Desalento

Às vezes oiço rir, é ’ma agonia Queima-me a alma como estranha brasa Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia Que me põe n’alma o fogo que m’abrasa!

Tenho sede d’amar a humanidade… Eu ando embriagada… entontecida… O roxo de maus lábios é saudade Duns beijos que me deram n’outra vida!

Ei não gosto do Sol, eu tenho medo Que me vejam nos olhos o segredo Que só saber chorar, de ser assim…

Gosto da noite, imensa, triste, preta, Como esta estranha e doida borboleta Que eu sinto sempre a voltejar em mim!


Florbela Espanca

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+ Sou talvez a visão que alguém sonhou Alguém que veio ao mundo prá me ver E que nunca na vida me encontrou - Florbela Espanca

+ A ironia é a expressão mais perfeita do pensamento. - Florbela Espanca

+ A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente. - Florbela Espanca

+ Nunca fui como todos Nunca tive muitos amigos Nunca fui favorita Nunca fui o que meus pais queriam Nunca tive alguém que amasse Mas tive somente a mim A minha absoluta verdade Meu verdadeiro pensamento O meu conforto nas horas de sofrimento não vivo sozinha porque gosto e sim porque aprendi a ser só... - Florbela Espanca

+ E se um dia hei de ser pó, cinza e nada, que seja minha noite uma alvorada, que eu saiba me perder para me encontrar... - Florbela Espanca

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