Como se morre de velhice ou de acidente ou de doença, morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo onde o que se sente e se pensa não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça onde se escreve igual sentença para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte sem estímulo ou recompensa onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste sinto a minha própria presença num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice nem de acidente nem de doença, mas, Senhor, só de indiferença.)