Não me corte em fatias. Ninguém consegue abraçar um pedaço… Me envolva todo em seus braços e eu serei o perfeito amor.
Myrtes Mathias
Outras frases de Myrtes Mathias
+ Era uma vez, no meio da floresta, três árvores, que conversavam: - Quando eu crescer – dizia a primeira – quero ser transformada no berço de um príncipe, de um herdeiro real. A segunda arvorezinha, pequena aventureira, falou: - Eu quero ser um barco, grande e forte, desses que singram os mares do norte, levando tesouros e riquezas. - E tu – perguntaram à menor delas – nada vais ser? - Oh! estou feliz de ser o que sou! Quero ser sempre árvore, no alto da montanha, apontando para o meu Criador... O tempo passou. Vieram os homens, e levaram a primeira arvorezinha. Mas não fizeram dela nenhum berço trabalhado. Pelo contrário, mãos rudes a cortaram transformando-a numa manjedoura, onde os animais vinham comer. E, ao ver-se ali, no fundo da estrebaria, a pobre árvore gemia: - Ai de mim! tantos sonhos transformados num simples tabuleiro de capim! Mas, lá do Alto, uma voz chegou: - Espera e verás o que tenho preparado para ti. E foi assim que, numa bela noite de verão, na estrebaria, uma luz brilhou, quando alguém, se curvando sobre a manjedoura, nela colocou um neném envolto em faixas e paninhos. Oh! era tão jovem a mãe, tão lindo o pequenino, que, se lágrimas tivesse, teria chorado de emoção! Principalmente, quando ouviu os anjos e compreendeu: - Que lindo destino o meu! Em mim dorme mais que um príncipe, mais que um rei – o meu Deus! O tempo passou, passou... Da segunda árvore a vez chegou. Levaram-na para os lados do mar. Mas, oh! decepção! Nada de grande navio, nem mesmo um barco de recreio. Simplesmente, humilhantemente, um barco de pescar. - Ai de mim! Que foi feito dos grandes sonhos meus? Viagens, tesouros, alto-mar? - Espera e verás o que tenho para ti – a árvore pareceu ouvir, enquanto na praia alguém acenava, pedindo para ser transportado. Que olhar sublime! Que poder na voz, ao ordenar: - Pedro, lança outra vez a tua rede ao mar! A pesca maravilhosa aconteceu, e o barquinho estremeceu: Que maior tesouro poderia transportar que o Soberano do céu, o Senhor de toda a terra, o próprio Dono do mar? Mas, eis que chega a vez da última arvorezinha, aquela que desejara apenas ser árvore apontando para Deus. Havia um prenúncio de tragédia, já na face daqueles que a foram procurar. Eram homens taciturnos, revoltados, que a desbarataram apressadamente, como se o trabalho lhes causasse horror. Levaram-na para a cidade, cortaram-na em duas partes, que negros pregos uniram, dando a forma de uma cruz. - Deus do céu! Que aconteceu comigo? Eu, que desejei apenas ser um marco amigo, apontando o teu céu de luz? Por que me transformaram nesta cruz? Mas o consolo chegou também ali: - Espera e verás o que tenho preparado para ti. Vieram os soldados, levantaram a cruz, e a puseram sobre os ombros de um homem coroado. Só que a coroa que ele trazia, não era de ouro nem de pedrarias: era de espinhos! Uma horrível coroa, que fazia cair pelos caminhos o sangue daquele estranho condenado, que não blasfemava, não fugia, cuja face macerada refulgia, mesmo sob o sangue e o suor! Mas havia uma dor maior naquela face, mais profunda que a dos espinhos, da carne rasgada pelos açoites, do peso que fazia tropeçar. Dor maior, jamais contemplada, atravessou a cidade, subiu o monte Calvário, foi levantada na cruz. Dor antiga, antes do início do mundo, erro de todos os homens, miséria de toda a terra, ausência do próprio Deus. Uma dor só entendida quando o sublime condenado, erguendo os olhos ao céu e, como quem rasga a alma, num grande brado, indagou: - “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” E a resposta chegou, na terra, que escureceu, nos mortos, que ressurgiram, no véu do templo rasgado, na exclamação do soldado: “...este era o Filho de Deus!” Naquele instante de treva, do silêncio mais profundo, para a árvore fez-se luz. Ali estava seu sonho para sempre eternizado: para perdão dos pecados, a partir daquele instante, os homens se voltariam, como único recurso, sempre, sempre, para a cruz. E assim entrou para a história, com a sorte bela, inglória, que dupla missão encerra: aos homens aponta o céu, a Deus lembra a dor da terra... Assim eu, também, Senhor, gostaria de saber: Por que foi que vim aqui? Para dócil obedecer o que traçaste pra mim? Mas, seja qual for meu destino – berço, barco, triste cruz – dá-me a graça, Jesus, de em tudo compreender que o importante é teu Plano, a mim cumpre obedecer. Seja berço do Menino, todo hosana, graça e luz; barco para teus milagres, seja a vergonha da cruz, o que importa é teu reino, a tua glória, Jesus! - Myrtes Mathias
