Identidade
Matei a lua e o luar difuso. Quero os versos de ferro e de cimento. E em vez de rimas, uso As consonâncias que há no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode A todo o coração que se debate aflito. E luta como sabe e como pode: Dá beleza e sentido a cada grito.
Mas como as inscrições nas penedias Têm maior duração, Gasto as horas e os dias A endurecer a forma da emoção.
Miguel Torga
Outras frases de Miguel Torga
+ O que é bonito neste mundo, e anima, é ver que na vindima de cada sonho fica a cepa a sonhar outra aventura. E que a doçura que não se prova se transfigura noutra doçura muito mais pura e muito mais nova. - Miguel Torga
+ Agora, o remédio é partir discretamente, sem palavras, sem lágrimas, sem gestos. De que servem lamentos e protestos, contra o destino? - Miguel Torga
+ A maior desgraça que pode acontecer a um artista é começar pela literatura, em vez de começar pela vida. - Miguel Torga
+ Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade. - Miguel Torga
+ A vida afectiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo. - Miguel Torga