Mas o problema é que você, meu caro, nunca saberá nem eu lhe poderei nunca dizer como se traduz, em mim, aquilo que você me disse. Não falou turco, não. Eu e você usámos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias? Vazias, meu caro. Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido. Pensámos que nos entendíamos; de facto, não nos entendemos. E conto velho também é o facto de o sabermos. Eu não pretendo dizer nada de novo. Apenas volto a perguntar-lhe:
- Porque continua, então, a proceder como se não o soubesse? Porque continua a falar-me de si se sabe que para ser para mim como é para você mesmo e para eu ser, para si, como sou para mim, seria preciso que eu, dentro de mim, lhe desse a mesma realidade que você dá a si mesmo, e vice-versa, e isso não é possível?
Luigi Pirandello
Outras frases de Luigi Pirandello
+ Abrir-se com alguém, isto sim é realmente coisa de louco! - Luigi Pirandello
+ Não há uma estrada real para a felicidade, mas sim caminhos diferentes. Há quem seja feliz sem coisa nenhuma, enquanto outros são infelizes possuindo tudo. - Luigi Pirandello
+ Tem ideia de quanto mal nos fazemos por essa maldita necessidade de falar? - Luigi Pirandello
+ Frases! Frases! Como se o conforto de todos, diante de um fato que não se explica, diante de um mal que nos consome, não fosse encontrar uma palavra que não diz nada e na qual nos tranquilizamos! - Luigi Pirandello
+ A culpa é dos fatos, meu amigo. Somos todos prisioneiros dos fatos. Eu nasci, logo existo. - Luigi Pirandello