristã. Uma 'caridade' que exclui esses valores não pode reivindicar para si o título de amor cristão." (*Uma palavra fabricada por Gandhi. Sua raiz significa “apegar-se à verdade”) - Thomas Merton

+ Fazer parte da espécie humana é um destino glorioso, mesmo se nossa espécie se dedica a muitos absurdos e comete muitos erros terríveis: apesar de tudo isso, o próprio Deus gloriou-se de vir a fazer parte da espécie humana. Parte da espécie humana! E pensar que essa percepção, que é um lugar comum, pode subitamente parecer uma notícia de que você é o detentor do bilhete que ganhou o primeiro prêmio na loteria cósmica. Reflexões de um espectador culpado, Thomas Merton - Thomas Merton

+ Essa é a razão para escolher o silêncio. - Thomas Merton

+ Encontramos Deus em nosso próprio ser, que é o espelho de Deus. - Thomas Merton

+ Em suma, pode acontecer (ou não) que o que Deus pede de mim me faça parecer menos perfeito aos olhos de outros, e que isso poderá me privar de seu apoio, afeto ou respeito. Portanto, santificar-me pode significar a angústia de parecer um pecador, um pária, e, num sentido real, “sê-lo”. Isto pode significar um aparente conflito com certos critérios talvez mal compreendidos por mim, por outros ou por todos nós. - Thomas Merton

+ Deus deixou no mundo o pecado, para que fosse possível o perdão; não somente esse perdão secreto pelo qual Deus nos purifica a alma, mas também o perdão manifesto pelo qual exercemos uns com os outros a misericórdia, dando com isso expressão ao fato de que Deus vive, por sua misericórdia, nos nossos corações." - Thomas Merton

+ Contemplação é uma profunda ressonância no mais íntimo centro de nosso espírito, onde nossa própria vida perde sua voz específica e ecoa a majestade e misericórdia daquele que é oculto, mas vivo dentro de nós, o Senhor Deus. - Thomas Merton

+ bscuridade e sinceridade costumam caminhar juntas na vida espiritual. O 'contemplativo disfarçado' é justamente aquele cuja contemplação não é mais oculta a ninguém do que a si próprio. Isso pode parecer uma contradição em termos. No entanto, o fato de que a graça da contemplação é mais segura e mais eficaz quando já não é buscada, querida ou desejada é uma estranha e profunda verdade.” - Thomas Merton

+ AUTOCONQUISTA "a verdadeira autoconquista é a conquista de nós mesmos, não por nós, mas pelo Espírito Santo. A conquista de si próprio é, na realidade, a entrega de si próprio. Todavia, antes de podermos entregar-nos, é necessário tornarmo-nos nós mesmos. Pois ninguém pode entregar o que não possui. Digamos com maior precisão - temos de ter bastante domínio sobre nós mesmos para renunciar à nossa vida nas mão de Cristo - de maneira que ele possa conquistar aquilo que, por nossos próprios esforços, não podemos alcançar. Para conseguir o domínio de nós mesmos, temos que estar de posse de um certo grau de confiança, de esperança na vitória. E, para manter essa esperança viva, devemos, geralmente, ter saboreado a vitória. Temos de saber o que é a vitória e preferi-la à derrota." Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 26 ma vida puramente mental pode ser causa de ruína, se nos leva a substituir a vida pelo pensamento e as ações pelas ideias" Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes),7ª Ed. 2001. pág. 26 - Thomas Merton

+ Até quando hei de aturar-vos? 21 de maio de 1940 Nova York Dizem que enquanto os alemães estavam profanando uma igreja, em certa localidade da Polônia, um sargento alemão, enfunado pelo espetáculo excitante, plantou-se diante do altar e berrou: se acaso Deus existe, prove Sua existência liquidando, ali mesmo, um sujeito tão arrogante, importante e tremendo como era ele. Deus não o liquidou. O sujeito saiu dali muito agitado e sentindo-se provavelmente o homem mais infeliz do mundo: Deus não tinha agido como um Nazista. Deus não era de fato Nazista e a Justiça de Deus (que todo o mundo conhece obscuramente, no fundo da alma, por mais que não consiga exprimi-la) é substancialmente diversa da brutal e sanguissedenta vingança dos Nazistas. Deus de acordo com a Sua impenetrável Vontade, liquida, de vez em quando, um louco dessa espécie. Mas quem foi morto na crucifixão de Cristo? A Paixão e a Ressureição de Cristo são maiores do que todo milagre que possamos imaginar. A transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo é muito mais milagrosa do que a execução, por Deus, daquele que comete um sacrilégio contra o Santíssimo Sacramento. É qualquer coisa de muito maior, de mais aterrorizador que Cristo, no Sacramento, se deixe submeter a um sacrilégio. Ninguém foi fulminado no Calvário. Os céus se abriram, rasgou-se o véu do templo e a terra estremeceu. Tudo, porém para os homens de pouca fé. E quem de nós não pertence a este número? Quem foi, entretanto, o fulminado? Os Fariseus? Foi um raio que fulminou Judas ou foi ele que se enforcou a si mesmo? O fato mais terrível que ocorreu no Calvário não foi a terra ter estremecido até seus fundamentos, e sim aquele grito do Filho de Deus: 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?' - Thomas Merton