+ Amor é síntese Por favor, não me analise Não fique procurando cada ponto fraco meu Se ninguém resiste a uma análise profunda, quanto mais eu! Ciumenta, exigente, insegura, carente toda cheia de marcas que a vida deixou: Veja em cada exigência um grito de carência, um pedido de amor! Amor, amor é síntese, uma integração de dados: não há que tirar nem pôr. Não me corte em fatias, (ninguém abraça um pedaço), me envolva todo em seus braços E eu serei perfeita, amor! - Myrtes Mathias
+ A ESTRELA AZUL Era uma vez uma estrelinha muito prosa, toda orgulhosa, no céu instalada; até que um dia, talvez por castigo, um astro, fingindo-se amigo, roubou-lhe uma ponta dourada. Cheia de revolta, batendo as mãozinhas, ‘’pelo desaforo! (dizia a chorar) uma estrela que perde uma ponta não é mais estrela, não vou mais brilhar.’’ E a pobre estrelinha, assim mutilada, tornou-se problema na constelação; antipática, só pensando em si, como se o mundo desabasse ali ao peso de sua humilhação. ‘’Ninguém gosta de mim (gemia a pobre), só porque perdi minha ponta dourada.’’ E, enxugando uma lágrima comprida, a estrelinha, infeliz da vida, tornou-se resmungona e mal-educada. Oh! Era uma catástrofe no universo, uma tristeza na constelação! Tudo foi tentado, nenhum resultado, até chegar a estrela da Conformação. Esta velha estrela era mui sensata e à estrelinha ela aconselhou: – Ainda és estrela, pois tens quatro pontas, torna bem brilhantes as que Deus te deixou. E a estrelinha pôs-se a trabalhar ingentemente, em busca de luz; só pensando em ser útil e bela (que este é o destino de uma estrela). Ela esqueceu a sua própria cruz. E nem notou que sua cor mudara para um azul brilhante e sem igual: uma cor linda, cheia de esperança, alegre como um riso de criança, bela como uma estrela de Natal. E a estrelinha que fora problema, drama, tragédia na constelação, passou a ser motivo de alegria, uma bênção de Deus em cada coração. - Myrtes Mathias
+ AMOR, AMOR... “porque Deus amou de tal maneira...” Eu queria cantar aquele Amor sublime, como nem no céu existem dois iguais: amor Primeiro, sem reciprocidade, sem princípio, sem fim – Eternidade. Amor, Próprio Amor – amor demais. Amor que venceu o tempo e o espaço para chegar até meu coração. Amor escrevendo um poema de glória, traço de luz atravessando a História: Deus se humanizando – minha salvação. Amor que usou milhares de caminhos, homens, mulheres, povos e impérios, até tornar-se Única Esperança, prisioneiro num corpo de criança: maior quando desce – Mistério dos mistérios. Amor que transcende, supremo, absoluto, que a Si mesmo chama “de maneira tal” além de toda compreensão humana, que nos eleva, a Deus nos irmana na noite linda a santa de Natal. Como cantar este maior milagre, se a terra silencia para ouvir o céu? Diante do Grande feito Pequenino a própria alma se transforma em hino: – Tudo é amor, sublime amor, Jesus nasceu! - Myrtes Mathias
+ Escreve em Mim Senhor, aqui está minha vida, não como um documento já preparado à espera da Tua rubrica. Apenas uma folha de papel em branco a ser preenchida com a vontade Tua, com os planos Teus. Por favor, Senhor, pensa em minha insuficiência, considera minha dificuldade de compreender e escreve com tintas vivas, nítidas, de tal maneira que me seja impossível confundir ou duvidar. Quero sair agora, ainda hoje, se possível for, a mostrar ao mundo o que escreveste em mim, a provar aos homens que Tu és o Autor. Que a mais simples criança possa ler-te em mim e que o mais sábio dos homens possa reconhecer em cada gesto meu o traçado dos eternos dedos Teus. Diante desse mundo que se desintegra, desta sociedade que exige cada vez mais, quem sou eu para escrever primeiro e pedir depois a Tua aprovação? Estende a mão que gravou no Sinai a Santa Lei, que escreveu na areia uma mensagem até hoje desconhecida e, para o bem do mundo, para glória Tua, para paz de minha alma, escreve na folha em branco de papel que eu sou, a palavra que és Tu mesmo: AMOR! - Myrtes Mathias