Áspero amor, violeta coroada de espinhos, cipoal entre tantas paixões eriçado, lança das dores, corola da cólera, por que caminhos e como te dirigiste a minha alma?

Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente, entre as folhas frias de meu caminho? Quem te ensinou os passos que até mim te levaram? Que flor, que pedra, que fumaça mostraram minha morada?

O certo é que tremeu a noite pavorosa, a aurora encheu todas as taças com seu vinho e o sol estabeleceu sua presença celeste,

enquanto o cruel amor sem trégua me cercava, até que lacerando-me com espadas e espinhos abriu no coração um caminho queimante.


Pablo Neruda

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+ A Dança/ Soneto XVII Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo: amo-te como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma. Te amo como a planta que não floresce e leva dentro de si, oculta a luz daquelas flores, e graças a teu amor vive escuro em meu corpo o apertado aroma que ascendeu da terra. Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira, senão assim deste modo em que não sou nem és tão perto que tua mão sobre meu peito é minha tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho. - Pablo Neruda

+ Saberás que não te amo e que te amo posto que de dois modos é a vida, a palavra é uma asa do silêncio, o fogo tem uma metade de frio. Eu te amo para começar a amar-te, para recomeçar o infinito e para não deixar de amar-te nunca: por isso não te amo ainda. Te amo e não te amo como se tivesse em minhas mãos as chaves da fortuna e um incerto destino desafortunado. Meu amor tem duas vidas para amar-te. Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo. - Pablo Neruda

+ Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos, já não se adoçará junto a ti a minha dor. Mas para onde vá levarei o teu olhar e para onde caminhes levarás a minha dor. Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos uma curva na rota por onde o amor passou. Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame, daquele que corte na tua chácara o que semeei eu. Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste. Venho dos teus braços. Não sei para onde vou. ...Do teu coração me diz adeus uma criança. E eu lhe digo adeus. - Pablo Neruda

+ Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. - Pablo Neruda

+ E desde então, sou porque tu és E desde então és sou e somos... E por amor Serei... Serás... Seremos... - Pablo Neruda

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