Não Dês Esmola a Santinhos
MOTE
Não dês esmola a santinhos, Se queres ser bom cidadão; Dá antes aos pobrezinhos Uma fatia de pão.
GLOSAS
Não dês, porque a padralhada Pega nas tuas esmolinhas E compra frangos e galinhas Para comer de tomatada; E os santos não provam nada, Nem o cheiro, coitadinhos… Os padres bebem bons vinhos Por taças finas, bonitas… Se elas são p’ra parasitas, Não dês esmola a santinhos.
Missas não mandes dizer, Nem lhes faças mais promessas E nem mandes armar essas Se um dia alguém te morrer. Não dês nada que fazer Ao padre e ao sacristão, A ver para onde eles vão… Trabalhar, não, com certeza. Dá sempre esmola à pobreza Se queres ser bom cidadão.
Tu não vês que aquela gente Chega até a fingir que chora, Afirmando o que ignora, Assim descaradamente!?… Arranjam voz comovente Para jludir os parvinhos E fazem-se muito mansinhos, Que é o seu modo de mamar; Portanto, o que lhe hás-de dar, Dá antes aos pobrezinhos.
Lembra-te o que, à sexta-feira, O sacristão — o mariola! — Diz, quando pede a esmola: «Isto é p’rà ajuda da cera»… Já poucos caem na asneira, Mas em tempos que lá vão, Juntavam grande porção De dinheiro, em prata e cobre, E não davam a um pobre Uma fatia de pão.
Antonio Aleixo
Outras frases de Antonio Aleixo
+ Que feliz destino o meu Desde a hora em que te vi; Julgo até que estou no céu Quando estou ao pé de ti. - Antonio Aleixo
+ Sei que pareço um ladrão... Mas há muitos que eu conheço Que não parecendo o que são, São aquilo que eu pareço. - Antonio Aleixo
+ Que Feliz Destino o MeuMOTE «Que feliz destino o meu Desde a hora em que te vi; Julgo até que estou no céu Quando estou ao pé de ti.» GLOSAS Se Deus te deu, com certeza, Tanta luz, tanta pureza, P'rò meu destino ser teu, Deu-me tudo quanto eu queria E nem tanto eu merecia... Que feliz destino o meu! Às vezes até suponho Que vejo através dum sonho Um mundo onde não vivi. Porque não vivi outrora A vida que vivo agora Desde a hora em que te vi. Sofro enquanto não te veja Ao meu lado na igreja, Envolta num lindo véu. Ver então que te pertenço, Oh! Meu Deus, quando assim penso, Julgo até que 'stou no céu. É no teu olhar tão puro Que vou lendo o meu futuro, Pois o passado esqueci; E fico recompensado Da perda desse passado Quando estou ao pé de ti. - Antonio Aleixo
+ Não Dês Esmola a Santinhos MOTE Não dês esmola a santinhos, Se queres ser bom cidadão; Dá antes aos pobrezinhos Uma fatia de pão. GLOSAS Não dês, porque a padralhada Pega nas tuas esmolinhas E compra frangos e galinhas Para comer de tomatada; E os santos não provam nada, Nem o cheiro, coitadinhos... Os padres bebem bons vinhos Por taças finas, bonitas... Se elas são p'ra parasitas, Não dês esmola a santinhos. Missas não mandes dizer, Nem lhes faças mais promessas E nem mandes armar essas Se um dia alguém te morrer. Não dês nada que fazer Ao padre e ao sacristão, A ver para onde eles vão... Trabalhar, não, com certeza. Dá sempre esmola à pobreza Se queres ser bom cidadão. Tu não vês que aquela gente Chega até a fingir que chora, Afirmando o que ignora, Assim descaradamente!?... Arranjam voz comovente Para jludir os parvinhos E fazem-se muito mansinhos, Que é o seu modo de mamar; Portanto, o que lhe hás-de dar, Dá antes aos pobrezinhos. Lembra-te o que, à sexta-feira, O sacristão — o mariola! — Diz, quando pede a esmola: «Isto é p'rà ajuda da cera»... Já poucos caem na asneira, Mas em tempos que lá vão, Juntavam grande porção De dinheiro, em prata e cobre, E não davam a um pobre Uma fatia de pão. - Antonio Aleixo
+ Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência. - Antonio Aleixo