+ Assim como uma lente concentra os raios do sol num pequenino foco de calor que pode atear fogo a uma folha seca ou a um pedaço de papel, assim o mistério de Cristo no Evangelho concentra os raios da luz de Deus e seu fogo num ponto que inflama o espírito do homem. - Thomas Merton

+ A verdadeira finalidade do ascetismo cristão, portanto, não é libertar a alma dos desejos e das necessidades do corpo, e sim colocar o homem todo numa completa submissão à vontade de Deus expressa nas exigências concretas da vida em toda a sua realidade existencial. Uma espiritualidade que apenas encerre o homem no isolamento de sua própria vontade e de seu próprio ego, fora do alcance de todas as exigências da carne, da história e do tempo, seria não só vã, mas também serviria, talvez, para confirmá-lo no mal daquela autonomia espúria que é surda ao apelo da salvação e da obediência proclamado no Kérygma do Evangelho.” [a proclamação, o anúncio e a pregação do Reino, por Cristo, nos Evangelhos.)] - Thomas Merton

+ A única coisa a procurar na oração contemplativa é Deus, e o procuramos com êxito quando compreendemos que não o podemos encontrar se ele não se manifestar a nós e que, no entanto, ele não nos inspiraria buscá-lo se não o houvéssemos já encontrado. Na liberdade da solidão, Thomas Merton - Thomas Merton

+ A oração é inspirada por Deus nas profundezas do nosso nada. Ela é o movimento de confiança, gratidão, adoração, ou pesar, que nos coloca diante de Deus, vendo tanto a Ele como a nós mesmos à luz da sua verdade infinita, e nos move a pedir-Lhe a misericórdia, a força espiritual, o auxílio material de que todos precisamos." - Thomas Merton

+ A nossa miséria Se soubermos como é grande o amor de Jesus por nós, nunca teremos medo de ir a Ele em toda a nossa pobreza, toda a nossa fraqueza, toda a nossa indigência espiritual e fragilidade. De fato, quando compreendermos o verdadeiro sentido de seu amor por nós, haveremos de preferir vir a Ele pobres e necessitados. Nunca nos envergonharemos de nossa miséria. A miséria é para nós vantagem quando de nada precisamos a não ser de misericórdia. Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 31 - Thomas Merton

+ A finalidade da Quaresma não é só expiação para satisfazer a justiça divina; é, sobretudo, uma preparação para nos alegrarmos em seu amor. E essa preparação consiste em receber o dom de sua misericórdia — dom que recebemos na medida em que lhe abrimos nosso coração, lançando fora o que não pode permanecer juntamente com a misericórdia. - Thomas Merton

+ A alienação é completa quando me identifico completamente com minha máscara (...).O homem que transpira sob sua máscara, cujo papel lhe dá irritações desconfortáveis e que odeia essa sua divisão, já começou a ser livre. Mas que Deus o ajude se ele apenas deseja a máscara de outro homem, só porque este não parece estar suando ou sentindo coceiras. Talvez ele não seja mais suficientemente humano para sentir coceiras. (Ou então paga um psiquiatra que o coça.) - Thomas Merton

+ ⁠"Um santo não é alguém bom, mas alguém que experimenta a bondade de Deus" - Thomas Merton

+ "Tradicionalmente, o evangelho de João é chamado o “Evangelho dos Contemplativos”. O símbolo do Evange­lista é a águia, a única criatura capaz de olhar di­retamente para o sol sem precisar desviar o rosto ou ficar obcecada por seu es­plendor excessivo. Foi este Evangelho que, mais que qualquer outro livro, me trouxe para a Igreja Católica; foi por amor dele que escolhi o nome de João como meu nome batismal. Levei muitos anos antes de conseguir compreender como alguém poderia ter outro evangelho predileto a não ser o de João". - Thomas Merton

+ ⁠O amor é o nosso verdadeiro destino. Não encontramos o sentido da vida sozinhos, e sim com outro. - Thomas Merton

+ A felicidade não é uma questão de intensidade, mas de equilíbrio, ordem, ritmo e harmonia. - Thomas Merton