E eu era a imagem do que eu não era, e essa imagem do não-ser me acumulava toda: um dos modos mais fortes é ser nagativamente. Como eu não sabia o que era, então “não ser” era a minha maior aproximação da verdade: pelo menos eu tinha o lado avesso: ou pelo menos tinha o “não”, tinha o meu oposto. O meu bem eu não sabia qual era, então vivia com algum pré-favor o que era o meu “mal”. E vivendo meu “mal”, eu vivia o lado avesso daquilo que nem sequer eu conseguiria querer ou tentar.


Clarice Lispector

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+ Vou me acrescentando em folhas. (Água Viva) - Clarice Lispector

+ Vou dormir porque não estou suportando este meu mundo de hoje, cheio de coisas inúteis. - Clarice Lispector

+ Vou tentar explicar, mas explicar não justifica. - Clarice Lispector

+ Vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria." ... - Clarice Lispector

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