Frases de Vinicius De Moraes
+ Que o amor seja eterno enquanto dure. - Vinicius De Moraes
+ Deve Ser Amor Sim, sinceramente, amor Eu não sei o que se passa em mim É assim como uma dor Mas que dói sem ser ruim Sim, é ter no coração Sempre uma canção É tão embriagador Deve ser, sim Deve ser amor Samba, samba diferente Isto é estar contente Gosto de chorar, de chorar, de chorar Samba, ritmo envolvente Como o amor da gente Samba em chá-chá-chá Chá-chá-chá Chá-chá-chá - Vinicius De Moraes
+ Serei delicado. Sou muito delicado. Morro de delicadeza. - Vinicius De Moraes
+ Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos… - Vinicius De Moraes
+ Se foi pra desfazer, por que é que fez? Mas não tem nada, não. Tenho o meu violão. - Vinicius De Moraes
+ Suavemente Maio se insinua Por entre os véus de Abril, o mês cruel E lava o ar de anil, alegra a rua Alumbra os astros e aproxima o céu. Até a lua, a casta e branca lua Esquecido o pudor, baixa o dossel E em seu leito de plumas fica nua A destilar seu luminoso mel. Raia a aurora tão tímida e tão fragil Que através do seu corpo transparente Dir-se-ia poder-se ver o rosto Carregado de inveja e de presságio Dos irmãos Junho e Julho, friamente Preparando as catástrofes de Agosto... - Vinicius De Moraes
+ Mensagem à poesia Não posso Não é possível Digam-lhe que é totalmente impossível Agora não pode ser É impossível Não posso. Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro. Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo. Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso. Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça. Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada A terrível participação, e que possivelmente Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora. Se ela não compreender, oh procurem convencê-la Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações Há fantasmas que me visitam de noite E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza No amanhã Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale Por um momento, que não me chame Porque não posso ir Não posso ir Não posso. Mas não a traí. Em meu coração Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa Envergonhá-la. A minha ausência. É também um sortilégio Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-la Num mundo em paz. Minha paixão de homem Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha Loucura resta comigo. Talvez eu deva Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr Livre e nua nas praias e nos céus E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse O meu martírio; que às vezes Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas Forças da tragédia abatem-se sobre mim, e me impelem para a treva Mas que eu devo resistir, que é preciso... Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho A quem foi dado se perder de amor pelo direito De todos terem um pequena casa, um jardim de frente E uma menininha de vermelho; e se perdendo Ser-lhe doce perder-se... Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora É mais forte do que eu, não posso ir Não é possível Me é totalmente impossível Não pode ser não É impossível Não posso. - Vinicius De Moraes
+ É melhor se sofrer junto que viver feliz sozinho. - Vinicius De Moraes
+ Distante o meu amor, se me afigura O amor como um patético tormento Pensar nele é morrer de desventura Não pensar é matar meu pensamento. Seu mais doce desejo se amargura Todo o instante perdido é um sofrimento Cada beijo lembrado uma tortura Um ciúme do próprio ciumento. E vivemos partindo, ela de mim E eu dela, enquanto breves vão-se os anos Para a grande partida que há no fim De toda a vida e todo o amor humanos: Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo Que se um fica o outro parte a redimi-lo. - Vinicius De Moraes
+ Ai, a lua que no céu surgiu Não é a mesma que te viu Nascer dos braços meus Cai a noite sobre o nosso amor E agora só restou do amor Uma palavra: adeus - Vinicius De Moraes
+ A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor. - Vinicius De Moraes
+ "Vai, minha tristeza E diz a ela que sem ela não pode ser Diz-lhe numa prece que ela regresse Poque não posso mais sofrer." - Vinicius De Moraes
+ E ao me sentir ausente Me busque novamente - e se deixes a dormir Quando, pacificado, eu tiver de partir. - Vinicius De Moraes
+ Pergunte pro seu Orixá, amor só é bom se doer. - Vinicius De Moraes
+ O dinheiro de quem não dá é o trabalho de quem não tem. - Vinicius De Moraes
+ O destino dos homens é a liberdade. - Vinicius De Moraes
+ Vire essa folha do livro e se esqueça de mim Finja que o amor acabou e se esqueça de mim Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz E que ter medo de amar não faz ninguém feliz Agora vá sua vida como você quer Porém, não se surpreenda se uma outra mulher Nascer de mim, como do deserto uma flor E compreender que o ciúme é o perfume do amor - Vinicius De Moraes
+ Tarde Na hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas Meu espírito te sentiu Ele te sentiu imensamente triste Imensamente sem Deus Na tragédia da carne desfeita. Ele te quis, hora sem tempo Porque tu era a sua imagem ,sem Deus e sem tempo. Ele te amou E te plasmou na visão da manhã e do dia Na visão de todas as horas... Ó hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas - Vinicius De Moraes
+ São demais os perigos desta vida. Para quem tem paixão, principalmente. - Vinicius De Moraes
+ Não há nada sem separação. - Vinicius De Moraes
+ É melhor ser alegre que ser triste Alegria é a melhor coisa que existe É assim como a luz no coração - Vinicius De Moraes
+ Aula de piano Depois do almoço na sala vazia A mãe subia pra se recostar E no passado que a sala escondia A menininha ficava a esperar O professor de piano chegava E começava uma nova lição E a menininha, tão bonitinha Enchia a casa feito um clarim Abria o peito, mandava brasa E solfejava assim: Ai, ai, ai Lá, sol, fá, mi, ré Tira a não daí Dó, dó, ré, dó, si Aqui não dá pé Mi, mi, fá, mi, ré E agora o sol, fá Pra lição acabar Diz o refrão quem não chora não mama Veio o sucesso e a consagração Que finalmente deitaram na fama Tendo atingido a total perfeição Nunca se viu tanta variedade A quatro mãos em concertos de amor Mas na verdade tinham saudade De quando ele era seu professor E quando ela, menina e bela Abria o berrador Ai, ai, ai, Lá, sol, fá, mi, ré - Vinicius De Moraes
+ A vida só se dá pra quem se deu. Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu. - Vinicius De Moraes
+ Soneto do amor demais Não, já não amo mais os passarinhos A quem, triste, contei tanto segredo Nem amo as flores despertadas cedo Pelo vento orvalhado dos caminhos. Não amo mais as sombras do arvoredo Em seu suave entardecer de ninhos Nem amo receber outros carinhos E até de amar a vida tenho medo. Tenho medo de amar o que de cada Coisa que der resulte empobrecida A paixão do que se der à coisa amada E que não sofra por desmerecida Aquela que me deu tudo na vida E que de mim só quer amor - mais nada. Vinicius de Moraes - Vinicius De Moraes
+ Soneto de Intimidade Nas tardes de fazenda há muito azul demais. Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora Mastigando um capim, o peito nu de fora No pijama irreal de há três anos atrás. Desço o rio no vau dos pequenos canais Para ir beber na fonte a água fria e sonora E se encontro no mato o rubro de uma amora Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais. Fico ali respirando o cheiro bom do estrume Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme E quando por acaso uma mijada ferve Seguida de um olhar não sem malícia e verve Nós todos, animais, sem comoção nenhuma Mijamos em comum numa festa de espuma. - Vinicius De Moraes